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DITADURA MILITAR | 614 ossadas de desaparecidos da ditadura são encontradas em Perus-SP

O Ministério Público Federal (MPF) recebeu no último sábado (15) as 614 ossadas que estavam em vala clandestina do cemitério de Perus, na zona noroeste da capital paulista.

quarta-feira 26 de agosto de 2015 | 00:00

Os restos mortais de possíveis desaparecidos políticos da ditadura ficarão armazenados em sala-cofre no subsolo do MPF em São Paulo até que a reforma no laboratório da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) esteja concluída, e as ossadas possam ser transferidas para a instituição.

No laboratório da universidade, já há 433 ossadas, o que fez atingir a capacidade máxima do local, que só deve ser ampliada após a reforma. O conteúdo de 385 caixas já foi aberto e verificado. Por meio de análise antropológica, arqueólogos estimaram o perfil biológico das ossadas, como sexo, estatura, faixa etária e possíveis traumas.

Do total já verificado, 85% são ossadas do sexo masculino. Existe também um percentual de 5% de crianças. Em 22% das caixas havia mais de um indivíduo, o que significa que o número de pessoas a serem identificadas pode ser maior que o estimado. Participam do trabalho de identificação arqueólogos, médicos, dentistas e geneticistas da Unifesp.
Laboratório

Segundo o ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Pepe Vargas, o ministério está em processo de contratação de um laboratório internacional que também se dedicará à análise genética das ossadas. O valor a ser gasto gira em torno de R$ 2 milhões.

O Cemitério Público Municipal de Perus foi usado durante a ditadura para enterrar secretamente militantes políticos assassinados e outras vítimas de violência no regime. “O direito à memória é fundamental e deve ser garantido pelo Estado e pela própria sociedade. A busca da verdade é tarefa fundamental de um estado democrático. Isso é fundamental tanto para que a sociedade compreenda a forma como a repressão se estabeleceu, quanto para que isso não se repita”, declarou o ministro.

O cemitério foi inaugurado em abril de 1971. Algumas ossadas foram descobertas na década de 1990 pelo Departamento de Medicina-Legal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 1992, foram identificados dois presos políticos cujos restos mortais estavam na vala clandestina de Perus: Dênis Antônio Casemiro e Frederico Eduardo Mayr. Naquela época, foram encontradas mais de mil ossadas enterradas na vala clandestina, colocadas em 1.049 caixas.

Os pactos que Dilma defende

A impunidade aos torturadores vem junto com a preservação do aparelho de repressão da ditadura e suas instituições. O SNI (serviço de espionagem da ditadura) foi mantido mesmo depois da constituinte de 1988. A justiça militar segue existindo e leis como a de segurança nacional seguem vigentes até hoje. As forças armadas preservaram seu papel constitucional de garantir a lei e a ordem. Tudo isso garantiu a continuidade de um aparelho de repressão que segue sendo utilizado contra o povo pobre das periferias das grandes cidades e contra as manifestações e organizações populares.

São esses pactos nacionais que hoje o PT reivindica abertamente, junto com PMDB e o PSDB. Pactos que abriram as portas para a aplicação dos planos neoliberais e as privatizações dos anos 90, que o PT critica mas mantêm e segue privatizando outros setores.

Enquanto Dilma e o PT se acomodam com meias verdades sobre o passado, iniciam o ajuste exigido pelos capitalistas para descarregar a crise econômica sobre os trabalhadores, A verdade histórica sobre a ditadura e o fim da impunidade aos militares e civis que colaboraram na repressão, a ruptura de todos os pactos que preservaram uma ordem social injusta e desigual, é mais do que nunca uma tarefa do presente.

Agência Estado/Esquerda Diário




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