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REPRESSÃO FRANÇA
O governo de Hollande e a oposição de direita acentuam o clima repressivo
Anália Micheloud

Sarkozy propõe “lugares especiais de detenção” para “possíveis terroristas”. Por sua vez, o primeiro ministro Valls reconheceu que existem 15 mil pessoas sob o monitoramento policial. Na quinta-feira 15 haverá uma jornada nacional de luta contra a repressão.

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Neste domingo, o primeiro ministro francês Manuel Valls reconheceu que existem 15 mil pessoas sob o monitoramento policial e de serviços de inteligência nacionais por “possível radicalização”, em meio a uma advertência de possíveis ataques. Quer dizer, uma verdadeira perseguição sob a marca da islamofobia e do racismo.

Valls declarou em uma entrevista à rádio Europe 1 que “vai haver novos atentados em Paris”, logo depois que teriam desmantelado dois possíveis atentados na semana passada; um na estação de trens Gare de Lyon, no centro da capital francesa, e outro, nas proximidades da Catedral de Notre Dame, de maneira a tentar legitimar através do medo, afirmando que “haverá vítimas inocentes”, a crescente militarização do país e as repressões, sob a vigência do estado de emergência, estendido em julho até o dia 26 de janeiro do próximo ano.

Uma Guantánamo francesa?

O ex-governante e candidato a presidência pelos republicanos, Nicolás Sarkozy, propõe criar lugares especiais de detenção para cidadãos franceses que estão “sob suspeita” de ter vínculos com membros do Estado Islâmico. “E não me digam que seria Guantánamo”, afirmou Sarkozy. “Na França, qualquer confinamento administrativo está sujeito a uma fiscalização posterior de um juiz”, agregou. Em julho, logo após o atentado em Nice, seu companheiro de partido e presidente da comissão encarregada de investigar os atentados de 2015, Georges Fenech, havia sugerido levar os suspeitos à ilha atlântica de Ré, onde há uma prisão que, segundo se diz, necessita ser renovada com urgência.

Hollande e Valls saíram rebatendo as declarações do ex-presidente. O mandatário francês, em um discurso na quinta-feira passada, apelou aos históricos valores da democracia francesa e se perguntou “Ocorre que Guantánamo e o Patriot Act têm preservado os americanos? Somos França e a democracia é nossa arma”. Por sua vez, o primeiro ministro agregou que “Se equivoca ao tratar de romper o gargalo do império da lei” em relação à proposta de Sarkozy. Já em julho, Valls havia se pronunciado a respeito. “Encerrar indivíduos em centros com a suspeita como única base, é moral e juridicamente inaceitável. Por outro lado, não seria eficaz. Meu governo não vai ser o que acredita numa ’Guantánamo à francesa’”, havia declarado.

Dessa maneira, pareceria haver para o oficialismo “o império da lei” quando o governo prende trabalhadores em seus domicílios como os portuários de Le Havre, conforme ocorreu na semana passada, gerando uma greve e bloqueios no porto como resposta a esta ofensiva do governo. Ou quando se esforça, junto com a Alemanha, para que a União Europeia legisle sobre o sigilo das mensagens do Telegram e WhatsApp, obrigando os aplicativos a colaborar na “luta contra o terrorismo” entregando trocas de mensagens para que possam ser utilizadas como provas em processos judiciais, mas, supostamente, sempre sob “o império da lei”...

Estes fatos, junto com a ofensiva racista e islamofóbica que se expressou durante o verão setentrional com a proibição do “burquíni” em numerosas praias do país ou com o confinamento desumano no acampamento de refugiados conhecido como “a selva de Calais” onde se encontram amontoadas quase 10 mil pessoas, e tem como “solução” a construção de um muro racista entre França e Inglaterra, são parte da situação do país, atravessado por uma crise política cada vez maior.

Há alguns dias atrás, o debilitado Hollande, o presidente mais impopular da França em décadas (tem apenas 12% de aprovação) e que acaba de somar-se à corrida presidencial mesmo que ainda não tenha formalizado sua candidatura, recebeu outro golpe com a renúncia de Emmanuel Macron, seu ministro de economia e finanças, que abandonou o governo para batalhar nas presidenciais de 2017 com seu novo partido “Em Marcha!”.

Ainda que se empenhe nos discursos em tomar distância do direitista Nicolás Sarkozy ou de Marine Le Pen, nas ações o governo “socialista” de Hollande já iniciou a militarização do país, a perseguição e a repressão, sob a bandeira da “unidade nacional” e da “guerra de civilizações”.

Nesta semana que começa, Hollande deverá se enfrentar novamente com o movimento de jovens e trabalhadores que sairão às ruas em sua luta contra a lei El Kohmri e a repressão do governo, para que nenhum manifestante seja condenado.

Neste 15 de setembro está convocada uma nova jornada nacional de mobilização, continuando a luta contra a reforma trabalhista e “seu mundo”, que inundou as ruas das principais cidades do país desde o mês de março e que a próxima quinta-feira demonstrarão novamente que “se tocam em um , responderão por milhares!”

 
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