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DOSSIE DIA DOS PROFESSORES | 5 razões para apoiar a luta dos professores

sábado 14 de outubro de 2017 | Edição do dia

Neste dia dos professores, diante da conjuntura política e econômica que afeta em cheio a educação, elencamos cinco motivos pelos quais toda sociedade deve e pode apoiar a categoria docente. Maior presente que esse não há.

1 – Hoje são eles, amanhã seremos nós

Muitas pessoas que hoje estudam serão professores quando se formarem. As conquistas trabalhistas e de melhorias na escola de hoje, mais do que surtir efeito na vida dos atuais professores e estudantes, ficará como legado para as gerações futuras, assim como a CLT ou outros direitos são heranças das lutas das gerações que nos antecederam. Senão serão professores, a maioria esmagadora exercerá outra profissão assalariada, o que coloca a todos nós numa mesma classe, a classe trabalhadora. Cada vitória ou derrota nas lutas sindicais ou políticas de determinada categoria é um exemplo a ser disseminado pro conjunto das categorias de trabalhadores. Umas mais que outras, mas a verdade é que nossa classe de conjunto sofre com a precarização de seus postos de trabalho e, como conseqüência, de sua qualidade de vida. Apoiar ativamente cada luta para que não morra isolada, tendo a chance de se disseminar e aprender com os exemplos positivos e negativos são caminhos para transformar cada luta de categoria em verdadeiras batalhas de classe.

2- O professor cumpre um papel importante pra toda sociedade

Médicos, engenheiros, psicólogos não formam profissionais de outras categorias, já os professores formam cada trabalhador das mais distintas profissões. De modo geral, desde que a educação básica foi universalizada no nosso país, podemos afirmar que todas as pessoas passam pela escola. Assim, os professores cumprem um papel central na formação de cada um desde a mais tenra idade. Se levarmos em conta que passamos metade ou mais das horas produtivas de nossos dias na escola, muitas vezes apenas com esse adulto como referência, fica ainda mais escancarado esse papel de formação dos indivíduos e, por que todos passam pela escola, do conjunto da sociedade.

3- Só a escola pública pode ser para todos

Numa sociedade de classes, portanto, desigual, a partir do momento que qualquer valor é cobrado para se ter acesso a algum espaço ou conhecimento, alguém com certeza fica de fora. Os professores Brasil afora têm protagonizado lutas exemplares em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade. Muitas vezes tendo, arbitraria e ilegalmente, seus salários cortados, recebendo ameaças das diretorias, governos e parte da sociedade.

4- Lutar por reajuste salarial é defender sim a educação pública!

Cada luta por aumento de salário (que muitas vezes é para o salário não abaixar, já que a inflação o diminui sistematicamente) e melhorias nas condições de trabalho buscam assegurar que o melhor de cada professor possa se relacionar com o melhor de cada aluno, já que a escola é um espaço de troca de conhecimentos. Sem formação continuada para se atualizar, com baixos salários obrigando-os a trabalhar todos os turnos do dia, salas de aula super lotadas, falta de reuniões pedagógicas, etc, como esperar um processo qualitativo de ensino aprendizagem?

5- Estão ao lado dos estudantes

Inúmeras vezes os professores demonstraram que estão ao lado dos seus alunos, seja nos duros processos de lutas, seja no dia a dia das escolas. Colocando-se contra o Projeto de Lei Escola sem Partido ou, mais corretamente, Lei da Mordaça para que a escola seja um espaço vivo e claro de debate, já que os próprios estudantes trazem suas questões para dentro da escola, já que, se assim não for e essa é a ideia do projeto, a escola se transformará, ai sim, na escola com um partido só: das direitas conservadoras quando não diretamente reacionárias, que não suportam diversidade étnica, religiosa, de gênero e sexualidade e que trata os estudantes como seres quase acéfalos, totalmente influenciáveis e sem personalidade e opiniões. Como toda instituição social, a escola reflete e é afetada pela realidade externa a ela. É uma grande hipocrisia pressupor que seu principal problema é a “doutrinação de esquerda” quando a regra são escolas e professores completamente fechados a qualquer tipo de debate, quando há tantas debilidades nas condições de ensino-aprendizagem. Ser contra o Escola sem Partido é defender que os alunos são sujeitos e que possam trazer seus dilemas e encontrar na escola um espaço de reflexão conjunta que, muitas vezes, lugar nenhum da sua vida oportuniza.

Outro exemplo emblemático foram as ocupações de escolas contra reorganização escolar (eufemismo para fechamento de salas, escolas e precarização ainda maior) dos governos do PSDB e PMDB, onde muitos professores apoiaram de distintas formas seus alunos, seja levando alimentos, contribuindo com espaços culturais e até ocupando conjuntamente.

Mas no dia a dia encontramos diversos exemplos, muitas vezes esquecidos e naturalizados como responsabilidades deles também, como a defesa de suas turmas contra as diretorias conservadoras e repressoras, contra tráfico que cerca e cobra a vida dos adolescentes, contra a violência domestica de pais que adentram a instituição para agredir seus filhos ou chegam machucados e violentados, apartando brigas, pagando com seu próprio salário materiais didáticos para algum projeto, etc.

O recente exemplo da professora Heley é a maior prova: diante de um incêndio criminoso, não pestanejou em retirar o máximo de crianças possíveis do meio das chamas, dando literalmente a própria vida por seus alunos.

Atualmente os professores do estado do Rio Grande do Sul estão em greve há mais de um mês contra o parcelamento e congelamento de salários (que já dura 22 meses!), ataque aos direitos trabalhistas, demissões e privatizações. Infelizmente, essa ofensiva contra a classe trabalhadora se estende para todo o país e, também infelizmente, quase que de maneira isolada esses corajosos professores tem se enfrentado com o governo de Sartori e Marchezan, PMDB e PSDB, É necessário cercar de solidariedade e de apoio ativo os professores do RS, seja a partir de campanhas de solidariedade, de divulgações, mas principalmente de de fazer exigências aos sindicatos do RS e de todo Brasil para que organizem e convoquem cada categoria para a luta. Esse pode ser o caminho para não só não deixar a greve dos professores gaúchos acabar derrotada, como para transformá-la no primeiro foco de resistência a se espalhar por todo nosso país, elevando a luta dos trabalhadores brasileiros que já protagonizaram nesse ano duas grandes paralisações nacionais a verdadeiras batalhas de classe contra os governos e empresários que querem descontar a crise que criaram nas nossas costas. Precisamos retomar o caminho da greve geral!




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