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terça-feira 22 de março de 2016 | Edição do dia

Imagem: Patrícia Galvão

Estou grávida
Sinto enjôo
Náuseas
Sinto dor
Do pai, pavor!
Quem me engravidou?
O doutor, filho do meu antigo senhor
Me pegou por trás
Quando vi já estava no quarto
Me perguntando se choro ou se me mato
Mas só o que consegui pronunciar foi:
O que é seu tá guardado
Dito e feito, guardou dentro da calça
Com a proteção do patriarcado
Pensei em voltar no tempo
Mas sou negra, isso aumentaria meu sofrimento
Agora não sei mais quem é o pai
Porque provoquei o motorista
O dono da padaria
E também o capataz
Além do mais, enjoei
Sinto náuseas da lei
Um feto que não escolhi
Se abriga em mim
Meus seios estão fartos
De amamentar obsessões sexuais
Meu útero não aguenta mais
O peso do ódio que sinto
SOU CULPADA
Parece um abismo
Mas abortei a tua ideia
Junto com teu machismo!




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