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ESTADOS UNIDOS | A invasão do Capitólio e a decadência do Império Bipartidário dos Estados Unidos

sexta-feira 8 de janeiro de 2021 | Edição do dia

Se uma imagem vale mais que mil palavras, então a fotografia do líder do QAnon, Jake Angeli, sem camisa, vestindo peles e chifres, delirando no meio do edifício do Capitólio dos EUA constitui o próximo capítulo na história do declínio do império dos EUA. O mundo assistiu, horrorizado, quando uma horda furiosa de apoiadores de Trump escalou as paredes do Capitólio, e recebeu as boas vindas dos policiais do prédio. Especialistas e âncoras de jornais estão chamando isso de mais uma aberração da Era Trump e que soam como uivos agonizantes da presidência de uma estrela de reality show, mas os eventos do dia 6 não vieram do nada. Eles são outra expressão de uma profunda crise de legitimidade que abala o regime dos EUA. Esses eventos durante a sessão conjunta do Congresso para certificar a vitória eleitoral de Joe Biden e Kamala Harris, são um presságio de mais instabilidade para o projeto imperialista dos EUA, tanto no cenário nacional quanto internacional.

O Declínio de um Império Podre

É claro que não há mais volta para o imperialismo dos EUA. Com as imagens de apoiadores organizados de Trump abrindo caminho para o prédio do Capitólio se tornando viral em todo o mundo, a já enfraquecida hegemonia dos EUA está em questão, hoje mais do que nunca. O mundo viu em tempo real como um presidente em exercício convocou uma manifestação fora do Capitólio e atiçou os manifestantes em um discurso inflamado que denunciava tanto os democratas de "extrema esquerda" quanto os republicanos fracos que se recusavam a enfrentar uma eleição roubada. Todos viram como, poucos minutos depois, os apoiadores de Donald Trump levaram suas palavras à sua conclusão lógica e abriram caminho até o edifício do Capitólio, no qual Trump proclamou: "Nós te amamos". Porque a verdade é mais estranha que a ficção, todos os líderes mundiais dos países imperialistas e semicoloniais saíram para condenar os atos de violência no Capitólio, exortando os partidos e as instituições estadunidenses a iniciar o processo eleitoral de forma pacífica. Até o governo venezuelano enviou uma carta expressando sua preocupação com a violência no Capitólio e apoiando o presidente eleito Joe Biden.

O mundo assistiu com terror quando os partidários do proto-fascista Trump interromperam a votação de certificação. Por quê? Porque se o imperialismo dos EUA patrocinou golpes de estado, mudanças de regime ou invasões militares diretas nos países do chamado "sul global", agora ele está se gabando de sua "democracia perfeita". Na última quarta-feira o mundo viu vir à tona a crise desta “democracia”, com consequências de longo alcance para a imposição do projeto imperialista estadunidense. O imperialismo dos EUA depende de sua própria estabilidade para defender seus interesses em todo o mundo e tentar reconstruir sua hegemonia em declínio. Como os EUA podem pressionar por intervenções no exterior quando não consegue nem controlar sua própria transferência de poder de um político burguês para outro?

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Em seus quatro anos de mandato, Trump não levou seu programa protecionista até o fim, mas conseguiu mudar a agenda internacional: distanciou-se dos aliados tradicionais dos Estados Unidos como a União Europeia, embarcou em uma guerra comercial com a China, lançou pros ares o acordo nuclear com o Irã, impôs um novo acordo comercial com o México (ainda mais favorável aos interesses imperiais) e superou as expectativas do Partido Republicano em sua aliança estratégica com o Estado de Israel.

No entanto, essa doutrina agressiva de “America first” adotada por Trump não foi suficiente para os imperialistas locais ou estrangeiros e, pela primeira vez em muitas décadas, a política interna dos Estados Unidos tem um impacto renovado e imediato em todo o mundo. Ser o “policial do mundo” quando há legitimidade institucional é muito diferente de quando não há. É por isso que a atual crise orgânica nos Estados Unidos tem consequências internacionais imediatas. Resta saber quais serão as profundas consequências da crise interna dos Estados Unidos para o resto do mundo. O governo de Joe Biden terá que lidar com a tarefa de recompor uma hegemonia que tem sido cada vez mais interrompida nas últimas décadas, por fatores tanto internos quanto externos à política internacional oficial dos EUA.

Promessa de Instabilidade e Trumpismo

A tomada do Capitólio por extremistas de direita no meio da certificação da vitória de Biden e as reações subsequentes de todo o espectro político trouxeram os contornos da crise enfrentada pelo regime dos EUA em um foco mais nítido. Enquanto Biden e Harris se preparam para assumir o cargo nas próximas duas semanas e o Partido Democrata é confrontado com a realidade de que liderará dois ramos do governo em meio a uma crise social e econômica, eles se deparam com a possibilidade de que a janela para o “retorno à normalidade” que prometeram aos seus eleitores está se estreitando. Certamente, isso sinaliza o fim da ilusão de uma transição pacífica de volta ao projeto neoliberal bipartidário dos anos Obama.

Por um lado, os eventos no Capitólio revelam uma consolidação do setor mais reacionário da base social de Trump, que se mobilizará em nome de Trump para desafiar uma eleição "roubada" pelos chamados elementos de extrema esquerda do Partido Democrata. A tomada do prédio do Capitólio não foi uma insurreição ou um golpe, como insinuam membros da imprensa burguesa, mas mostra uma extrema direita que, longe de aceitar a derrota após 3 de novembro, foi, de fato, encorajada durante a transição. Os eventos de quarta-feira não foram simplesmente caos espontâneo, mas uma indicação de que a extrema direita também é organizada. É a mesma extrema direita que se mobilizou contra os protestos do Black Lives Matter em 2020, contra as restrições do COVID-19 e pela recontagem de votos nos principais estados do campo de batalha durante a eleição. E é uma extrema direita que conta com o apoio e a proteção do aparato repressivo do Estado, desde a polícia até os tribunais; isso estava em exibição como nunca antes, conforme os vídeos da invasão do Capitólio eram publicados, mostrando a polícia posando para selfies com os manifestantes e deixando-os passar por barricadas ao redor do prédio.

Mas os proto-fascistas armados, QAnon e Proud Boy não foram os únicos a protestar em frente ao Capitólio enquanto o Congresso certificava os votos do Colégio Eleitoral. Milhares de pessoas de todo o país vieram para se manifestar por Donald Trump e denunciar o que consideram a corrupção das instituições dos EUA por políticos progressistas que atendem a qualquer número de bodes expiatórios favoritos da direita: setores de imigrantes, pessoas não brancas, LGBTs, etc. - um conglomerado de pessoas das classes média e trabalhadora insatisfeitas por anos de ataques neoliberais aos seus padrões de vida - não aceitam Biden ou os democratas como seus representantes.

Na verdade, mais de 75% dos republicanos não acreditam que os resultados das eleições sejam válidos. E agora que a ala do Partido Republicano - de Mitt Romney a Mitch McConnell e agora Mike Pence - se posicionou contra Trump, eles se encontram mais uma vez sem representação política nos corredores do Congresso. Como as manifestações massivas, e sem máscaras de proteção, organizadas por partidários de Trump nas últimas semanas mostraram, uma minoria significativa da população - 39% pelas pesquisas recentes - está desiludida com o processo eleitoral democrático burguês que levou Biden ao poder; muitos continuam a ver Trump como seu líder legítimo, embora, por enquanto, este grupo ainda esteja relativamente carente de uma organização nacional em grande escala. No entanto, como mostram os eventos de quarta-feira, esta força política não está parada e continuará a se mobilizar, especialmente à medida que as crises na saúde pública e na economia se desenvolvem.

Isso representa um sério desafio para o governo Biden / Harris no curto e médio prazo, não por causa da possibilidade de novas mobilizações da extrema direita como as do Capitólio, mas por causa da oposição que os democratas enfrentarão dos políticos republicanos que tentam devolver esses setores que apoiam Trump de volta para o curral, enquanto mantém o próprio Trump à distância.

Agora, o establishment - desde os republicanos e democratas até os militares - está unido contra Trump e a extrema direita, cuja violência reacionária ameaça arrancar a frágil máscara da farsa da democracia americana. Forçados a uma aliança incômoda, eles percebem que tais ações de um setor das massas representam uma ameaça ao seu controle histórico no poder e à capacidade de realizar o projeto imperialista dos EUA com impunidade. Por enquanto, eles estão unidos, apoiando a legitimidade da administração Biden e para colocar um fim ao populismo caótico de Trump.

“Trump e eu tivemos uma viagem infernal, mas já chega... [Biden] ganhou. Ele é o presidente legítimo dos Estados Unidos”, disse o senador Lindsey Graham, da Carolina do Sul, do plenário do Congresso, rompendo com seu antigo apoio a Trump. Além disso, metade dos senadores que se comprometeram a se opor aos resultados do Colégio Eleitoral na quarta-feira rescindiram sua dissidência depois que a multidão de extrema direita invadiu o prédio. A senadora do Tennessee Marsha Blackburn, que anteriormente se juntou a Ted Cruz e Josh Hawley em seu plano de contestar os resultados, disse na quarta-feira que “votaria a favor da certificação dos votos do colégio eleitoral.” Agora está sendo relatado que o gabinete de Trump está supostamente considerando invocar a 25ª Emenda para remover Trump do cargo e permitir que Mike Pence termine os últimos 14 dias de seu mandato. Embora seja improvável que isso aconteça, mostra que o establishment está disposto a causar danos permanentes ao gabinete da presidência, removendo um presidente em exercício por ser incapaz de cumprir suas funções, a fim de recuperar uma posição em curto prazo.

Em outras palavras, o establishment está até agora se unindo para expulsar Trump em prol da estabilidade, mas não está claro quanto tempo essa aliança durará depois que Biden assumir o poder e os republicanos tentarem reconquistar o Senado e capturar a Câmara.

Crise na Conjuntura

Mas é claro que esses novos desenvolvimentos não são os únicos obstáculos que o novo governo enfrenta, e sim parte de uma crise social, política e econômica do capitalismo, muito mais profundas.

Levado ao poder em grande parte pelas gerações recentemente radicalizadas dos movimentos Bernie Sanders e Black Lives Matter que foram conduzidos com sucesso ao Partido Democrata para votar contra Trump, o governo Biden / Harris será forçado a enfrentar as expectativas de seus eleitores que querem cancelar dívidas da faculdade, ver o fim do assassinato de negros pela polícia, ter convênio médico acessível e lutar contra a mudança climática - tudo o que o Partido Democrata, como partido do capital, não pode cumprir.

As expectativas liberais de um retorno à era Obama, ou ainda mais delirante, ao New Deal, não passam de falácias. Biden não está assumindo o poder em uma situação propícia ao equilíbrio capitalista em geral, muito menos para o imperialismo estadunidense. O novo governo tem que administrar a crise causada pela pandemia e a recessão. Em primeiro lugar, a administração lenta e arbitrária das vacinas já está gerando muita tensão. É evidente para amplos setores que as vacinas irão gerar grandes lucros para a odiada Big Pharma e que os setores mais privilegiados globalmente terão acesso primário a elas. Mas, mais importante: não está claro se a economia dos EUA pode se recuperar de forma rápida e eficaz, ou se essa recuperação será concreta. Ainda não existe um plano B para a recuperação dos lucros capitalistas aos níveis pré-crise em 2008. Isso para não falar da competição Inter imperialista em curso com a China e a UE que coloca o imperialismo dos EUA em uma situação mais vulnerável do que o normal.

E agora que os democratas ganharam com sucesso o Senado depois de ganhar duas cadeiras nas eleições de segundo turno da Geórgia, eles terão mais dificuldade em se esconder atrás de brigas bipartidárias como desculpa para não fazer concessões à classe trabalhadora que carrega o fardo da crise capitalista. Além disso, eles serão confrontados com o fato de que irão liderar os ramos executivo e legislativo no meio de uma recessão econômica que certamente atacará ainda mais a classe trabalhadora para salvar os interesses capitalistas, como a escolha de membros do gabinete de Biden previu.

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Isso sem mencionar o fato de que o Partido Democrata é confrontado com sua própria crise interna entre a ala do establishment - liderada por Nancy Pelosi e Chuck Schumer - e a ala progressista - incorporada no Squad e Bernie Sanders - que são a expressão política do crescente descontentamento com a liderança do Partido Democrata. Essa insurgência conseguiu conter um crescente movimento de esquerda nos Estados Unidos e revigorar o Partido Democrata, mas como os democratas provavelmente serão forçados a implementar medidas de austeridade no futuro, essas tensões provavelmente chegarão a um ponto de ebulição. Embora o Partido Democrata esteja agora unificado em seu objetivo de liderar os EUA para a próxima grande "Restauração" após quatro anos de Trump, suas divisões internas - a expressão crescente à esquerda da polarização política e uma crise de representação na base diversa do Partido Democrata - foram apenas remendados e não podem ser contidos para sempre em um contexto de crise capitalista.

GOP de frente para o precipício

As divisões sobre a certificação dos votos do Colégio Eleitoral na quarta-feira já mostravam uma profunda crise envolvendo o segundo dos dois partidos imperialistas mais poderosos do mundo – o Grand Old Party (Partido Republicano), mas a reação desse partido à tomada do Capitólio apenas acelerou este processo, criando divisões cada vez mais profundas entre os republicanos do establishment e a ala Trump.

Essas fraturas dentro do partido chegaram ao auge mais recentemente quando o senador Mitch McConnell, um fervoroso defensor de Trump durante sua presidência, enfrentou Trump sobre o projeto de estímulo e o orçamento de defesa. Essa situação foi ainda mais longe na preparação para a sessão conjunta do Congresso, quando McConnell pediu que o Senado e os republicanos da Câmara não contestassem os votos do Colégio Eleitoral. McConnell foi acompanhado por Mike Pence, outro aliado consistente, embora morno, de Trump, que atraiu a ira de Trump ao se recusar a contestar a legitimidade dos votos eleitorais. Essas rupturas marcaram uma mudança na tolerância dos republicanos do establishment em relação ao show político de um homem de Trump, que colocou McConnell e seus aliados contra os resistentes de Trump como Ted Cruz e Josh Hawley, que liderou uma equipe de 12 senadores que a princípio se opuseram à certificação, junto com 100 republicanos na Câmara dos Representantes.

Enquanto uma horda de apoiadores de Trump, raivosos e de extrema direita, tomavam o prédio do Capitólio, interrompendo as sessões do Congresso e enviando senadores e representantes para se esconderem sob suas escrivaninhas, este bloco de apoio a Trump começou a vacilar. Ao final, seis senadores e 121 deputados optaram por contestar os votos eleitorais para o Arizona. Agora está mais claro do que nunca quem vai defender as instituições dos EUA como elas são e quem vai ficar do lado de Trump no próximo período na esperança de ganhar influência política com a ampla base social de Trump.

Esta crise está fermentando dentro do Partido Republicano desde antes de Trump assumir o cargo, à medida que o Partido Republicano se tornou cada vez mais incapaz de conter os produtos de extrema direita da crise capitalista de 2008 que levou Trump ao poder em 2016. As divisões sobre a invasão do O Capitol - com um setor crescente de republicanos tentando se distanciar de Trump - tornou essas fissuras inegáveis. Não está claro se o GOP (Grand Old Party) será capaz de trazer os apoiadores de Trump de volta ao rebanho ou se esses elementos podem quebrar em sua própria formação política.

Com a crise econômica e a pandemia apenas exacerbando a desintegração social que levou Trump ao poder em 2016, com ou sem Trump no cargo, a estabilidade dos dois partidos imperialistas enfrentam crises de hegemonia; um número crescente de pessoas tanto de esquerda quanto de direita estão perdendo a fé na “democracia” dos EUA e não vêem seus interesses representados por nenhum dos partidos. Não é improvável que a expressão mais correta desta crise continue no caminho do populismo, seja dentro do Partido Republicano ou não.

Além da conjuntura imediata

O que aconteceu em Washington na quarta-feira é apenas um sintoma de uma crise muito maior no regime dos EUA. Em última análise, é menos relevante o curso que o regime americano toma para sair da crise atual; a preocupação mais substancial são as grandes contradições que continuarão a moldar o futuro. Do ponto de vista econômico e social, é claro que o mais importante é acompanhar de perto o desenvolvimento da crise econômica e social como consequência da pandemia e da depressão de 2020. Do ponto de vista político, o mais dinâmico (isto é, o que está mudando mais rápida e abruptamente) é a crise das instituições americanas. Todas as instituições que garantiram a estabilidade do regime imperialista estão em crise: o colégio eleitoral, o senado, os dois grandes partidos, a polícia, o tribunal supremo e até a presidência.

O questionamento das instituições de direita e de esquerda é um elemento de grande instabilidade, especialmente com uma crise econômica em curso. Se a crise desenvolver fenômenos de luta de classes como o que vimos no início da pandemia com trabalhadores da linha de frente lutando contra condições de trabalho inseguras ou a escalada do movimento antirracista de maio, há uma grande oportunidade para a esquerda se fortalecer e construir uma alternativa política e lutar pelos explorados e oprimidos, sem depender do Partido Democrata. Se a luta de classes não se desenvolver, o que é improvável, e a política de reforma prevalecer em um momento em que o capitalismo dos EUA tem pouco espaço para reformas, as tendências para fortalecer a ultradireita aumentarão. No entanto, maiores tensões estão por vir e a sinergia entre o nacional e o internacional, ao se tratar do imperialismo americano, será a chave nos próximos meses.

A esquerda tem que tirar conclusões rapidamente. A luta de classes deve ser desenvolvida onde quer que apareça, e a esquerda deve apoiar a resistência contra a austeridade capitalista e a opressão racista com um programa que visa questionar o capitalismo como um todo. A subordinação ao Partido Democrata é um câncer que atinge grande parte da esquerda norte-americana: há espaço para a construção de uma organização da classe trabalhadora e dos oprimidos totalmente independente do Partido Democrata. Tal organização deve servir para aprofundar a luta de classes contra nossos inimigos, para avançar a auto-organização dos trabalhadores e oprimidos e para se preparar para enfrentar os neoliberais e a ultradireita nas urnas, nas ruas, nas comunidades e locais de trabalho, mas também no domínio das ideias e da teoria.

Como mostra o desastre de ontem, confiar na burguesia para lutar contra a ascensão da extrema direita é uma estratégia perigosa e perdedora; a classe trabalhadora e oprimida devemos propor nossas próprias soluções. Quando a extrema direita ataca, devemos lutar com unhas e dentes – em nossos sindicatos e movimentos – para convocar mobilizações de massa e autodefesa contra essas ameaças. Em última análise, os eventos ultrajantes no Capitólio são a expressão do declínio de um sistema racista e não democrático governado por um ninho de parasitas que governam pelos interesses dos super-ricos e de Wall Street.




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