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UM DIÁRIO INTERNACIONAL | Acompanhe a cobertura especial da paralisação nacional na Argentina através do Esquerda Diário

Os piquetes de operários e estudantes que se constituem como aspecto ativo das paralisações nacionais contra o governo de Cristina Kirchner já se transformam em uma tradição na Argentina. Para construir essa tradição, cumpriram um papel chave os operários do Partido de Trabalhadores Socialista (PTS), que é um dos principais impulsionadores do Esquerda Diário como uma imprensa latino-americana que agora se expande também em língua francesa e em inglês.

terça-feira 9 de junho de 2015 | 09:35

Está terça-feira, 9 de junho, se realiza a quinta paralisação nacional contra o governo kirchnerista, convocada pela burocracia sindical opositora ao governo. O protesto se dá contra o chamado “imposto ao salário”, taxação que o governo desconta do vencimento dos trabalhadores. Dito imposto abate 30% dos rendimentos acima de 15 mil pesos (que no Brasil seria equivalente a 5 mil reais), atingindo cerca de 10 a 15% dos assalariados.

Parando os principais sindicatos de transportes do país, as cúpulas sindicais buscaram construir uma paralisação “domingueira”, na qual os trabalhadores ficassem em suas casas. Entretanto, o sindicalismo combativo e as organizações da esquerda realizam piquetes com operários e estudantes, que cortam as principais rodovias de acesso a Buenos Aires e outros centros metropolitanos do país, dando visibilidade nacional para uma voz independente da burocracia sindical. Com a participação dos deputados da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores nos piquetes, os quais ajudam a dar visibilidade nacional às demandas e aos métodos de luta dos trabalhadores combativos, os milhões de trabalhadores que aderem à paralisação podem ver a atuação de uma esquerda que busca organizar os trabalhadores através de assembleias de base, levanta um programa que responde às demandas dos setores mais precários da classe trabalhadora relegados pelos burocratas sindicais e defende a continuidade das medidas de luta.

Os piquetes de operários e estudantes que se constituem como aspecto ativo das paralisações nacionais contra o governo de Cristina Kirchner já se transformam em uma tradição na Argentina. Para construir essa tradição, cumpriram um papel chave os operários do Partido de Trabalhadores Socialista (PTS), que é um dos principais impulsionadores do Esquerda Diário como uma imprensa latino-americana que agora se expande também em língua francesa e em inglês.

Junto com as comissões internas e delegados de várias fábricas e serviços estratégicos, desde as 5 horas da manhã o PTS corta a Rodovia Panamericana, que funciona como uma espécie de “Marginal Tietê” para o país vizinho. Essa rodovia atravessa a chamada “Zona Norte” de Buenos Aires, conhecida como o “coração industrial” do país, equivalente ao que seria o ABC paulista no Brasil.

O piquete da Panamericana está encabeçado pelos trabalhadores de Worldcolor, que enfrentam um fechamento fraudulento da fábrica com 280 demissões; de Donnelley, que em 2014 tiveram a fábrica abandonada pelo patrão e hoje a têm produzindo sob controle dos trabalhadores; e da autopeças multinacional Lear, que durante todo o segundo semestre lutaram contra mais de 200 demissões, numa batalha que ficou conhecida em todo país.

Javier "Poke" Hermosilla, delegado de Kraft-Foods, declarou ao Esquerda Diário que fazem um “corte na Panamericana, junto aos trabalhadores de Donnelley, de Worldcolor, Lear, Kraft, Pepsico, Cadbury (Kraft Victoria), Printpack, Siderca, outras fábricas da zona norte e os aeronáuticos de Capital atualmente em conflito".

Rubén Matu, delegado de Lear, declarou para o Esquerda Diário que "neste corte estão os trabalhadores das principais lutas em curso, que queremos que se expressem justamente por isso. Os trabalhadores de Donnelley estão lutando pela expropiação da fábrica, em WorldColor contra 280 demissões que a patronal quer impor, deixando outra vez famílias na rua, em Lear contra os bate-baus do SMATA [Sindicato metalúrgico] que atacaram e feriram ao trabalhador reincorporado Damián González, na Alimentação lutamos contra o arrocho salarial, e estamos com os e as professoras que têm que lutar todos os meses para poder receber seu salário que o governo deixa de pagar. Fazemos este corte para levantar uma voz independente das direções burocráticas que convocam a paralisação. Para lutar contra o imposto ao salário que o governo impõe, mas também contra o arrocho salarial, a precarização do trabalho e pelos direito das mulheres".

O deputado federal do PTS pela Frente de Esquerda e dos Trabalhadores, Nicolás del Caño, desde o piquete da Panamericana, disse ao Esquerda Diário que “estamos acompanhando a todos os trabalhadores combativos da zona norte, que lutam por suas fontes de trabalho. Como em outras paralisações, aqui estão defendendo para conjunto das demandas dos trabalhadores. Não somente o tema do imposto ao salário, mas também a efetivação dos terceirizados nas empresas que trabalham, o fim da precarização trabalhista, um salário mínimo digno, nenhuma demissão e outras reivindicações. Vamos acompanhar todos os piquetes em que os setores em luta defendem suas demandas de forma independente das burocracia sindicais oficialistas e opositoras ao governo, como as que convocam esta paralisação com o interesse político de desgastar o governo em prol de apoiar alguma outra variante patronal".

O deputado estadual do PTS na Frente de Esquerda, Christian Castillo, presente no piquete da Ponte Pueyrredon, que liga Buenos Aires a todo o sul do país, disse ao Esquerda Diário que "Sobram motivos para a luta porque temos 34% de trabalhadores informais, porque o setor que gana um pouco mais é descontado pelo imposto ao salários. Este governo, que não atente às demandas dos trabalhadores, não toca o bolso dos empresários, que tiver lucros altíssimos, como o setor bancário com 56% ou ramos inteiros de produção cujos balanços na bolsa de comércio mostram um aumento da rentabilidade em 100%. Estamos junto aos setores combativos e lutadores da classe operária, como o fazemos sempre a partir do PTS, diferenciando-nos em primeiro lugar dos setores da burocracia sindical submissa do governo que chamam a não parar e que têm imposto tetos extremamente baixos aos aumentos salariais; mas também dos que convocam, dado que nossa participação é com o lema ‘golpear juntos, marchar separados’, ou seja com bandeiras independentes dos setores combativos que são os que estamos acompanhando aqui".

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