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UNIVERSIDADE | A crise financeira chega a Unicamp

sábado 16 de maio de 2015 | 00:01

Os últimos resultados divulgados pela Assessoria de Economia e Planejamento para o orçamento da Unicamp afirmam que a crise financeira chegou à Unicamp e os dados são preocupantes, pois as medidas que a reitoria indica tomar atentarão diretamente contra os trabalhadores da universidade. O déficit calculado para esse ano é de 82 milhões de reais, contados a partir dos recursos que a universidade recebe diretamente do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), das três estaduais paulistas será a que terá o maior buraco no orçamento. A previsão para os gastos não fala o quanto a universidade recebe dos milhares de contratos, licenças e projetos que tem com grandes empresas e os governos, tampouco fala para onde vai esse dinheiro.

Dentre as medidas anunciadas pela reitoria está o congelamento de contratação de funcionários para alguns setores e cortes na manutenção do campus. Essas medidas foram tomadas ainda sem levar em conta o reajuste de 7% (parcelado) nos salários proposto ontem, quinta-feira, na reunião unificada entre os reitores e as entidades de funcionários, docentes e estudantes. No ambiente universitário já era visível a necessidade de trabalhadores em diversas áreas, estes estavam sendo substituídos por trabalhadores da empresa de terceirização interna, a Funcamp, e outras empresas, como a Limpadora Centro, a tendência agora é o aprofundamento deste processo, ampliando a privatização e precarização do trabalho na universidade.

Durante a greve de 2014 a reitoria da Unicamp foi a única a afirmar que a universidade não estava em crise e já tinha proposto o índice de 5,3% antes do reitor da USP ceder pela força da greve dos trabalhadores. Como “reitoria do diálogo” a gestão de Tadeu Jorge tentava conciliar e acalmar a maior mobilização das estaduais, mas o verdadeiro diálogo que a reitoria busca fazer é com a privatização da universidade- não atoa as contas da universidade são rejeitadas pelo Tribunal de Contas há vários anos tanto pelos super-salários dos reitores e vice-reitores e pelos contratos obscuros com essas empresas.

Os assessores da reitoria que divulgam o orçamento sempre usam como base o ICMS para divulgar os “déficits”, “superávits” e planos para gastos, mas não abrem as contas da universidade. O que pode parecer óbvio para uma universidade pública, a divulgação do quanto e como é gasto o dinheiro público, não é feito. Não é dito nada a respeito sobre os 1 bilhão de reais que transitam dentro das altas cúpulas de interesses da universidade. Esse dinheiro, colocado por empresas como Samsung, Lenovo e Monsanto, é administrado com o intuito de privatizar cada vez mais a universidade pública, abrindo todos os tipos de contratos espúrios para suprirem uma suposta falta de recursos por parte do governo, mas não para o sustento de uma universidade que volte sua pesquisa, ensino e extensão aos interesses da população, mas, sim, aos interesses dessas grandes empresas.

Ao mesmo tempo em que Geraldo Alckmin pretende atacar a autonomia financeira das universidades estaduais alterando o texto que define a porcentagem do imposto que vai para as universidades no projeto de lei das Diretrizes Orçamentárias para 2016, percebemos que os recentes projetos para a educação tanto do governo estadual quanto do governo federal prezam pela privatização, como a tentativa de impor o PL4330 e o fato de que já estão entregando às famigeradas OSs a educação, como já fizeram com parte significativa da saúde. Ou seja, enquanto os milionários reitores discursam falando que o dinheiro público é insuficiente, tanto eles quanto os governantes desse país abrem espaço para a terceirização e entrega da educação para a iniciativa privada.

A crise financeira na realidade é a crise da reitoria como gestora, com seus privilégios são os que garantem a iniciativa privada dentro da universidade pública, significam a mão dos governos e empresas dentro da universidade. Se queremos construir uma universidade de fato pública e lutar por mais dinheiro público para a educação temos que ir contra os milionários e assessores das empresas dentro da universidade e não aceitar nenhuma de suas medidas autoritárias que buscam colocar nas costas dos trabalhadores a crise, o que afetará diretamente todos os setores. Para construir a universidade pública temos que ter democracia de fato em suas instâncias, a colocando sob o controle daqueles que realmente a constroem, jogando fora as burocracias que estão aqui para enriquecer seus bolsos e das empresas.

A saída para a crise da universidade não urge somente no que toca a ciência e a produção de conhecimento nesse espaços. Vemos que o desinteresse em atender a população passa também no atendimento hospitalar da Unicamp, com cortes de leitos e mortes nas filas que não são um problema para os dirigentes da universidade com mais patentes no Brasil. Para quem está dentro da universidade hoje podemos colocar concretamente na vida dos trabalhadores de Campinas e região e dos que precisam do serviço público de saúde que nossa luta contra a privatização e desmonte da universidade pública pode lhes afetar diretamente e garantir melhores condições ao experimentarem uma parcela do que pode oferecer essa universidade.




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