Ministro do Exterior da época, Ernesto Araújo, e presidente Bolsonaro não mediram esforços para a compra de hidroxicloroquina, favorecendo empresas farmacêuticas e através de acordos e negociações informais.
segunda-feira 21 de junho de 2021 | Edição do dia
Imagem: Reprodução | Metrópoles
Documentos do Itamaraty que chegaram à CPI da Covid mostram as negociações que se deram entre abril e setembro de 2020 para a aquisição da hidroxicloroquina entre o primeiro ministro da Índia e o então ministro Ernesto Araújo e o presidente Bolsonaro.
Em março de 2020 a Índia proibiu em ato a exportação de hidroxicloroquina e a venda de insumos da droga sob risco para a demanda interna indiana. No Brasil, as empresas Aspen e EMS aguardavam a liberação da venda para a importação de insumos.
O Itamaraty se empenhou em estabelecer canais de comunicação e liderou negociações a favor das duas empresas, que contaram com uma carta do ministro do Exterior e uma ligação do próprio presidente ao primeiro-ministro da Índia.
Em abril de 2020, a Índia avaliou exportar 2,4 toneladas de insumos devido ao grande interesse do presidente e das empresas brasileiras, esperando vender cerca de 5 milhões de comprimidos da hidroxicloroquina para o Brasil.
As negociações esclarecem os projetos negacionistas do governo, que estava pronto para investir em milhões de comprimidos da hidroxicloroquina mas recusou a compra das vacinas. Além disso, as negociações de nada serviram à população brasileira, mas sim em benefício dos interesses de empresas privadas.
As negociações se estenderam até outubro de 2020, quando o Itamaraty cobrou do Ministério da Saúde uma resposta, ao que um assessor do ministro Eduardo Pazuello respondeu “não ser necessário proceder com a aquisição do medicamento”.
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