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COLÔMBIA
Santos se reunirá com Uribe para discutir os acordos com as FARC
Juan Andrés Gallardo
Buenos Aires | @juanagallardo1

O presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos, se reunirá com o ex-presidente Uribe esta quarta-feira. Os acordos com as FARC e as primeiras condições de Uribe.

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Passados dois dias desde o apertado triunfo do “Não” no plebiscito sobre os acordos entre o governo colombiano com as FARC, o presidente Álvaro Uribe, artífice da campanha pelo “Não”, ainda não havia iniciado contatos diretos com o presidente Santos. A renegociação sobre os chamados “acordos de paz” extrapolou os canais institucionais e Uribe preferiu expor suas condições no parlamento e nos meios de comunicação.

Recentemente, na tarde de terça-feira, se confirmou a reunião entre o presidente Santos e os ex-presidentes Uribe e Pastrana, que se realizará essa quarta feira na sede do governo.

Santos receberá separadamente os dois ex mandatários, primeiro Pastrana (1998-2002) e depois Uribe (2002-2010), informaram fontes da Presidência.
“Convidei Andrés Pastrana e Álvaro Uribe para dialogar nesta quarta-feira com perspectivas construtivas em prol da paz”, escreveu o presidente em uma mensagem na sua conta de Twitter, acompanhada da hashtag “Juntos Por Colombia”.
Tanto Uribe como Pastrana confirmaram os encontros pela manhã na Casa de Nariño, sede do Governo.

“O encontro que pedi ao presidente da República foi concedido pela manhã às 11:30”, escreveu Uribe.

Horas antes Uribe, líder do partido Centro Democrático e principal opositor ao “acordo de paz” firmado em Havana, se mostrou aberto a essa reunião em uma entrevista concedida a RCN Televisão.

Por sua parte, Pastrana, que durante seu mandato liderou os mal sucedidos diálogos de paz da zona desmilitarizada de 42.000 kilómetros quadrados em São Vicente do Caguán, escreveu outra mensagem mais sucinta: “Amanhã tomaremos café com o Presidente Juan Manoel Santos no Palacio (de Nariño)”

Pastrana havia se somado a Uribe para pedir o “Não” no plebiscito do último domingo sobre o acordo de paz firmado no dia 26 de setembro pelo Governo e as FARC após quase 4 anos de negociações.

Entretanto, os líderes de seu partido, o Conservador, pediram o “Sim” na referida consulta.

Após o resultado do plebiscito, o Centro Democrático de Uribe nomeou três delegados para dialogar com o Governo a respeito das mudanças que consideram oportunas.

Esses três membros são Óscar Iván Zuluaga, rival de Santos nas eleições presidenciais de 2014; seu companheiro de chapa para a vice presidência, Carlos Holmes Trujillo, e o senador Iván Duque, uma das novas figuras do uribismo.
Para dialogar con ellos Santos designó al jefe del equipo negociador del Gobierno, Humberto de la Calle; a la canciller, María Ángela Holguín, y al ministro de Defensa, Luis Carlos Villegas.

Para dialogar com eles Santos designou o chefe da equipe negociadora do Governo, Humberto de la Calle; a chanceler, Maria Ángela Holguín, e o ministro de Defesa, Luis Carlos Villegas.

As primeiras condições de Uribe

O ex-presidente Uribe que havia começado a campanha pelo “Não” rechaçando a proposta de acordo, com um discurso anticastrista e antichavista, e dizendo que se ganhava o “Sim” as FARC terminariam governando o país, foi moderando os eixos de sua campanha para se converter na garantia de “outros acordos de paz”. Um amplo setor dos que votaram pelo “Não” no domingo, o fizeram seduzidos por essa opção de conseguir novos acordos, mas com maiores restrições para as FARC. Uribe tocou uma corda sensível após anos de guerra e de uma brutal propaganda contra as FARC que foi sistemática por parte do governo e dos meios de comunicação, ao que se somou a catastrófica estratégia das FARC, que juntamente com diversos atos atrozes os afastaram cada vez mais das necessidades dos campesinos e do povo da Colômbia.

O ex-presidente mirou então sua campanha em dois aspectos “espinhosos” dos acordos: a condenação para aqueles membros das FARC que tenham cometido “crimes” e a impossibilidade de ocupar cargos políticos para todos eles. Dois pontos que colocados dessa maneira rompem com os eixos básicos dos acordos de Havana que determinavam uma “justiça transicional”, que julgaria especificamente cada caso com possibilidade de pena mas sem prisão, e que oferecia plenas garantias para se integrar à vida política outorgando inclusive um piso mínimo entre 5 e 10 bancas no congresso (asseguradas para além de seus resultados eleitorais).

Passado o plebiscito, Uribe apresentou suas primeiras condições para um novo acordo, usando o Congresso como palco. Lá lançou o que definiu como as propostas para avançar em um diálogo nacional.

Os três pontos, que pelo momento são bastante gerais incluem a “anistia a guerrilheiros”, a “proteção efetiva para as FARC” e “alívios judiciais para as Forças Armadas”

Com a anistia buscaria eliminar a “justiça transicional”, preparar uma ampla anistia para a maior parte dos membros das FARC e julgar em tribunais comuns aos dirigentes “que tenham cometido crimes”.

Com a proteção efetiva para as FARC se busca tratar de manter em um marco informal o que até o domingo estava definido dentro dos acordos como um acordo de cessar fogo bilateral, que deveria continuar com o depor das armas e a incorporação à vida política do regime colombiano. Esse último aspecto é rechaçado por Uribe.

Por último los "alivios para las Fuerzas Armadas", no son más que una garantía de impunidad lisa y llana para la corporación militar que fue responsable de crímenes atroces, falsos positivos, connivencia con el narco y los paramilitares.

Por último os “alívios para as Forças Armadas”, não são mais que uma garantia de impunidade lisa e llana para a corporação militar que foi responsável por crimes atrozes, falsos positivos, conivência com o narcotráfico e os paramilitares.

Tendo em conta o apertado resultado eleitoral do domingo, temos que ver até onde se pode “esticar” os acordos alcançados após quatro anos de negociações. As FARC pela sua parte insistem em que o resultado do plebiscito não inválida o aspecto jurídico dos acordos, e o próprio Ivan Marquez, chefe da delegação negociação em Cuba por parte das FARC, já questionou nas redes sociais que Uribe esteja encabeçando as renegociações (“Por que Uribe, chefe da discórdia, vai meter a mão no Acordo Especial de Havana, firmado entre o Governo da Colômbia e as FARC? ”).
Esta quarta-feira começa um novo episódio nas negociações, tendo como cenário de fundo a incerteza aberta após o triunfo do “Não” no último domingo.

Tradução: Yuri Marcolino

 
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