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CORONAVÍRUS: USP | “A maior parte dos negros desta universidade estão nos trabalhos terceirizados e propomos a proibição de qualquer demissão”, afirma Babi Della Torre no CO-USP

Babi DellatorreTrabalhadora do Hospital Universitário da USP, representante dos trabalhadores no Conselho Universitário

quarta-feira 24 de junho de 2020 | Edição do dia

Os trabalhadores da USP elegeram os candidatos indicados pelo Sintusp, para representá-los no Conselho Universitário da USP (CO), órgão máximo de deliberação da universidade. Isso demonstra o respaldo que os organismos do sindicato têm na categoria e a força da nossa organização.

Esta primeira reunião do CO, passados mais de três meses da pandemia, demonstra que a reitoria está para trás, pouco interessada em ouvir a opinião da categoria, da comunidade USP, dos estudantes e professores.

Muitos trabalhadores não estão em quarentena. Os trabalhadores do Hospital Universitário (HU) e dos centros de saúde, além dos trabalhadores de outros serviços essenciais da universidade seguem trabalhando, na linha de frente do combate ao coronavírus. E isso não poderia ser diferente. No entanto, embora os trabalhadores tenham buscado sistematicamente um diálogo com a reitoria e a superintendência do HU para resolver problemas que existiam muito antes da pandemia, como falta de funcionários e leitos fechados, não foram sequer recebidos por esses dirigentes ou tiveram suas demandas mais urgentes atendidas. O resultado é que chegamos mal preparados para enfrentar essa crise, que não começou com o coronavírus, mas é consequência direta do sucateamento e das políticas privatistas levada a cabo pelas últimas gestões da universidade.

Em atos e manifestações no hospital, cartas abertas, ofícios enviados pelo sindicato, os trabalhadores denunciaram a necessidade urgente de contratações emergenciais para todos os setores do hospital, a liberação dos trabalhadores que são parte do grupo de risco, para que não paguem com suas vidas uma crise que não criaram, testes periódicos para todos os funcionários, efetivos e terceirizados, e EPIs em quantidade adequada para o trabalho com segurança. No entanto a superintendência adotou uma postura intransigente e se faz de surda aos trabalhadores do HU, além da pouca transparência com os dados sobre a pandemia no hospital.

É escandaloso que na mesma semana que morreu uma trabalhadora terceirizada do hospital, o superintendente do HU, que anunciou 600 testes para a covid-19, num universo de mais de dois mil funcionários, recuse testar as trabalhadoras terceirizadas do hospital, alegando que elas não são sua responsabilidade. Frente a isso, se aprofunda entre seus pares, entre os trabalhadores e as entidades representativas da comunidade USP o questionamento à legitimidade do Dr. Paulo Margarido para seguir na direção do HU

Além disso, é preciso lembrar também como a situação das mulheres trabalhadoras piorou muito com a pandemia, pois somado ao trabalho remoto há o cuidado com os filhos e com as tarefas domésticas. E o escritório USP Mulheres além de fechar os olhos para as demissões de mulheres trabalhadoras terceirizadas da USP, fala em divisão das tarefas do lar, sem responder à sobrecarga de trabalho que essas mulheres tem que lidar, pois a única coisa que a USP fez foi mudar o local de trabalho, da universidade para as casas, sem oferecer nenhuma condição de trabalho e sem mudar a rotina, como se não houvesse uma pandemia em curso. Pior, o que ocorre agora é a flexibilização das jornadas, com as chefias exigindo tarefas a qualquer hora do dia ou da noite.

Vemos os brutais ataques do governo federal contra os trabalhadores e a demagogia dos governos estaduais também nos atacam. Por outro lado, na USP, não podemos deixar de dizer que a reitoria já anunciou o arrocho dos salários. Como representantes dos trabalhadores e do Sintusp vamos lutar em defesa dos trabalhadores da USP, mas também de todas as categorias, defendendo que recebam o auxílio emergencial que deveria ser 2 mil reais e apoiando a luta dos entregadores que farão uma paralisação em 1 de julho

Por isso, levamos ao conselho Universitário propostas que possam assegurar aos trabalhadores direitos mínimos para a proteção da vida e dos empregos. Considerando as manifestações favoráveis à campanha Vida Negras Importam e considerando que a maior parte dos negros desta universidade estão nos trabalhos terceirizados, propomos que CO aprovasse a proibição de qualquer demissão de trabalhadores terceirizados, como parte desta campanha. Considerando que a USP deve ter um compromisso social de colocar todos os seus esforços no combate à pandemia e na defesa da vida, propomos abertura imediata de contratação de trabalhadores para o HU e todas as unidades de saúde da USP e a liberação dos trabalhadores do grupo de risco.

São medidas elementares que já deveriam estar em curso e que são ignoradas pelos dirigentes da Universidade. Nesse sentido, só o fortalecimento da nossa organização é que pode impor essas demandas em defesa da vida e dos empregos de todos os trabalhadores.

Veja o vídeo da fala em reunião realizada no dia 23 de junho de 2020.




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