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ISLAMOFOBIA
Violento ataque islamofóbico a mulher com niqab: um caso isolado?
Cynthia Lub
Barcelona | @LubCynthia

O violento ataque racista e islamofóbico a uma mulher com niqab em Barcelona não é um caso isolado. No Estado espanhol, aumenta a islamofobia, a xenofobia e o racismo institucional.

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FOTO: Plataforma Unidad contra o fascismo e a islamofobia.

Na última segunda-feira, no bairro de Ciutat Vella de Barcelona, uma mulher grávida vestida com um niqab (véu que revela apenas os olhos) foi agredida por dois homens quando passeava com seu parceiro e seus filhos.

Segundo o relato das testemunhas, os agressores, detidos nesta quarta-feira, começaram a gritar para a mulher por sua forma de se vestir até que seu companheiro os enfrentou em sua defesa. Os agressores começaram a empurrar tanto a mulher como o homem até que deram pontapé no ventre da mulher.

Esse não é um caso isolado. Segundo o Informe Anual 2015 sobre racismo no Estado espanhol apresentado pela Federação de Associações do SOS Racismo, houve 330 denúncias de discriminação racial e xenofóbica recolhidas nos Escritórios de Informação e Denúncia (OID) das associações do SOS Racismo nas Astúrias, na Catalunha, em Aragão, Guipúscoa, Biscaia, Madrid, Navarra e Galiza.

Uma quantidade que, além disso, não contém os casos não denunciados nas instituições, seja por medo da parte das vítimas ou porque não viam nestas nenhuma solução. De fato, grande parte dos casos de discriminação tem sua origem no racismo institucional.

Nesse sentido, Mikel Mazkiaran, secretário da Federação, destacou que “o racismo institucional e os conflitos com as forças de segurança seguem sendo os tipos de casos mais habituais. Além disso, observa-se um aumento em relação a 2013 das denúncias referentes a discursos de ódio e agressões racistas”, infoma a SOS Racismo Madrid.

Em Barcelona, o caso mais violento de racismo institucional é o que sofrem os trabalhadores ambulantes, os “top manta”, diariamente perseguidos, criminalizados e até presos devido a assédio e perseguição policial, a mando do governo de Ada Colau de Barcelona em Comú.

Por outro lado, diversos informes dão conta do aumento da islamofobia. Durante o ano de 2015, a Plataforma Ciudadana contra la Islamofobia informou que ocorreu um total de 278 incidentes, 567,35% a mais que no ano anterior. 63% desses casos se deram na Catalunha, na Comunidade Valenciana e em Madrid.

No ano de 2016, especialmente após os atentados de Bruxelas, ocorreram ataques racistas em sete mesquitas (em Denia, na Catalunha, em Granada, Madrid, Salamanca, Sória e Zamora) e em uma dúzia de municípios espanhóis.

O racismo e a islamofobia, longe de serem marginais, tornam-se um núcleo duro dos Estados europeus. Por um lado, frente à crise migratória, tal e como expressa sua reacionária política: construções de cercas militarizadas, campos de concentração chamados de “refúgio”, deportações massivas a golpes de bastão e gás.

Por outro, em nome da luta antiterrorista, o Estado espanhol, sincronizado com o clima repressivo europeu, foi fomentando o racismo e a islamofobia estigmatizante contra uma parte da população, particularmente explorada e oprimida, apontada como potencialmente perigosa.

Vimos isso também na França com a lei contra o “burkini” nas praias, obrigando as mulheres a tirarem suas roupas de banho sob ameaça de multas ou represálias.

Portanto, o caso da mulher com niqab, violentamente agredida, não é um fato isolado. Cada vez é mais comum ver casas e comércios de pessoas muçulmanas pichados, ataques a mesquitas e as cotidianas agressões. Sem dúvidas, um dos objetivos que marca também os Estados capitalistas, buscando o enfrentamento e a divisão na juventude e na classe trabalhadora, é exacerbar o racismo sob qualquer desculpa.

Tradução: Vitória Camargo

 
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