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Dia da mulher negra latino-americana e caribenha | 25J: mulheres negras têm história!

25 de julho é dia da mulher negra latino-americana e caribenha e, apesar de uma data histórica, ainda batalha para ser reconhecida.

Jenifer TristanEstudante da UFABC

sábado 25 de julho de 2020 | Edição do dia

Em 1992, mulheres negras de mais de 70 países resolveram organizar um encontro, afim de debater os problemas e soluções conjuntas das mulheres negras, o objetivo era pensar como batalhar por suas demandas e resolver seus problemas, com esses fundamentos se consolidou o 1° Encontro de Mulheres Negras Latinas e Caribenhas que aconteceu em Santos Domingo, na República Dominicana.

Este encontro aconteceu entre os dias 19 e 25 de julho de 1992, por isso dia 25 de julho, dando origem a Rede de Mulheres Afro-Latino-americanas e Afro-Caribenhas, essa rede além de outras demandas deu uma batalha com a ONU (organização das Nações Unidas) para que o dia 25 de julho fosse reconhecido como o dia das Mulheres Negras Latino-Americana e Caribenha, lembrando o último dia de encontro dessa união para colocar o tema das mulheres negras em evidencia, virando um dia símbolo mundial de suas histórias de vida, uma história guerreira, combativa, de resistência das mulheres negras em relação a opressão de gênero, de etnia e de classe.

As mulheres negras têm história e uma delas é Tereza de Benguela

O Rei João I de Portugal que achava dominar a “América”, não podia ter controle de tudo e longe do que ele poderia alcançar, um pedaço do Brasil pertencia ao domínio de uma mulher, que além de tudo era NEGRA: A Rainha Tereza de Benguela.

No Brasil, em 2 de junho de 2014, foi instituído por meio da Lei nº 12.987, o dia 25 de julho como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, Tereza de Benguela é símbolo de luta contra escravidão, pois sua história é de muita resistência. Foi líder do quilombo do Quariterê.

O quilombo ficava na região do Vale do Guaporé, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no que hoje é o estado do Mato Grosso, quase na divisa com a Bolívia. Sob o comando de Tereza de Benguela o Quilombo se fortaleceu e cresceu, pois, ela desenvolveu a força militar e econômica, incomodando o governo que por 2 décadas atentou contra o quilombo e só obteve fracasso.

Tereza se mostrou uma grande líder: criou um parlamento local, organizou a produção de armas, a colheita e o plantio de alimentos e chefiou a fabricação de tecidos que eram vendidos nas vilas próximas.

Esse não é só um símbolo, é a história de uma mulher negra que assim como várias no Brasil que durante e depois, com o fim da escravidão, tiveram que lutar para garantir suas vidas e de sua comunidade.

Ter o nosso dia serve para mostrar que a história é cheia de fios de continuidade, que nos conecta a mulheres com grandes potencialidades, Tereza de Benguela, Dandara, Aqualtune, Luiza Mahin, Carolina de Jesus e tantas outras mulheres negras que construíram a história desse país e com suas vidas fizeram exemplo para todo o mundo, não à toa os capitalistas tiram essas histórias de seus livros, negam a identidade do povo negro e querem construir o imaginário do negro com pouco conhecimento, pouca habilidade, construir a história do negro mão de obra que não pensa, dócil.

Batalhar pelo fim do racismo e do capitalismo para defender as mulheres negras

Essa é a batalha das mulheres negras ainda hoje, que são chefes de família, trabalhadoras, donas de casa, cozinheiras, trabalhadoras da limpeza, professoras, operárias, terceirizadas e que seguem na batalha por mostrar suas potencialidades.

O capitalismo com o fim da escravidão, reservou as mulheres negras os piores postos de trabalho, as condições de saúde, moradia, educação e mesmo assim milhares de mulheres negras seguem na linha de frente pelo direito a vida.

Mas o capitalismo como sistema econômico é incapaz de conceder as mulheres negras direitos iguais dentro dessa sociedade, assim como fizeram nossos ancestrais na luta pelo fim da escravidão, precisamos nós como mulheres negras, junto a nossa classe, batalhar pelo fim do capitalismo e com ele com o fim do racismo.

Essa tarefa de classe ainda está colocada para nós e temos uma infinidade de exemplo, de mulheres que fizeram e que fazem história para nos espelhar, sem negociação com os capitalistas como fizeram em Palmares contra a coroa, sem acordo por dentro do sistema como fez Tereza de Benguela, sem mediação com o sistema e com os capitalistas de hoje, herdeiros da casa grande de ontem.

Daremos espaço para a construção de um mundo novo, sem opressão de classe, de gênero e racial, baseado na solidariedade e na igualdade, FAREMOS PALMARES DE NOVO!

Viva as mulheres negras lutadoras!




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