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CONFERÊNCIA LATINO-AMERICANA E DOS EUA | A situação da América Latina e a intervenção dos revolucionários: André Barbieri do MRT na Conferência Latino-americana e dos EUA

Confira a intervenção de André Barbieri, do MRT, editor do Esquerda Diário e integrante da Fração Trotskista - Quarta Internacional (FT-QI), em sessão da Conferência Latino-Americana e dos EUA que abordou a situação na América Latina.

domingo 2 de agosto de 2020 | Edição do dia

Entre os dias 30 de julho e 01 de agosto aconteceu a Conferência Latino-Americana e dos EUA. A conferência foi convocada pela Frente de Esquerda dos Trabalhadores da Argentina, reunindo organizações e par-tidos socialistas de todo o continente americano, e já teve sessões na quinta e sexta-feira. No final da matéria disponibilizamos o vídeo completo das duas sessões de debate da sexta-feira.

Olá companheiras e companheiros, saudações desde o Brasil.
Bom, em primeiro lugar é preciso fazer uma menção de honra a grande batalha antirracista nos EUA. Os protestos das massas contra a polícia e o racismo estrutural do Estado depois do assassinato de George Floyd transformaram o panorama de passividade imposto pela pandemia, e alterou a situação mundial (com efeito nas mobilizações no Brasil). No coração do imperialismo, a esmagadora maioria da população branca apóia as manifestações do Black Lives Matter, debilitando Trump, porém também esta colocada a necessidade desmascarar o Partido Democrata. Como Jimena disse ontem, nós no Left Voice lutamos por reagrupar a vanguarda por um partido revolucionário nos Estados Unidos.

Pode te interessar assistir ou ler a intervenção de Jimena Vergara, do Left Voice e da FT-QI na sessão de abertura da Conferência

Bem, na América latina o mapa da explosão do movimento de massas no ano passado foi o mais extenso desde o ciclo 2000-2005. Desde Porto Rico, Honduras, Haiti, Equador, Chile, Colômbia, até a resistência ao golpe na Bolívia, a luta de classes marcou o cenário em 2019, e do outro lado do Atlântico com a grande luta operária na França. Este retorno da luta de classes na América Latina não se dava sem contradições, já que há também um pólo reacionário no Brasil, com Bolsonaro e o próprio golpe de Estado na Bolívia. A pandemia mudou o panorama mas não eliminou nenhum dos fatores que lhes havia provocado, ao contrário, agravou a crise econômica e social, preparando o terreno para enfrentamentos superiores entre as classes.

E temos que ver isso no marco geral da miséria que aumenta nessa nova crise histórica, que só tem paralelo na Grande Depressão de 29, e que se apóia sobre todos os problemas não resolvidos da crise de 2008.

O imperialismo mundial (especialmente nos EUA) subordina e saqueia os povos da América Latina ,mesmo a China, não sendo um país imperialista mas tendo traços disso, disputa certos nichos de exploração na região. Todo nosso combate aqui é pela independência de classe contra o imperialismo, seus golpes, e contra todas as variantes patronais.

A burguesia quer uma nova estruturação produtiva, generalizar a “uberização” do trabalho. A direita regional – Bolsonaro no Brasil, Piñera no Chile, Duque na Colômbia – aplicam justo essas reformas trabalhistas e previdenciárias, que aumentam a precarização do trabalho, sob a influência indireta de Trump. São inimigos abertos da classe operária e dos povos, e provocadores agentes do imperialismo ianque, como Bolsonaro, que passou 2019 organizando a mando de Trump agressões contra o povo na Venezuela, que já sofre com o autoritarismo do regime de Maduro, ou prestando seu apoio ao golpe de Estado na Bolívia, e mantendo o criminoso bloqueio a Cuba. Não apoiamos antes a Chávez nem hoje a Maduro, o evomoralismo e o castrismo; ao contrário, sempre os combatemos pela esquerda; mas estamos na linha de frente de combater toda e qualquer tentativa de golpismo de direita contra os povos da América Latina. Por isso, é uma vergonha que López Obrador no México colabore com Trump contra os imigrantes.

E nas últimas décadas ganharam influência teorias como a de Ernesto Laclau que defendem a articulação de um populismo progressista, ou uma suposta “radicalização da democracia” contra a direita, nas quais desaparecem as bases econômicas do capitalismo, a opressão imperialista, as classes sociais e a luta de classes. Porém, é impensável qualquer conquista democrática fundamental na América latina sem a emancipação do imperialismo. As burguesias “nacionais” abandonaram qualquer pretensão neste sentido. Isso é visto não só no ultraliberalismo de Bolsonaro, mas também no fracasso dos governos “pós-neoliberais” na América Latina, que inclusive em suas versões mais radicais, como o chavismo ou os governos de Evo Morales foram incapazes de modificar uma estrutura subordinada e dependente.

Segundo as correntes pós-neoliberais se trata de evitar enfrentamentos de luta de classes, de não provocar a direita e ao imperialismo. Ao contrário, como mostra a história recente essa busca de conformar-se com o “mal menor”, amansando ao movimento de massas, terminam facilitando a tarefa da direita. Vimos agora no caso de Evo Morales e o MAS legitimando o golpe cívico militar e dando as costas à resistência. Outra experiência tivemos no Brasil, nos governos do PT, de Lula e de Dilma, se apoiaram nos agentes sociais do golpe institucional: gerenciaram o capitalismo durante 13 anos sobre as bases do agronegócio, do capital financeiro, das cúpulas evangélicas e do aparato repressivo do Estado que enviava as favelas e ao Haiti para reprimir aos negros. Preparou assim o caminho para o golpe institucional. Apesar de dirigir os principais sindicatos do país, não fizeram nenhuma resistência séria contra os ataques dos golpistas.

Isso mostra o beco sem saída que representam essas correntes.

Contra as teses de Laclau, a América Latina provou, pela débâcle dos “progressismos”, a Teoria da Revolução Permanente de Trotsky, segundo a qual a “resolução integra e efetiva” dos fins democráticos é inseparável das transformações estruturais, da ruptura das correntes que nos submete o imperialismo.
Daí a importancia dos processos mais avançados da primavera latino-americana de 2019 e as lições que nos deixam. Entre elas, menciono três: 1) a necessidade de lutar por hegemonia operária. As jornadas revolucionárias do Equador contra Lenin Moreno deixaram colocadas a importância da aliança antre os trabalhadores das cidades e o movimento indígena camponês, aliança que a condução da CONAIE e dos sindicatos buscaram de toda forma impedir.

2) A batalha por concentra toda a força da classe trabalhadora, que controla todas as “posições estratégicas” que fazem funcionar a sociedade, e por isso pode ser o sujeito hegemônico de emancipação, como começou a mostrar a heróica resistência contra o Golpe na Bolívia, em particular El Alto e Cochabamba, que teve como emblema o bloqueio da planta de combustível de Senkata, uma posição estratégica que deixou desabastecida La Paz e que se aprofundasse tinha o potencial de tomar uma dinâmica similar a “Guerra do Gás” de 2003, porém onde a direção da COB se colocou contra a resistência aos golpistas e inclusive apoiou ao golpe em seu início. Também com o último 12 de novembro com a greve geral no Chile, quando os trabalhadores interviram com seus próprios métodos com os portuários, setores mineiros, professores, da saúde... para paralisar o país e tomar as demandas de todos os setores oprimidos. Uma força que impulsionada é capaz de derrotar a estes governos entreguistas e abrir a perspectiva do poder dos trabalhadores. Perspectiva esta que no Chile o reformismo e a burocracia sindical do PC e a Frente Ampla puseram todo seu empenho em evitar.

3) A luta pela autoorganização das massas e em perspectiva de desenvolver um poder próprio da classe trabalhadora e os oprimidos capaz de enfrentar ao Estado capitalista. Daí a importância do desenvolvimento de coordenadorias e organismos de autoorganização, que inclusive em suas formas iniciais, são fundamentais para unir os diferentes setores da classe trabalhadora, para fortalecer táticas como a Frente Única Operária (“golpear juntos, marchar separados” segundo Lenin) frente a burocracia, assim como articular as “posições estratégicas” com o território, os sindicatos com os “movimentos”, a juventude com a classe operária, para organizar a autodefesa frente a repressão. Exemplo neste sentido é o Comitê de Emergência e Resguardo que se formou em Antofagasta no Chile, do qual falou Lester, onde intervimos como Partido de Trabalhadores Revolucionário).
Todas estas batalhas são centrais para articular a força social e política capaz de encarnar um programa transicional revolucionário que dê resposta a situação. E nessa perspectiva intervimos desde a Fração Trotskista, com o PTR em Antofagasta, Santiago, Valparaíso e outras cidades no Chile, a LORCI em El Alto na Bolívia, e em cada um dos países onde estamos na América Latina, Estados Unidos e Europa. Para estas lutas temos o grande desafio de construir uma forte esquerda revolucionária antiimperialista e socialista, que marque o caminho da independência de classe.

Uma política assim está nas antípodas de políticas vergonhosas como a do POR boliviano que durante o golpe de Estado se somaram as mobilizações cívicas encabeçadas pelo empresário Camacho. Uma política independente também implica separar-se, no caso da Venezuela, tanto de uma posição que, em nome de denunciar o autoritário governo Maduro, termina se adaptando a direita pró-imperialista de Guaidó, quanto também de uma que defende Maduro e as Forças Armadas. Particularmente no caso do Brasil o golpe institucional foi uma prova de fogo para a esquerda brasileira. E aqui temos uma importante discussão com os companheiros do PSTU que consideramos que terminaram fazendo o jogo do golpe institucional e apoiando a Lava Jato, mais além de nosso categórico rechaço aos motins policiais e aos sindicatos policiais, ambas coisas que o PSTU defende. Também os companheiros do PSOL tiveram duas alas nesse processo: o MES, junto a CST, naquele momento, terminaram se adaptando ao golpe (foram retificando-se, MES segue apoiando a Lava Jato ainda que não tenham acordo com a prisão de Lula; e a CST segue com a consigna “cadeia para todos os corruptos”, que era a bandeira Da direita); a maioria do PSOL, por outro lado, se distanciou corretamente do golpismo, porém cedendo ao reformismo petista. O PCO, aqui no Brasil, se tornou totalmente petista.

Então, isso é importante para traçar esse marco político de polarização no Brasil, entre Bolsonaro e o PT de Lula do outro lado. Sobretudo entre 2015 e 2017, frente ao proceso profundo de desilusão com o PT e o avanço do golpismo e da direita que o capitalizou naquele momento, nós do MRT pleiteamos nossa entrada no PSOL, que é visto pelas massas como o principal partido à esquerda do PT, para desde aí potencializar o combate ao golpismo e ao capitalismo com uma política de independência de classe, e com a força de nossa militância e do Esquerda Diario, que hoje tem 2 milhões de visitas mensais, para batalhar em seu interior pela construção de uma organização revolucionária de trabalhadores.

Entretanto, o PSOL se negou a permitir essa entrada, justamente porque desde o MRT sempre mantivemos uma crítica e combate intransigente a toda política de colaboração de classes de suas direções, seja no passado da Lava Jato e o bonapartismo judicial, assim como atualmente por suas alianças com o PT ou inclusive partidos burgueses, como o PDT ou o PSB nas eleições. Os companheiros do Contrapoder, Plínio está aqui, do bloco de esquerda fazem esse combate correto contra esse tipo de adaptação. Sem confundi-lo jamais com qualquer tipo de compromisso político, lançamos no passado e agora nessa eleições com candidaturas independentes utilizando democraticamente a legenda desse partido, algo que não se pratica em países como Argentina, frente ao ultra restritivo regime eleitoral brasileiro, que impede que trabalhadores e organizações sem legalidade possam ter candidatos.

Não se pode responder a crise no Brasil com políticas como o impeachment, que o PSOL e o PSTU defendem junto ao PT e outras alas do regime, que significaria um governo do general Mourão e a manutenção do regime golpista de conjunto e do programa anti-operário de Bolsonaro e Guedes. Por isso vimos colocando a necessidade de levantar Fora Bolsonaro, Mourão e militares ligado a única política que não se adapta as instituições golpistas como o STF, o parlamento e os governadores, a de colocar abaixo esse regime com uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana, que ponha nas mãos da população a decisão sobre os temas estruturais do país. Esta luta pode abrir caminho a necessidade de superar esta democracia burguesa podre, e avançar a um governo de trabalhadores de ruptura com o capitalismo. Por essa política lotamos de Sul a Nordeste do Brasil, como no metrô de SP, no sindicato de trabalhadores da USP, nas fábricas de MG e SP, em professores, nas universidades do RJ, RS, Nordeste, para reagrupar a vanguarda com uma linha de independência de classe, superar a fragmentação da esquerda e preparar um partido revolucionário dos trabalhadores que supere o PT.

Trata-se de uma disjuntiva estratégica: ou uma esquerda que lute consequentemente pela independência de classe para articular a aliança social da classe operária e os oprimidos, as posições estratégicas, como em Chile e Bolívia e diversos outros países, desenvolver a autoorganização, para um programa transicional revolucionário e antiimperialista, ou terminar em uma esquerda que se adapta aos limites que permite o regime burguês.

Por fim, contra o imperialismo e a submissão da América Latina, a Teoria da Revolução Permanente de Trotsky tem plena atualidade para nossa região: só governos dos trabalhadores, aliados aos setores camponeses pobres, indígenas e demais oprimidos, pode cumprir as tarefas democráticas estruturais, como a revolução agrária e a expulsão do imperialismo. A batalha pela construção do socialismo em nível mundial é a condição para avançar na integração da América Latina, assim como a batalha por uma Federação de Repúblicas Socialistas da América Latina, uma alavanca a expansão da revolução mundial. Há que lutar por partidos revolucionários em nível nacional e internacional por estes grandes objetivos, no caminho de conquistar o comunismo. Eu fico por aqui. Muito obrigada, companheiros.

Segunda intervenção de André Barbieri

Queria levantar alguns pontos do debate que está muito bom. Em primeiro lugar nós queremos construir um partido revolucionário e partidos revolucionários a nível nacional para destruir o im-perialismo e libertar os povos oprimidos.

O problema da consigna de “Fora Trump”, é que com eleições nos EUA daqui a 3 meses, isso implica em “bem vindo Biden”, o capitalista do Partido Democrata nos EUA. A batalha para independência de classe exige separar-se de todas as variantes do regime bipartidário imperialista. Isso é importante, já que é fundamental desmascarar o Partido Democrata se queremos construir partidos de trabalhadores revolucionários nos EUA. Nós do Left Voice, como disse Jimena ontem: não se trata de dizer “fora” um ou outro governo em qualquer momento e lugar, e pensar que com isso estamos super bem, como acontece aqui em Brasil, com os que só dizem “Fora Bolsonaro”. Existem regimes burgueses e suas instituições. Temos que batalhar contra o conjunto do regime golpista aqui no Brasil.
Por isso, é importante atacar o regime e não apenas os governos. Viemos chamando a esquerda para conformar uma coordenação pelo “Fora Bolsonaro e Mourão”, como política alternativa à linha de impeachment ou eleições gerais, avançando para debater a demanda de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que ataque o conjunto do regime golpista. Insisto neste ponto, companheiros, pois não podemos ser tão ingênuos frente a este regime apodrecido do golpe institucional. Uma segunda questão, que levanta Giachello, por que acha que em vários congressos e reuniões de direções do PSOL, rechaçar nossa entrada? Por que tem medo, que uma organizações militante e com centenas de milhares de leitores em seu diário, como é o MRT, todos os dias questione a verdadeira direção do PSOL, que são seus parlamentares que dirigem desde Brasília, a capital do Brasil. Denunciamos abertamente, por exemplo, a aliança do PSOL com o PT em Campinas, nas plenárias abertas do PSOL e no Esquerda Diário.
Nossa estratégia é de construção de partido leninista de combate, e nossa política é chamar a esquerda do PSOL e o PSTU, para corrigirem os erros que levantaram em sua intervenção, para fazer um forte pólo de esquerda como alternativa à deriva frente populista que abertamente toma a direção do PSOL. Não podemos esquecer que o PO esteve no Foro de São Paulo, entre 1990 e 1995, com todo o tipo de partidos de centro esquerda e de conciliação de classes. Nossa política está muito distantes do que teve o PO com o Foro de São Paulo.
Outra questão é a Rede de Diários La Izquierda Diario, que tem 13 milhões de acessos mensais, com a mesma ambição do Pravda de Lenin, o jornal dos bolcheviques em 1912, chegando a setores de massas se aproveitando do melhor da tecnologia hoje para chegar às massas e construir partidos revolucionários, com 14 países, 8 idiomas, e uma forma que nós da FT batalhamos para ser agitação e propaganda revolucionária diariamente. Isso é Leninismo 2.0, ao contrário dos diários nostálgicos das seitas dos anos 90, esta ambição que compartilhamos com Lenin e seu Pravda. Podemos batalhar melhor para a reagrupação da vanguarda para chegar às massas e construir uma enorme força militante. Não se pode dizer o mesmo de organizações que não tem a mesma ambição internacional.
Me parece também fundamental pensar como essa discussão se plasmam na atuação concreta em cada país, onde quero me deter um pouco mais nas batalhas que o MRT vem travando no Brasil, já que para qualquer corrente revolucionária na América Latina é estratégico não apenas comentar, mas construir um trabalho no Brasil, frente a uma classe trabalhadora continental. Viemos atuando em distintos sindicatos, como em Metroviários, Professores, Aeroviários, Trabalhadores da Saúde, Bancários, Gráficos, Trabalhadores de Universidades, entregadores, terceirizados e outros setores, lutando para levar essas propostas até a vanguarda e setores de massas. Por isso o Esquerda Diário se converteu em uma potente voz da luta de classes no Brasil, nas principais greves deste ano, como a dos Petroleiros e dos Entregadores.

E no maior país de maioria negra fora de África, lutamos com nossas referências como Marcello Pablito, Letícia Parks, e a agrupação Quilombo Vermelho, para conectar a luta antirracista com a luta de classes, inspirados na revolta dos EUA, contra as variantes liberais e pós modernas, que transformam a luta negra em um produto. Da mesma forma com o Pão e Rosas no Brasil, que é parte de uma agrupação internacional de mulheres, que luta por um feminismo socialista e revolucionário. Essas são as principais que damos no Brasil, e damos em conjunto com a FT, e para isso queremos chegar em setores de vanguarda, e essa reagrupação que possibilite um partido revolucionário de trabalhadores, a nível nacional e internacional.

Para terminar, bom, por fim teremos o enorme desafio de construir uma esquerda revolucionária, socialista e anti imperialista, que não fique presa nas variantes que colocam os regimes burgueses, e seja consequentemente anti imperialista. Mas uma vez, não se trata de revoluções de regime. Não podemos separar a luta por certas demandas democráticas dos problemas democrático-estruturais, nos países semi-coloniais, como o nosso, a opressão imperialista, a questão agrária, etc. A questão é como os processos de luta de classes, como os que atravessaram a América Latina, não se esgotem em processos de pressão ao regime, ou que sejam canalizados por variantes nacionais e populares e reformistas, ou terminem em golpes reacionários, e sim que desenvolvam um conjunto de demandas hegemônicas da classe trabalhadora. Avance em particular em articular organismos de poder próprio que incluam todos os setores em luta e sua auto-defesa. Para conseguir derrotar os regimes em questão e romper as cadeias imperialistas e abrir a possibilidade de constituir uma nova ordem social. Como eu levantei anteriormente, como dizia Trotsky, “somente a unidade da classe trabalhadora junto com o povo explorado e oprimido pode colocar-se como verdadeira alternativa, conquistando seu próprio poder para resolver integral e efetivamente os fins democráticos da emancipação nacional, ligando sua luta com a da classe trabalhadora dos países centrais, estabelecendo uma nova ordem social”. Uma tese de Trotsky, da Revolução Permanente, que hoje se mostra mais atual do que nunca para que nós batalhemos por esse grande objetivo comunista. Agradeço pelo debate e muito obrigado.




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