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Segundo IBGE | Abismo salarial escancara racismo no país: brancos ganham 73,3% a mais que negros em 2020

Pesquisa do IBGE mostra abismo salarial entre brancos e negros no país. Em 2020, a população branca ganhou, em média, um salário 73,3% a mais que a população negra. Divisão entre homens e mulheres também é absurda.

sexta-feira 3 de dezembro de 2021 | Edição do dia

Foto: Veetmano Prem/Fotoarena/Folhapress

O racismo se expressa das mais variadas formas em nossa sociedade. Das piadas racistas à violência policial, das expectativas de vida às estatísticas carcerárias. Uma das mais formas mais violentas e ao mesmo tempo naturalizadas está nas diferenças salariais. Os dados do IBGE, recentemente divulgados, escancaram com nitidez cristalina como o racismo (e o machismo) é estruturalmente ligado às mazelas capitalistas.

A pesquisa mostra que em 2020 a população branca, no Brasil, obteve um rendimento médio mensal de R$ 3.056,00 no ano passado, ao passo em que a população preta e parda obteve um rendimento médio mensal de R$ 1.764,00. Trata-se de uma diferença de 73,3% a mais para os brancos. Ambos estão abaixo do que o DIEESE considera como um salário mínimo básico para uma vida digna no Brasil.

A média dos homens (brancos e negros) foi de R$ 2.608,00 enquanto que a média de mulheres foi de R$ 2.037,00, 28,1% a menos.

Os liberais de plantão dizem que essa diferença não existe, que no capitalismo se paga pelo que se faz, e outros contos da carochinha. Mas a realidade no capitalismo e bem distinta. Mulheres e negros ocupam, tradicionalmente, postos de trabalho mais precários com menor remuneração. Domésticas, construção civil, limpeza em geral, trabalhos informais dos mais variados…

Em meio à crise econômica, acelerada pelas decisões do governo Bolsonaro, Congresso e STF, a tendência é agravar essa situação. O desemprego, a inflação, a covid, todos são elementos cuja tendência é afetar mais a população negra, mais empobrecida.

A média total de 2020 foi de R$ 2.372 mensais. Ou seja, homens e brancos recebem, em geral, acima da média total.

O racismo presente no contracheque é próprio de uma sociedade que se beneficia dessas divisões, onde o rebaixamento salarial de uma camada da população serve ao rebaixamento salarial geral do conjunto dos trabalhadores. De quebra, os patrões dividem a classe. O nome disso é capitalismo, o sobrenome é racismo – quando conjugados com o patriarcado, temos o produto da sociedade brasileira, profundamente desigual e profundamente violenta.




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