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POLÊMICA COM O MPL | A luta contra o aumento das tarifas precisa de democracia de base

É preciso superar os vícios do MPL, avançar nas lições que os secundaristas nos deram e fortalecer espaços democráticos de base para triunfar na luta contra o aumento das tarifas.

terça-feira 12 de janeiro de 2016 | 00:59

Quem frequenta os atos contra o aumento das tarifas chamados pelo MPL já deve estar acostumado a que se defina o trajeto em assembleias que ocorrem na concentração, absolutamente confusas e sem qualquer expressão real da base do movimento. Mas isso não aconteceu no primeiro grande ato contra o aumento das tarifas para R$3,80, no dia 8/01. Nesse dia, os milhares de manifestantes presentes acabaram ficando no escuro, sem saber minimamente o trajeto do ato.

Além de ter decidido o trajeto sozinho, por fora de qualquer discussão com o movimento, o MPL se recusou a informar por onde passaríamos, seja por meio de um jogral, seja informando os manifestantes que diretamente iam pedir a eles a informação - o que não impediu que a mídia burguesa tivesse acesso a ela, divulgando o trajeto em páginas como o G1, por exemplo.

Democracia de base: organizar a luta a partir dos locais de estudo e trabalho

É fundamental aprender com as lições dos processos de luta que passaram. Na jornada de lutas contra o aumento de 2015, os atos simplesmente terminaram sem qualquer perspectiva de vitória. A organização do movimento, então, se deu por meio das assembleias nas concentrações e porreuniões por bairro, que pouco influenciavam no movimento geral.
Mas se o ano de 2015 começou com um movimento desorganizado e incapaz de barrar o aumento para R$3,50, ele terminou com uma importante vitória dos estudantes secundaristas contra o Alckmin, impondo um importante recuo na política de reorganização escolar e fazendo cair o Secretário de Educação, Herman Voorwald.

Ora, qual foi a grande diferença? O movimento dos secundaristas se organizou desde as bases! Aos grandes atos centrais e pequenos atos chamados por escolas se seguiram mais de 200 ocupações em todo o estado. E a partir daí, a partir de cada escola em luta, ocupada ou não, se constitui um comando de luta que organizou a mobilização. Desde as escolas se estabelecia um diálogo com a população do entorno, com as categorias de trabalhadores e com as demais escolas que compunham o comando. As discussões feitas em cada escola puderam ser debatidas num comando central, que deliberava novos passos pro movimento de maneira unificada. Este comando fornecia novos elementos de debate aos delegados eleitos para quando estes voltavam às suas escolas. Desta forma, nenhuma posição política passou desapercebida, e todos os rumos do movimento foram deliberados de maneira amplamente democrática.

O grand finale da luta partiu exatamente das ações do comando: trancamentos de ruas concomitantes e grandes atos pela cidade, com grande apoio da população e uma desaprovação recorde do governador do estado. Assim eles venceram a batalha. Porque desde as escolas se dialogou com a população e com o conjunto dos estudantes, para além da vanguarda.

É de maneira análoga que deve se dar a luta contra o aumento nos transportes. Precisamos nos organizar desde os locais de estudo e trabalho, com delegados eleitos pelas bases, para que se possa definir os rumos do movimento democraticamente, com ações amplas e pontuais combinadas. Um comando central com delegados eleitos poderia discutir todas as questões mais táticas e organizativas, como propostas de trajeto e panfletos. E poderia, principalmente, discutir politicamente as pautas do movimento, qual programa reivindicar na luta contra o aumento, tudo de maneira amplamente democrática. Assim, poderemos, a partir das demandas mais sentidas por cada setor da população - jovens, estudantes, trabalhadores - unificar e fortalecer o movimento para barrar o aumento e com essa organização ir por muito mais: por um transporte estatizado, realmente público e gratuito, nas mãos de trabalhadores e usuários! Deixando então de enriquecer os grandes mafiosos do transporte com seus subsídios. Conquistar o direito à cidade, ao lazer e a uma vida digna e sem catracas! Mas para conseguir isso, é preciso acabar também com as catracas do próprio movimento.

Os Centros Acadêmicos de luta e combativos devem ir com tudo para a construção dessa jornada de luta. Nós, militantes da Juventude às Ruas! e independentes, que estamos à frente dos CAs de Letras (CAELL) e Pedagogia (CAPPF) da USP fazemos um chamado não apenas aos estudantes dos cursos onde atuamos nas entidades, mas aos demais centros acadêmicos e ao DCE a comporem fortes blocos nos atos. Já no primeiro ato estivemos com um bloco do curso, e queremos muito mais! Queremos que os estudantes, mesmo durante suas férias, debatam profundamente essa questão que tanto nos atinge. Queremos nos unificar com os estudantes em luta da universidade, estudantes secundaristas, e também com os trabalhadores de transportes e demais categorias. Chega de pagar tarifas abusivas por transporte precário! Chega de ter nosso direito à cidade negado pra enriquecer a máfica de transportes!




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