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15 de Maio | 15M: uma só luta contra os cortes de Bolsonaro e a Reforma da Previdência

O movimento estudantil entrou em cena no Brasil e já fez Bolsonaro “fraquejar” ao vivo. Na última semana, de norte a sul do país, ocorreram atos de milhares de estudantes, dezenas de assembleias massivas e votações de paralisações para o próximo dia 15. Mais do que nunca, a juventude tem uma tarefa histórica: ser vanguarda na construção de uma saída independente junto à classe trabalhadora para que os capitalistas paguem pela crise, contra os ataques de Bolsonaro à educação e a Reforma da Previdência. Nosso futuro não está em negociação: é uma só luta.

Faísca Revolucionária@faiscarevolucionaria

segunda-feira 13 de maio de 2019 | Edição do dia

Desde as eleições mais manipuladas da história deste país pelo autoritarismo judiciário, como continuidade do golpe institucional e com a prisão arbitrária de Lula, Bolsonaro apontou no setor da educação um de seus principais inimigos, com professores, estudantes e a produção científica das universidades na mira de seu obscurantismo, suas falsificações históricas e perseguição. O projeto de país a que Bolsonaro está a serviço perpassa a necessidade de avançar contra os setores mais críticos da sociedade. A crise dos capitalistas precisa ser descarregada sobre a juventude e os trabalhadores, avançando na privatização das univerdades, com cortes monstruosos, e assegurando o grande ataque que eles querem aprovar no próximo período: sugar até a última gota de suor da classe trabalhadora, para que morra trabalhando com a Reforma da Previdência. Com isso, atacam especialmente as mulheres, negros e LGBTs que já ocupam os piores postos de trabalho.

A energia de cada estudante que se colocou nas assembleias das universidades e institutos federais, nos atos e que quer construir uma grande paralisação no dia 15 não pode ser usada como chantagem a serviço dos interesses das distintas alas burguesas. A necessidade de atacar a Previdência unifica todo o regime. Na irônica metáfora dos chocolates, com a qual Bolsonaro e Weintraub tentam manobrar os estudantes de que na realidade seriam 3,5% de cortes, apagam que, das verbas que efetivamente podem cortar (discricionárias), vão-se os 30%. Com os chocolates, fazem chantagem de que “quando se assentarem as contas”, essas verbas retornam. Isto é, como já disse o MEC, esse ataque, junto aos cortes de bolsas da Pós-Graduação, poderiam ser revistos caso a Reforma da Previdência seja aprovada. Querem fazer da educação moeda de troca contra a classe trabalhadora e o futuro da juventude, que já amarga desemprego, precarização do trabalho e é cotidianamente assassinada pela polícia racista.

Veja: O movimento estudantil entrou em cena e fez Bolsonaro "fraquejar" ao vivo

Mais do que nunca, é preciso dizer que nossa luta é uma só, porque, se Bolsonaro e Weintraub, buscam isolar as universidades e pintá-las como reduto dos privilegiados para atacá-las, o movimento estudantil possui o desafio de unificar suas demandas ao conjunto da classe trabalhadora e da população, a começar pelos professores, levantando-se contra os cortes na Educação e a Reforma da Previdência. Essa perspectiva, como uma só luta, é a que mais pode fortalecer nosso enfrentamento ao que Bolsonaro reserva às universidades.

Massificar e coordenar nossa luta: das assembleias a um comando unificado pela base

As reitorias que se dizem contrárias aos ataques à educação devem também se posicionar contra a Reforma da Previdência e garantir o direito, sem nenhuma punição a estudantes e trabalhadores, à mais forte organização do movimento estudantil e dos trabalhadores desde as universidades.

Não podemos depositar nenhuma confiança naqueles que querem canalizar nossa vontade de luta como parte das negociações de seus próprios interesses. Uma “oposição” que hoje se desenha, por exemplo, com Paulinho da Força busca “desidratar” a Reforma de Bolsonaro para fortalecer o “centrão” e sua própria Reforma, em suas palavras. Tábata Amaral, filha da Fundação Lemann e seus interesses privatizantes, faz demagogia com a educação e defende a Reforma. Por sua vez, o PCdoB, que dirige a UNE com a UJS, apoiou Maia na Câmara. O PT, que está à frente da CUT, apoia a Reforma, com alteração em alguns "pontos" que mantêm seu objetivo de nos explorar até morrermos, como o aumento do tempo de contribuição e da idade mínima, com seus governadores no Nordeste à frente. Enquanto as centrais se pintam de luta e discursam contra os ataques, buscam separar o setor da Educação que paralisará nesse dia 15 do dia 14 de Junho, convocado como greve geral. Nosso futuro não está em negociação. Sem uma estratégia de independência política frente a todas as variantes da burguesia, é impossível derrotar os ataques do governo à educação e a Reforma da Previdência.

Para que não seja essa a política que paute os rumos da nossa mobilização e para que tenhamos no dia 15 apenas o começo de uma grande batalha, cada estudante precisa tomar essa luta nas mãos, desde a base, para mostrarmos nossa força e incendiarmos outras categorias. Precisamos realizar assembleias em cada escola e universidade desse país, propondo a criação de comitês de base que ampliem nossa articulação com os professores, bancários, metroviários, rodoviários, petroleiros, operários da indústria e outras categorias de trabalhadores, para que nos articulemos de maneira unificada.

Desde agora é preciso exigir da UNE e das direções do movimento estudantil uma coordenação nacional das lutas contra os cortes e a Reforma da Previdência, com representantes eleitos em assembleias de cada universidade, Instituto Federal e também escola mobilizados, fortalecendo a auto-organização e a democracia de base para que essa luta de fato se massifique.

Até agora, o PSOL não desenvolveu uma política de combate à orientação das burocracias sindicais e estudantis, que são um obstáculo à unificação de estudantes e trabalhadores. Fazemos um chamado aos companheiros do PSOL para que coloquem suas entidades estudantis e sindicais a serviço dessa batalha, usando inclusive seu peso parlamentar e de figuras como Guilherme Boulos.

Por uma saída independente: é necessário levantar um programa para que os capitalistas paguem pela crise

Bolsonaro e Weintraub se valem de um discurso de que cortariam do Ensino Superior para investir no Ensino Básico. Isso se mostra uma grande falácia. Não só a educação pública de conjunto vem sendo atacada e o país de Bolsonaro e governos como Witzel é o país onde cada vez mais crianças perdem dias de aula por causa de tiroteios e repressão policial, como ocorreu nesta semana na Maré, como o próprio governo já declarou que corta na verdade para garantir os lucros dos banqueiros e do imperialismo. Através do mecanismo da dívida pública, nossas riquezas são sugadas aos grandes capitalistas que despejam miséria e exploração sobre a classe trabalhadora e a população. Anualmente esse roubo equivale ao orçamento de 200 USPs e 2500 UFRJs. Frente a isso, o movimento estudantil precisa apontar uma saída à crise de conjunto, que ataque as bolsas-banqueiro garantidas pela dívida pública e assegure o direito à educação e à aposentadoria. Por isso, é urgente levantar o programa do não pagamento da dívida pública.

Além disso, defender as universidades e a educação pública passa por defender um projeto de universidade e educação verdadeiramente a serviço dos interesses da classe trabalhadora e da população, e não das empresas. As universidades públicas, que a burguesia historicamente buscou apartar do conjunto dos trabalhadores, podem ter sua ciência e produção voltadas à resolução das grandes mazelas sociais. O movimento estudantil que se levanta pode derrubar seus muros.

Por isso, toda a juventude deve ter o direito de estudar sem, quando muito, entregar seus salários às universidades privadas, que se fortaleceram nos anos de governo do PT e agora vêem sua oportunidade de ouro com Bolsonaro, Guedes e Weintraub. Enquanto a extrema direita constrói seu discurso radicalizado contra as universidades públicas, precisamos de um movimento estudantil que também queira radicalizar o acesso, defendendo as cotas étnico-raciais e levantando o fim do vestibular junto à estatização das universidades privadas nas mãos da juventude e dos trabalhadores da educação.

É com essa perspectiva que nós da Faísca - Anticapitalista e Revolucionária viemos construindo as assembleias e atos e seremos parte das mobilizações nesse dia 15, fortalecendo a necessidade de uma voz independente da juventude por um programa e estratégia que de fato estejam a serviço de vencer Bolsonaro e arrancar outra perspectiva de futuro. Queremos debater com cada um que nossas vidas não merecem ser entregues às longas jornadas de trabalho até morrer, ou sob a mira da repressão policial, sem nenhum direito ao lazer, à cultura e à educação. Lutemos por justiça Marielle Franco e façamos ecoar a voz de cada um que sofre com as mazelas desse sistema capitalista em putrefação. Dizemos: da Argélia à França, a juventude se levanta, e chegou a nossa vez, são eles ou nós!

Confira também: Tese Faísca rumo ao CONUNE: São eles ou nós - que os capitalistas paguem pela crise




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