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Editorial MRT | 7 de setembro: enfrentar Bolsonaro, os ataques e a medida ditatorial de Doria nas ruas

Seguem tensões dentro do regime político entre extrema direita e direita, que tem o dia 7 de setembro como marco e vão seguir até as eleições de 2022. Bolsonaro quer demonstrar forças e articula suas bases reacionárias de militares, polícias, agronegócio e parte das Igrejas Evangélicas, com centro em São Paulo e Brasília.

sexta-feira 27 de agosto de 2021 | Edição do dia

Doria anunciou medida ditatorial para proibir manifestações em todo o estado de São Paulo, como o Grito dos Excluídos, querendo impedir que as forças de esquerda e dos movimentos sociais se expressem como oposição, utilizando isso para favorecer os atos do dia 12 convocados pelo MBL em nome da “terceira via”. Ambas as alas estão unidas contra os trabalhadores e o povo, passando diversos ataques. É fundamental a mais ampla unidade para ocupar fortemente as ruas no dia 7 e recolocar a esquerda e a classe trabalhadora como força política ativa contra Bolsonaro, Doria e todos os ataques, seguindo o caminho apontado pelos indígenas que ocupam Brasília.

Depois do refluxo das manifestações pelo “Fora Bolsonaro” que colocaram pela primeira vez durante a crise econômica, política e social aprofundada pela pandemia as forças de esquerda, da classe trabalhadora e dos movimentos populares nas ruas, o governo Bolsonaro e as forças mais reacionárias querem fazer uma demonstração de forças neste 7 de setembro. Querem intimidar o movimento operário e popular com discursos golpistas, o que devemos responder redobrando nossa mobilização nas ruas e a partir dos locais de trabalho e estudo, única forma de fazer a extrema direita recuar e de barrar os ataques em curso.

Como viemos analisando, há uma forte inflexão à direita na conjuntura política que combina duros ataques, como a MP1045, chamada de “mini-reforma trabalhista”, a privatização dos Correios, o atual ataque aos indígenas com a PL490 e a votação do Marco Temporal; com perseguições políticas, como vimos com a prisão de Paulo Galo, liderança dos entregadores em São Paulo, o pedido de prisão do ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos Antônio Macapá e as ameaças de demissões durante a greve da CPTM.

Frente à passividade das direções majoritárias do movimento de massas em convocar um plano de luta, com atos e os métodos da classe trabalhadora, começando por dar peso para o 7 de setembro, João Doria está fazendo um ataque absurdo que temos que impedir. Anunciou que quer proibir que saiamos às ruas no dia 7 em todo o estado de São Paulo. Não é mera coincidência que ele faça isso logo depois de ter se lançado mais fortemente como presidenciável da “terceira via”. Seu objetivo é fazer com que o protagonismo das ruas contra a extrema direita seja assumido pelo MBL e a direita tradicional, que está convocando o dia 12 de setembro, querendo se apresentar como aquele que pode adotar medidas duras contra a esquerda. Segundo ele, o “dia da oposição” será o dia 12. Um ataque autoritário escandaloso que não pode ser aceito.

Por isso, não podemos deixar sem resposta nem a mobilização bolsonarista no dia 7, nem a medida ditatorial de João Doria e nem a tentativa da oposição de direita neoliberal de tirar o protagonismo das organizações operárias e populares na luta contra Bolsonaro. Já vimos o que acontece quando se deixa avançar a direita, sem dar uma resposta com a força dos trabalhadores paralisando o conjunto da economia. Acabamos sofrendo um golpe institucional, e Bolsonaro no governo.

Fazer surgir com força renovada, através da mais ampla unidade, as forças de esquerda, da classe trabalhadora e dos movimentos sociais no dia 7 de setembro nas ruas é a principal tarefa do momento, como primeiro passo de um plano de lutas que é urgente colocar em movimento. Deixar as ruas para a direita e a extrema direita no dia 7, como diz Marcelo Freixo é apenas um conselho para deixar a direita seguir se fortalecendo.

Como ponto de apoio para esse plano de lutas podemos citar algumas lutas em curso como a exemplar greve da MRV que, com uma forte disposição dos trabalhadores, arrancou parte dos seus direitos; a greve dos trabalhadores da CPTM que enfrentou as demissões impostas por Doria; os terceirizados em Araguari em MG que organizaram sua luta por fora dos sindicatos, bloqueando rodovias com barricadas, fazendo a maior parte das empresas ceder às demandas dos trabalhadores; os rodoviários da Carris em Porto Alegre que adiaram a privatização da empresa com uma forte paralisação na última segunda; e outros processos moleculares de luta Brasil afora.

Tudo isso porque a extrema direita não vai recuar pelas mãos de medidas judiciais do STF ou pelas medidas de João Doria punindo um ou outro policial bolsonarista. Somente podemos confiar na força da mobilização para barrar a extrema direita e os ataques em curso. O caminho foi demonstrado pelos povos indígenas, que ocupam Brasília numa mobilização histórica contra o Marco Temporal, que é mais um dos ataques que unifica Bolsonaro, o STF, o agronegócio e diversos outros atores do regime político, tanto os que fazem discurso “em defesa da democracia” (muitos deles que foram atores e instituições promotoras do golpe institucional), como os abertamente golpistas.

Hoje, mais do que nunca se coloca na ordem do dia a bandeira por Fora Bolsonaro, Mourão e os militares. Para enfrentar o conjunto deste regime do golpe institucional de 2016 levantemos um plano de luta para derrotar todos os ataques. E lutemos neste caminho para impor com a força da nossa luta uma nova Constituinte, que seja livre e soberana.

Nas próximas semanas, unamos todas as energias para garantir uma grande manifestação neste 7 de setembro. Exigimos que as grandes centrais sindicais e às direções dos movimentos sociais uma fortíssima manifestação em São Paulo e em todas as cidades do país neste 7 de setembro, começando por convocarem amplamente aos atos da esquerda em todos locais de trabalho, universidades. As entidades estudantis e sindicais dirigidas pela esquerda deveriam estar à frente dessa batalha.




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