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74% dos trabalhadores da indústria automotiva estão com salários cortados ou "suspensos"

Os dados apontam que 79 dos 107 mil trabalhadores das indústrias fabricantes de carros, caminhões e ônibus estão submetidos a essa medida de redução de salários e suspensões de contrato que, ao contrário de servirem como garantia de emprego como quer fazer acreditar o governo, são mecanismos de proteção dos patrões frente à crise para que o ônus recaia sobre os trabalhadores.

terça-feira 28 de abril de 2020 | Edição do dia

Até a última segunda (27), 79,2 mil funcionários já tinham sido atingidos por reduções de jornada com redução de salário de até 70%, além de suspensões totais de contrato. Em ambos os casos o governo entra com uma parcela relacionada ao seguro desemprego, porém insuficiente para manutenção da renda anterior do trabalhador e sem que haja nenhuma segurança real de manutenção do emprego, já que segue sendo permitida a demissão sem justa causa.

Essa situação é possibilitada pela Medida Provisória 936, a famosa MP morte de Guedes e Bolsonaro da em sua versão 2.0. Além de não respeitar nem mesmo a constituição, que determina não poder haver redução de salário do trabalhador, a MP 936 permite que sejam feitos acordos até mesmo individuais entre o trabalhador e o patrão, reduzindo imensamente o poder de barganha do empregado em relação à negociações coletivas.

É a única saída?

Sob a justificativa de que a linha de montagem da maior parte da indústria automobilística está parada frente à pandemia, a multimilionária burguesia do setor se apoia na MP para proteger seus lucros enquanto o governo, com dinheiro público, ou seja, nosso dinheiro, destina menos que o mínimo necessário para a subsistência das famílias com o auxílio de R$ 600.

Mas se na pandemia é desnecessário produzir novos carros, por que então não reconverter a produção para equipamentos hospitalares de alta complexidade como os respiradores, tão necessários para salvar vidas, assim mantendo a produção e os salários integralmente, garantindo equipamentos de segurança para os trabalhadores? Porque falta racionalidade ao mercado, que só garante o trabalho em função do lucro.

Mas e onde estão os sindicatos?

Não poderíamos esperar nada menos neoliberal e de ataque aos direitos trabalhistas vindo desse governo, que se colocou descaradamente ao lado dos patrões aprovando a reforma da previdência, a reforma trabalhista e não está sendo diferente na condução da crise sanitária e econômica, mas e os sindicatos, onde estão?

Os trabalhadores da indústria automobilística que protagonizaram as maiores greves do país ao longo das últimas décadas, conquistando direitos, melhores salários, não seriam capazes de se mobilizar por suas condições de vida? É certo que sim, se houvesse responsabilidade das direções sindicais como a CUT e CTB, que, ao invés de organizar a classe operária, hoje, em sua maioria, estão protegidas em suas casas fazendo quarentena, sustentadas pela contribuição dos trabalhadores, enquanto sua base segue trabalhando ou tendo salários cortados e contratos suspensos. Mas no pior dos casos ainda há aqueles que estão diretamente aprovando os ataques à nossa classe, como a Força Sindical, a NCST e a UGT, que tem defendido a aplicação de pontos da reforma trabalhista, como os acordos individuais e as medidas de redução de jornada e salário.

Por um 1º de Maio classista e independente dos trabalhadores

É possível construir uma saída política independente dos trabalhadores para enfrentar tanto os ataques econômicos, que os governos e capitalistas vão querer seguir descarregando nas costas da nossa classe, quanto à própria crise sanitária que ameaça hoje nossas vidas.

Essa saída precisa ser independente dos sindicatos patronais que nos atacam pelas costas e também dos políticos que hoje se fazem de oposição ao negacionismo de Bolsonaro, mas são os mesmo que ontem reprimiam nossas lutas e desmontavam os serviços públicos de saúde. É por isso que estamos impulsionando esse chamado junto aos setores da esquerda classista, como o PSTU na direção da CST-Conlutas, a Intersindical, dirigida por setores do PSOL, com presença de várias organizações de esquerda para levantarmos nesse dia de luta as verdadeiras bandeiras dos trabalhadores e preparar a musculatura de nossa classe para enfrentar os desdobramentos da crise que estão por vir.




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