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OCUPAÇÕES NO RS | 150 escolas ocupadas no Rio Grande do Sul

Atravessando mais de 30 cidades espalhadas por todo o território gaúcho, o movimento de ocupações se amplia e ganha força a luta contra os ajustes e em defesa da educação pública no estado e no país.

sexta-feira 20 de maio de 2016 | Edição do dia

Foto: Escolas de Luta RS

A vida para o governador Sartori está ficando a cada dia mais difícil. O que começou com uma ocupação em Porto Alegre na quarta-feira passada (11), na Emilio Massot, se multiplicou para 150 escolas ocupadas por secundarias (número estimado pelo próprio CPERS - sindicato dos professores no estado - e pelas organizações presentes nas ocupações) e uma greve de professores da rede estadual que se amplia. O tamanho dos ataques por parte do governo do PMDB vem recebendo uma resposta a altura e promete crescer ainda mais.

Para quem está tomando conhecimento agora da situação da educação pública no estado, resumimos rapidamente a situação de calamidade e profundos ataques. Desde o ano passado o governador vem parcelando e atrasando os salários dos funcionários públicos; são dezenas de escolas onde a falta de merenda e merendeiros obriga os alunos a “estudarem” de barriga vazia; a falta de professores é gritante, em alguns casos não existem professores de português para mais de um ano do ensino fundamental; como resposta a essa crise, foi criada a PL44/16 que prevê o avanço da privatização do ensino público através da ingerência de fundações privadas na administração da escola; combinado a tudo isso ainda temos que aguentar o projeto de lei “escola sem partido” que busca doutrinar os alunos em uma suposta imparcialidade e no endurecimento do controle ideológico contra o pensamento crítico dentro da sala de aula - projeto que remete aos tempos da ditadura onde o professor não podia falar de política ou citar as perigosas ideias de liberdade ou coletividade.

Em resposta a tudo isso, e também incentivados pela enorme mobilização secundarista que se iniciou em SP no ano passado e agora atravessa os estados de Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e recentemente Paraná (com uma primeira escola ocupada em Maringá), os secundas vem travando uma dura batalha em defesa da educação pública.

Para além das necessidades que toda ocupação apresenta, como a doação de alimentos, colchões e cobertores, apoio contra as eventuais repressões da polícia e de agressores, organização de atividades, repressão por parte da direção, etc., até então não houve iniciativa capaz de unificar politicamente e organizativamente as dezenas de ocupações espalhadas pelo estado.

A necessidade de unificação aparece como algo natural diante da grandeza do movimento e do desenvolvimento crescente. Como o movimento vai unificar suas pautas? Pelo que lutam exatamente? Quais as principais reivindicações? Quem decide o rumo das ocupações? Questões como essas surgem naturalmente e não podem ser respondidas de maneira burocrática pelas entidades como UBES ou UGES ou por um acordo entre as correntes, como UJS, PPL, Juntos, PSTU, etc. É urgente a criação de um órgão democrático, onde todos os estudantes em luta possam decidir os rumos do movimento. Em SP, por exemplo, no ano passado criaram o comando das escolas ocupadas, onde representantes de cada escola, eleitos democraticamente em assembleias, unificavam as pautas, planejavam atos, respondiam pelo movimento para a sociedade e para a imprensa - ou seja, era um órgão democrático que efetivamente representava os estudantes em luta.

 Estudantes do Julinho aprovaram em sua assembleia a convocação de uma assembleia com todas as escolas ocupadas, iniciativa que pode apontar para esse caminho da auto-organização. É avançando em torno da organização e unificação das lutas que será possível dobrar o governo do Sartori.

Por fim, combinando a onda de ocupações em defesa da educação pública (que já chega nos universitários através das ocupações na UNIPAMPA com as enormes mobilizações contra o golpe no Brasil, é possível erguer um movimento que derrote de vez os ajustes de todos os governos (PMDB, PT e PSDB) e também essa ofensiva da direita através do processo destituinte da presidenta.




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