×

OPINIÃO | A Lava Jato, juiz Sérgio Moro e o Impeachment: estão a serviço de combater a corrupção?

quinta-feira 10 de março de 2016 | 01:30

Em 2002, quando o Lula conseguiu ser pela primeira vez eleito presidente da república, o PT conquistou o cargo mais alto de administrador da burguesia. Por conta disso, teve que entrar de cabeça com as alianças espúrias com os outros partidos burgueses e também com acordos com grandes empresários e bancos na qual esteve a serviço nestes três mandatos. O caso da Petrobrás é apenas uma prova de que este governo está contra os trabalhadores e a população pobre.

Durante os dois mandatos de Lula e o primeiro mandato de Dilma o país ficou marcado pelo crescimento econômico quando foi possível dar algumas concessões aos setores mais pobres e também pelo fato das camadas mais populares poderem consumir. Ao mesmo tempo, os governos petistas foram marcados pelo crescimento do trabalho precário, por adotar algumas medidas privatistas e alianças com setores da direita.

Com a crise econômica capitalista que o país está passando, alguns setores da burguesia estão pedindo um ajuste fiscal mais duro que o governo do PT pode aplicar e com isso estão se organizando para desgastar o PT nas eleições de 2016/2018, mas também para impor um processo reacionário de impeachment. Neste sentido, os setores da direita, de forma oportunista aproveitando do caso de corrupção da Petrobrás, querem desgastar o PT e o governo de Dilma para conseguir impor ataques aos trabalhadores mais duros do que o PT está impondo.

Sérgio Moro e a Lava Jato são a solução contra a corrupção?

A direita brasileira está mostrando a operação Lava Jato como a solução ao combate a corrupção e o Sérgio Moro como o herói nacional. Assim como fizeram com a figura do ex-ministro Joaquim Barbosa, é prática da burguesia de fabricar uma imagem de um salvador em substituição à ação das massas. Esta visão do herói é colocada como uma pessoa que é inquestionável, na qual não se pode fazer nenhuma critica. A grande questão é: Sérgio Moro e a operação Lava Jato combatem a corrupção ou fazem parte de um regime político podre?

Sérgio Moro é um juiz que vive muito bem com o seu alto salário e suas enormes mordomias, que faz parte da casta de políticos e funcionários de alto escalão, casta esta na qual fazem o que bem entenderem e na qual os trabalhadores não possuem nenhum controle sobre ela. Esta casta de privilegiados só existe porque o Estado está a serviço da burguesia e precisa deste corpo para dominar os trabalhadores. Este é o mesmo Estado que faz acordos espúrios com os setores privados para usufruírem o setor público.

Esta grande operação se demonstra uma farsa a partir do momento que se preocupa em punir parte dos setores da burguesia e deixa impune outras alas da mesma burguesia. Um ano antes da operação que levou o Lula a depor para a Polícia Federal, o doleiro Alberto Youssef fez uma denúncia contra o senador Aécio Neves, do PSDB, sobre Furnas, o mesmo senador tucano que é considerado “o mais chato” para receber sua propina.

Seja qualquer cenário que desmembrar a atual crise política e a operação Lava Jato, o fato é que a corrupção vai continuar. Para combater a corrupção é preciso questionar os privilégios e a relação dos políticos burgueses com as grandes empresas e bancos. Não vai ser por via da Lava Jato e do Juiz Sérgio Moro que conseguiremos tal feito, mas sim através da mobilização independente dos trabalhadores. É preciso lutar por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela força dos trabalhadores para combater a corrupção efetivamente e questionar os privilégios dos políticos.

O fato é que nas mobilizações de junho de 2013, os políticos da burguesia foram altamente questionados. A operação Lava Jato de um lado visa canalizar este anseio da população, porém não no sentido de responder efetivamente este questionamento, mas sim de salvar este regime colocando que o problema está nos políticos que são as “laranjas podres” e não no sistema político que é podre até a medula.

A oposição de direita quer salvar o regime pela direita, alterando brutalmente a correlação de força pela direita para abrir espaço aos ataques muito mais duros contra a classe trabalhadora e enterrar o PT de uma vez por todas, pois este partido já começa a não servir mais para os interesses da burguesia. Conforme desmembramos em outros artigos, o Juiz Sérgio Moro tem envolvimento com setores do PSDB e com empresas como a holandesa Shell.

O fato é que com a eleição de Mauricio Macri na Argentina, mas também com a bancada de direita na Venezuela sendo maioria dentro do parlamento abre espaço para que a direita brasileira cresça e o petismo fique enfraquecido. No cenário internacional, a desaceleração econômica da China e a recessão voltando a Europa cria uma possibilidade muito grande da crise se aprofundar no Brasil nos próximos anos e com isso o cenário de ajustes mais duros ganha muito mais força.

O PT é responsável por fortalecer a direita.

É inegável que durante todos os anos que o governo PT fez alianças espúrias com a direita, atacou os direitos dos trabalhadores e dos setores oprimidos da sociedade, em muitas ocasiões manteve uma postura privatista e fez acordos com empresas privadas. O PT fez esta política porque governou para a burguesia e isso só fez com que setores de direita se fortalecessem, a ponto de planejarem o Impeachment do governo petista.

A prova mais viva é o Delcídio do Amaral, que foi líder do governo de Dilma no senado e que em águas passadas era membro importante do PSDB. Ou seja, um político burguês que corre em cada campo da burguesia quando vê que vai ser favorecido. Foi para este tipo de carreirista que o Partido dos Trabalhadores deu um cargo de extrema importância e acabou sendo engolido pelo monstro que alimentou.

Outro exemplo que podemos citar neste texto é o vinculo que o PT tem com o PMDB, onde foram cedidos inúmeros cargos importantes como o de vice - presidente do Brasil para o Michael Temer, mas também outros como ministérios. Durante os dois mandatos do presidente Lula e o primeiro mandato da presidente Dilma, estes setores tiveram muitas vantagens oferecidos pelo o governo Federal e agora estão querendo pular fora do barco.

Qual é a saída para combater este regime corrupto?

A saída pra combater este podre regime dos ricos atualmente é enfrentando a possibilidade de impeachment, mas também contra o governo da Dilma e o Ajuste Fiscal. Para combater a corrupção é necessário lutar pra que todo funcionário de alto escalão ganhe um salário de um professor da rede pública, que os políticos eleitos tenham mandatos revogáveis por dois anos, pelo fim do Senado e que os juízes sejam eleitos pelo voto popular. É preciso estatizar empresas como a Petrobrás colocando sob o controle dos trabalhadores e do povo pobre, para que as suas riquezas estejam das necessidades elementares dos trabalhadores e da população pobre. É necessário que a CSP CONLUTAS e a INTERSINDICAL exijam das direções sindicais majoritárias como a CUT, rompam com o governo de Dilma do PT e coloquem todo o seu aparato para investigar os crimes de corrupção expropriando todos os seus bens dos corruptos.

Para que isso aconteça é necessário impor através da força da mobilização dos trabalhadores e dos setores populares da sociedade, uma assembleia constituinte livre e soberana. É necessário desmascarar este regime que é raiz de todos os esquemas de corrupção que estamos presenciando, seja por parte do PT, mas também por parte dos crimes cometidos pelo os tucanos do PSDB e demais setores da oposição de direita.

O processo de impeachment não é a solução para os problemas de corrupção que atinge o país, pois quem assumiria no lugar de Dilma é o Michael Temer do PMDB. O PMDB de Eduardo Cunha presidente da câmera dos deputados e de Renan Calheiros presidente do Senado, representantes partidários que estão envolvidos até o ultimo fio de cabelo em casos de corrupção como a conta não declarada de Cunha na Suíça. Por sua vez, aqueles que estão organizando os atos da direita pelo Impeachment, como o que vai ocorrer no dia 13/03 estendem faixas dizendo somos TODOS CUNHA e tiram fotos como o atual presidente da câmera, como fez o Movimento Brasil Livre de Kim Kataguari.




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias