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REPERCUSSÃO INTERNACIONAL LULA | A imprensa internacional em polvorosa com a detenção de Lula

Apesar das informações da Polícia Federal de que não houve pedido de prisão de Lula nem de sua esposa Marisa, e de que os mandatos de apreensão e condução coercitiva não tem relação com a anunciada delação de Delcídio do Amaral, a mídia internacional enfatiza a delação de Delcídio do Amaral naquilo que foi “o mais duro golpe contra o ex-presidente”, como diz o El País espanhol.

André Barbieri São Paulo | @AcierAndy

sexta-feira 4 de março de 2016 | 13:14

O jornal britânico The Guardian enfatizou o papel de Delcídio do Amaral na operação desta manhã. “O inquérito está baseado no testemunho dado como parte da delação premiada pelo senador petista Delcídio do Amaral, que alegadamente acusou o ex-presidente de tentar comprar o silêncio de testemunhas, inclusive Nestor Cerveró, ex-diretor da Petrobrás”.

O também britânico Financial Times, periódico do capital imperialista e das finanças, relacionou a operação da PF com o andamento do processo de impeachment contra Dilma, “a detenção de Lula, tão popular dentro e fora do Brasil que o presidente Barack Obama o chamou ‘o cara’, marca a maior ameaça à já frágil manutenção no poder da presidente Dilma Rousseff, sua protegida, também do PT”. Completa dizendo que Lula e o PT “receberam favores de grandes empreiteiras em troca dos contratos com a Petrobrás”.

Sobre a relação com Delcídio, o Financial Times anuncia que “a alargamento do inquérito segue o vazamento do testemunho do senador Delcídio do Amaral, que contém acusações de corrupção contra Lula e Dilma, em relação à Petrobrás”.

Em agosto, este jornal se posicionou a favor da permanência de Dilma no cargo, dizendo que sua queda levaria “à entrada de um outro político medíocre”, e que a necessidade era concentrar um pacto firme pela aceleração dos ajustes contra os trabalhadores e o povo.

O New York Times mira “as dificuldades econômicas do país” e a “operação contra Lula” como fatores que deixam ainda mais incerto o futuro de Dilma, além de dificultar as possibilidades de Lula em 2018. “O movimento contra Lula levanta dúvidas sobre seu futuro político e as ambições do PT para reter a presidência”. Esta posição sem delineação clara também se diferencia do apoio a Dilma conferido pelo jornal em agosto de 2015.

O maior destaque foi dado pelo francês Le Monde, que na página de abertura de seu site estampou uma foto de Lula sob a frase: "O ex-presidente brasileiro Lula em detenção provisória em um caso de corrupção".

“Na véspera, havia já uma avalanche de acusações de corrupção no escândalo da Petrobrás que escandalizou o país,” acrescenta o diário francês.

Na Alemanha, o site da revista Der Spiegel deu destaque à ação da PF. O texto afirma que "desde 2014 a maior economia da América Latina tem sido estremecida pelo grave escândalo de propina da Petrobras". A rede "Deutsche Welle" também mantinha a operação entre suas principais notícias, com o título "Ofensiva contra o ex-presidente brasileiro Lula da Silva".

No Estado espanhol, a rede El País noticiou, por sua vez, que “Trata-se do mais duro golpe até o momento contra o ex-presidente, sobre o qual pesavam suspeitas há muito tempo: foi acusado de ser ‘um dos principais beneficiários’ de um sistema de desvio de dinheiro que ‘favorecia empresas que se enriqueciam às custas da estatal’”.

Termina dizendo que “os efeitos da Operação Aletheia podem ser catastróficos para o Governo e para Lula, que tinha esperanças de ser o candidato a presidência novamente em 2018”.

Interesses do imperialismo no Brasil

É inegável que o imperialismo tem grandes interesses no destino da Operação Lava Jato. Como denunciamos na investigação do Esquerda Diário sobre as delações premiadas, grandes multinacionais como a anglo-belga Shell, as norteamericanas Exxon Mobil e Chevron (que tomou o petróleo argentino com a entrega por parte de Cristina Kirchner e Macri), tem interesses em se apoderar do pré-Sal com os favores que Serra e Dilma prestaram ao “desobrigar” a Petrobrás dos 30% de participação na administração dos poços e operação das plataformas. Além disso, vimos que a disputa inteira, que envolve Sergio Moro (ligado ao PSDB e cuja esposa é advogada da Shell), tem origem na ameaça de quebra do monopólio de navios-sonda de algumas megacorporações por parte da Sete Brasil.

De agosto para cá a mídia imperialista veio “suavizando” sua negativa em aceitar o impeachment como solução, para impor maior pressão pelos ajustes e forçar uma entrega que já está em curso pelas mãos do PT, do PMDB e do PSDB. Com a recessão crescente no país, a inflação e a instabilidade política, exigiram um compromisso dos partidos burgueses pela aceleração dos ajustes. Dilma, que segue o receituário do imperialismo, deu um salto qualitativamente à direita no governo com a entrega do pré-Sal, as privatizações e a reforma da previdência, como a melhor estratégia do governo para conquistar o apoio do capital estrangeiro para frear as alas mais aventureiras da oposição.

Esta flutuação na posição do imperialismo são marca da chantagem e das ameaças do capital financeiro cujo único escrúpulo é espoliar o país.




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