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Linguagem e Sexismo | “A linguagem sexista torna invisível mais da metade da humanidade”

quarta-feira 27 de julho de 2016 | Edição do dia

Tradução do espanhol: Cassius Vinicius

A apresentação de Meana teve como título –El Lenguaje como territorio de poder (A linguagem como território de poder). De sua maneira cordial e divertida fez o público sorrir. Meana começou dizendo que “a linguagem sexista torna invisível mais da metade da humanidade”.

O debate girou em torno dos obstáculos que a sociedade impõe para poder questionar a língua atual para construir e aceitar uma linguagem mais inclusiva e não-sexista. “Podemos questionar muitas coisas, mas não o idioma”, disse Teresa. Acontece que, as travas colocadas pela sociedade no que diz respeito a modificar a linguagem são as vezes desproporcionais e obedecem a concepções profundas que estão enraizadas em nosso idioma, que não é nada mais que a expressão do patriarcado. “Todos os idiomas são sexistas, porque o patriarcado é mundial”, comentou.

Os efeitos mais danosos da linguagem sexista são a invisibilização da mulher por um lado e a exclusão, por outro.

Teresa explicou que a língua determina uma maneira concreta de ver o mundo. Mas que a língua é uma construção que está viva e, portanto em constante evolução. “Se muda a realidade, muda a forma de nomear [as coisas]”, afirmou.

A especialista fez uma crítica impiedosa – e nada isenta de sarcasmos – ao Dicionário da Real Academia Espanhola que, ainda nos dias de hoje mantém definições com um explícito conteúdo androcêntrico (A tendência quase universal de se reduzir a raça humana ao um único termo “o homem” é um exemplo excludente que ilustra esse comportamento), colocando a mulher em uma condição de inferioridade com relação ao homem. A filóloga deu muitos outros exemplos, como a definição do chapéu: que para o homem é um objeto de “vestir” e para a mulher “adornar”.

Teresa analisou também aquelas posturas que resistem a reconhecer que o masculino não é um genérico, pois mais que incluir, autoriza muitas vezes e nega outras. “E que nós feministas não questionamos os gêneros gramaticais, mas lutamos pela possibilidade de construir uma linguagem inclusiva. Não é menos econômico dizer “meninos e meninas”, embora isso deixa claro uma realidade que quero destacar, uma vez que só se diz “meninos”, esse fato configura uma perda da realidade, as meninas, que não estão inclusas”.

Em sintonia com o falso genérico masculino e observando a cruel realidade que vivem aqueles que hoje se refugiam na Europa, Meana afirmou que:
“não é a mesma coisa falar de refugiados que falar de refugiadas, porque as refugiadas sofrem o perigo da polícia, da máfia e de seus próprios companheiros”.

A palestra terminou com um público muito satisfeito e com a confirmação de Teresa de que a língua é um produto social e, portanto merece ser transformada.




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