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1600 cadáveres serão descartados pela prefeitura de São Paulo para lucrar com cemitérios

Morte e impunidade são mais uma forma de lucro nas mãos do PSDB de Dória, Bruno Covas e dos investidores envolvidos na corrida pela privatização de tudo em São Paulo, inclusive da morte.

quinta-feira 28 de junho de 2018 | Edição do dia

Hoje o município de São Paulo tem 22 cemitérios públicos, 15 agências funerárias, 118 salas de velórios e o crematório municipal da Vila Alpina, oferecendo 350 mil jazigos públicos, realizando mais de 45 mil sepultamentos e 10 mil cremações por ano na cidade. Números vistosos que fazem crescer os olhos do governo privatista e investidores que só pensam em transformar tudo que é direito, como o de ser enterrado após a morte, em negócios lucrativos.

Por que enterrar de graça os pobres e desaparecidos se tem muita gente querendo pagar por vagas nos “melhores cemitérios” da cidade, não é mesmo? A resposta para essa pergunta começou a ser dada em abril, quando a Prefeitura conseguiu que o Tribunal de Contas do Município derrotasse o embargo à privatização dos cemitérios públicos. Então, começou o processo para garantir o despejo dos mortos inconvenientes. No último dia 13 de junho, a Prefeitura obteve autorização judicial para começar a destruir 1.600 ossadas sem identificação, provenientes de exumações realizadas entre os anos de 1941 e 2000 no Cemitério da Quarta Parada, o cemitério do Brás, fundado em 1893, sendo um dos mais antigos na cidade de São Paulo com mais de 122 anos.

Esses serão os primeiros 1600 de uma expectativa total de 50 mil corpos indesejáveis que ocupam vagas como indigentes nos cemitérios da cidade, onde os homens de negócio e do Estado poderiam estar negociando vagas para quem pode pagar. Então a solução é simples, desaparecer definitivamente com esses corpos pobres, para dar lugar aos corpos que (“merecem”=pagaram) por um lugar ao sol.

Acontece que entre esses 50 mil cadáveres, dados como indigentes, não só a maioria é pobre, ou seja, destruí-los como lixo expressa uma política abertamente higienista, como muitos são desaparecidos políticos ou mesmos vítimas de "redesaparecimento" por responsabilidade do Estado, ou seja, pessoas que foram dadas como desaparecidas por suas famílias, foram identificadas pelo IML após a morte e mesmo assim foram enterradas como indigentes para economizar tempo, espaço e dinheiro do Estado, uma triste realidade de milhares desses corpos pelos quais até o hoje as famílias buscam, sem respostas, e depois da implementação dessa decisão do Estado, sem esperança.




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