www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
ELEIÇÕES 2016
Algumas observações sobre as eleições municipais em Campina Grande (PB)
Gonzalo Adrian Rojas

Nas eleições municipais em Campina Grande (PB), segundo colégio eleitoral da Paraíba, município que tem oficialmente 274 mil eleitores, se apresentaram seis candidatos a prefeito.

Ver online

Duas oligarquias historicamente polarizam a política da cidade nos últimos anos, dois clãs: o dos Cunha Lima (tucanos) e os vinculados a Maranhão (peemedebistas), sendo que os dois hoje igualmente defenderam o impeachment, o golpe institucional. A duas semanas das eleições, a polaridade continua existindo mas com uma vantagem maior para os tucanos.

Romero Rodrigues, atual prefeito, é candidato à reeleição pelo Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) através da coligação: “Por Amor a Campina” integrada pelo PSDB / PP / PSD / PPL / PHS / PMB / PTC / PSDC / PRB / PMN / PSC / PTB. É importante lembrar que Campina Grande é a única cidade do Nordeste com hegemonia tucana, centralmente pelo peso político do Senador golpista Cássio Cunha Lima. Mesmo tendo seu cargo cassado em 2008 por unanimidade pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na época que era governador da Paraíba, por uso indevido de dinheiro público, desvio de verbas públicas que deveriam ir para a população, indo para o benefício próprio, durante todo o processo do golpe se apresentou como “paladino da moral”.

A base e o peso eleitoral do cassismo em Campina Grande, continua sendo importante, de forma que nas eleições presidenciais de 2014, por exemplo, para nos referir só a última, foi a única cidade do nordeste em que Aécio Neves ganhou de Dilma Rouseff, no primeiro turno por mais de 7% dos votos, com 39,46% dos votos para Aécio e 32,1% para Dilma, e no segundo turno por uma diferença ainda maior 58,02% para Aécio e 41,98% para Dilma. Isto dá uma dimensão de sua influência política.

Em relação a eleição para governador da Paraíba no mesmo ano, na qual foi candidato, Cassio Cunha Lima, mesmo perdendo a eleição no Estado no segundo turno, na cidade de Campina Grande, obteve 62,51% e Ricardo Coutinho (PSB) 37,49%, uma diferença substantiva.

Em relação as eleições municipais na cidade, na última pesquisa realizada pela 6Sigma Pesquisa e Consultoria Estatística LTDA, em parceria com o Correio da Paraíba, apresentada nesta quinta-feira, 15 de setembro, Romero Rodrigues (PSDB) poderia ser eleito no primeiro turno, já que teria um 44,5% dos votos válidos e como é necessário obter mais da metade destes (excluídos os votos em branco e os votos nulos) para ser eleito, em primeiro turno atingiria esse objetivo, sendo reeleito. A pesquisa está devidamente cadastrada mas pode ter objetivo político de dar como certo o triunfo de Romero Rodrigues ainda no primeiro turno. Fundamentalmente porque existe um alto grau de indecisos 21,2% a duas semanas das eleições.

Veneziano Vital do Rego, candidato a Prefeito pelo também golpista Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) se apresenta a través da coligação “Campina Pensando Grande” integrada pelo PMDB / PTN / DEM / PROS / PRTB. Na mesma pesquisa aparece no segundo lugar com 20,4 %. Veneziano na cidade foi um aliado histórico como parte do clã Maranhão, está pagando um forte preço político por haver apoiado o impeachment quando boa parte de sua base eleitoral foi contrária.

Por sua vez o candidato apoiado pelo governador do estado da Paraíba Ricardo Coutinho do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Adriano Galdino, através da coligação “Pra Mudar Campina” integrada PSB / PDT / PT / PSL / PR / PRP / PC do B / PT do B aparece no terceiro lugar nas pesquisas com 5,5 % de intenção dos votos. O governador do Estado é Ricardo Coutinho, do golpista Partido Socialista Brasileiro (PSB), ele defendeu uma posição contrária ao impeachment de Dilma, mas mesmo assim utilizou a Policia Militar (PM) para reprimir uma manifestação contra o golpe institucional e defender o golpista Cássio Cunha Lima na sexta-feira 02 de setembro. O Esquerda Diário foi o único jornal do estado que denunciou a repressão.

O que expressa esta porcentagem é a ausência de peso político do governador Ricardo Coutinho na cidade, estando seu candidato, muito longe dos dois primeiros.

Como observamos tanto o tanto o PT como o PCdoB apoiam o candidato do partido golpista PSB, Adriano Galdino, que junto com o governador do estado se opuseram ao golpe institucional, mas fazem parte de uma aliança ainda mais ampla com outros partidos, também golpistas na chapa como observamos na coligação. O que acontece em Campina Grande e no estado é só uma mostra da conciliação com a direita e com os golpistas que o PT e PCdoB fazem de norte a sul do país. Segundo o mapa das coligações elaborado pelo Núcleo de Dados do O Globo a principal coligação de candidatos a prefeitos do PMDB em todo Brasil é com o PT em números absolutos 648 coligações um total de 29,47% é o percentual das vezes em que a legenda participa em apoio ao candidato.

Arthur Bolinha pelo Partido Popular Socialista (PPS) através da coligação PPS / PV - Por Campina, por você é o quarto colocado na pesquisa com um 5,5% das intenções de votos.

David Lobão, por sua vez, é o candidato a prefeito pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) que tem 1,2% de intenção de votos, com menos possibilidade de intervenção nos diferentes meios de comunicação pela proscrição que a esquerda vem sofrendo nesse âmbito no plano nacional.

Por fim, Walter Brito Neto pelo Partido Ecológico Nacional (PEN) teve a candidatura indeferida mas entrou com recurso e tem 0,8% de intenção de votos.

Os que responderam que votariam em branco são 9,3%.

A pesquisa 6Sigma/Correio da Paraíba foi realizada entre os dias 9 e 11 deste mês, com 1.100 eleitores em 45 bairros de Campina Grande. Foi registrada no Tribunal Superior Eleitoral da Paraíba (TRE-PB), sob o número 04092/2016.

Em termos gramscianos esta disputa eleitoral em Campina Grande (PB) fica reduzida a pequena política, compreende as questões parciais e cotidianas econômico-sociais, se centra na disputa no interior de uma estrutura de diferentes frações da mesma classe política pela sua preponderância. Uma política cinza, sem horizonte estratégico.

Frente a hegemonia da pequena política é preciso que a esquerda retome o debate estratégico da grande política, a qual para o comunista italiano compreende a fundação de novos estados, a luta pela destruição, defesa e conservação de determinadas estruturas orgânicas. Para isto é central realizar um balanço político de todo o período para tirar lições sobre o que significou a política de conciliação de classes do Partido dos Trabalhadores (PT) e como abriu o caminho com seu fisiologismo, (ou seja assimilou os métodos de fazer política dos capitalistas) e com os ataques à classe trabalhadora, um somatório que se voltou contra seu próprio governo e no avanço da direita.

Isto é indispensável para organizar a resistência contra os ataques do governo golpista de Temer contra os trabalhadores e o povo pobre e para isso é preciso construir uma alternativa anticapitalista, que partir da intervenção na luta de classes enfrente esta direita dura.

A partir do Esquerda Diário, frente à pequena política e a podridão deste sistema político defendemos Abaixo Temer Golpista! E lutamos por uma saída política de fundo, uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização das massas, que tenha uma perspectiva anticapitalista e transicional, lutando por outros junhos.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui