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BALANÇO DA GREVE NACIONAL DOS BANCÁRIOS | “A categoria sai fortalecida dessa greve para lutar pela retomada do Sindicato das mãos da burocracia da CUT/PT”

Entrevista com Thais Oyola, delegada sindical da agência Sé da Caixa

sábado 7 de novembro de 2015 | Edição do dia

ED: Qual a avaliação que você faz do acordo que pôs fim à greve?

Thais: Se comparamos o reajuste de 10% que conquistamos na luta, com a primeira proposta, que buscava impor um brutal arrocho salarial à categoria (5,5%, mais um abono tipo “cala boca”), é claro que houve um avanço, e pode parecer em alguma medida até a “vitória” que a direção do Sindicato tenta cantar. No entanto, esses 10%, é claro que não é suficiente pra responder à inflação real dos gastos de uma família. Nem falar se formos comparar com os lucros estratosféricos dos bancos, que cresceram cerca de 27%, mesmo com todo o discurso de “crise”.

Pior do que isso, é que a questão das condições de trabalho, do fim do assédio e das metas, da contratação de pessoal, e tudo aquilo que impacta diretamente no nosso dia a dia, não foi sequer discutido.

Quem estava na linha de frente da greve, sabe que ela entrou na sua quarta semana ainda numa dinâmica de crescimento, e que ainda havia condições para irmos por muito mais. E se isso não ocorreu, foi unicamente pelo papel traidor que cumpriram as direções da CUT, e seus aliados, de braços dados com o governo Dilma e os próprios banqueiros.

ED: Qual a relação entre as dificuldades encontradas na campanha e o ajuste do governo?

Thais: Já antes da greve começar, deu pra sentir o cenário difícil que íamos enfrentar, quando as direções governistas da CUT e CTB deram todo o peso para impedir a unificação da greve dos bancários com a dos trabalhadores dos correios, dos petroleiros, dos servidores federais.

O governo Dilma do PT e a patronal vêm impondo uma política de enormes ataques, seja sob a forma de demissões, do PPE, do arrocho salarial, dos ataques ao seguro-desemprego, PIS, etc.

Uma unificação real de categorias que têm um peso estratégico, poderia passar à ofensiva na luta adotando o objetivo claro de derrotar o ajuste do governo Dilma.

ED: E como responder a um cenário assim difícil?

Mais do que nunca, buscando a unidade com outras categorias de trabalhadores, e com a população de um modo geral.

Por exemplo, nós tentamos discutir as diferentes formas que o ajuste vai tomando, para atacar não só os trabalhadores mas também seus filhos, nos cortes na educação e na saúde.

Foi com essa consciência que nós do MRT e do Nossa Classe demos uma luta importante para que a nossa greve se unificasse com a mobilização dos estudantes secundaristas contra o fechamento das escolas, medida de ajuste do governo Alckmin do PSDB. Estamos contentes por termos levantado com força essa questão, conseguindo influenciar um setor dos grevistas nesse sentido, e mesmo outras correntes da oposição bancária que em geral são muito pressionadas por uma lógica meramente corporativa, de separar a luta da categoria com relação a outros setores da classe e da população pobre e oprimida.

ED: Quais perspectivas você vê para o movimento agora?

Thais: Acho que as perspectivas são bem positivas, apesar de tudo. Já vi em anos anteriores muito mais gente querendo se desfiliar do sindicato, com o discurso do “não adianta fazer nada, que não vai mudar”. Mas esse ano arrisco dizer que vem ganhando mais força entre os bancários a ideia de que nós temos que construir uma alternativa a partir dos próprios trabalhadores. O desafio é saber se a oposição bancária irá se colocar à altura dessa tarefa, e nós do MRT assumimos esse desafio de peito aberto.




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