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CRISE NA UFRJ | A ocupação foi um primeiro passo, mas é preciso muito mais

sábado 23 de maio de 2015 | Edição do dia

A crise está longe de ter sido solucionada, já que permanece o corte de 30% no orçamento das Universidades Federais. Uma das principais pautas da ocupação, o pagamento integral dos trabalhadores terceirizados da limpeza, mal foi atendida: cada trabalhador recebeu um valor do referente à abril, e nenhum deles recebeu este valor por completo. Alguns trabalhadores do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais relatam que há trabalhadores que receberam 400 reais, 100 reais, até 12 reais de pagamento! Nos vales transporte e alimentação a mesma coisa se repete, enquanto em Macaé, a informação é de que sequer receberam. Assim como a sobrevivência destes trabalhadores, também a permanência dos estudantes na universidade está colocada em questão.

A reivindicação imediata por moradia decente pelos estudantes do alojamento foi respondida com várias promessas do REItor, mas com corte de verbas nada garante que qualquer prazo estabelecido seja cumprido. Estudantes do alojamento são obrigados a conviver com ratos e pombos, enquanto a REItoria anuncia, cada mês que passa, uma tentativa diferente de cortar bolsas de assistência que são verdadeiros artigos de luxo, e são uma piada frente ao custo de vida do Rio de Janeiro, sede da Copa e das Olimpiadas.

Neste período de sete dias, ao REItor até foi oferecido o café da manhã dos estudantes do alojamento, ação de constrangimento pelo fato de expor a realidade de que o corte de Dilma vem nos trabalhadores e na assistência estudantil enquanto o salário a alta burocracia universitária permanece intacto.

A ocupação da REItoria serviu para mostrar para todos estudantes que podemos ir por mais. Foi com a ocupação que a UFRJ apareceu em rede nacional, fato que foi determinante para que 24 unidades da UFRJ fechassem suas portas, servindo de ponta de lança para a mobilização dos estudantes em cada curso. A ocupação colocou em destaque a denúncia da crise das universidades públicas, dividindo o palco com a UERJ. Toda esta exposição e questionamento político é fruto da organização dos estudantes que exigiam o pagamento dos terceirizados e condições para se manter na universidade.

Diante dos cortes às universidades públicas, aplicados por governos federal e estaduais, enquanto bilhões seguem sendo repassados aos tubarões do ensino, o movimento estudantil tem a tarefa de defender a universidade destes ataques mas também refunda-la sobre outras bases que não sejam da exploração do trabalho precário e exclusão da maioria negra. Os estudantes que se solidarizaram com os terceirizados e ocuparam a REItoria da UFRJ mostram a possibilidade de avançar para uma nova tradição de movimento estudantil, não corporativista e combativo em defesa da incorporação ao quadro efetivo da UFRJ para estes trabalhadores que são na maioria mulheres negras, sem que seja necessário concurso, e que lute pelo direito de seus filhos estarem dentro da UFRJ.

Esta REItoria e a burocracia universitária só servem para perpetuar esta velha universidade, e dão sua última prova jogando a crise deste modelo nas costas dos trabalhadores, estudantes e professores. Cabe os estudantes em unidade com os outros segmentos rediscutir à serviço do que deve estar a universidade. O professor Roberto Leher, candidato a reitor eleito pelo qual se tem muitas expectativas por parte do movimento estudantil, defendeu em campanha que se fizesse uma estatuinte que poderia redefinir como funciona a universidade e quem toma as decisões dentro dela. Este programa deve começar a ser discutido desde já, em cada assembleia de cada setor, estudante, terceirizado, professor e efetivo.

Contra os cortes na educação, a Fasubra e o Andes, sindicatos nacionais dos técnico-administrativos e professores das universidades federais, estão convocando uma greve nacional para o dia 28 deste mês. Esta convocação já foi aprovada na UFRJ, os técnicos iniciarão sua greve no dia 29 (sexta), enquanto professores estão indicando começar no dia 28. Na UFF, os professores e técnicos começarão sua greve no dia 28.

Está colocado para os estudantes entrar neste movimento organizando uma forte greve em aliança com os professores, funcionários efetivos e os terceirizados, defendendo a universidade deste desmonte, mas também se apoiando para que este modelo de universidade tal qual foi na última década, que exclui a maioria de negros e estudantes pobres, e que se baseia na exploração da mão-de-obra precarizada, sobretudo negra não direito à estudar nela, também seja colocada em questão. Para isto é preciso construir assembleias em cada curso para que todo estudante possa decidir sobre os rumos do movimento, e eleger entre os estudantes delegados revogáveis, para coordenar os estudantes de cada curso.

Também está colocada a necessidade unificação dos estudantes de todas as universidades cariocas, que estão entrando ou avançando em processo de luta, como na UERJ, UFF, UNIRIO, UFRRJ, UEZO, UENF, e neste sentido é preciso envolver todas as organizações estudantis, Centros Acadêmicos e DCEs mobilizados na luta dos estudantes para que este encontro sirva realmente como primeiro passo na coordenação do movimento estudantil carioca e fluminense.




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