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LUTA CONTRA O GOLPE
Grito “Fora Temer’’ é ouvido em SJC, mas qual reivindicação deve acompanhá-lo?
Guilherme de Almeida Soares
São Paulo
Evandro Nogueira
São José dos Campos
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No ultimo sábado, 3, a manifestação que chegou a ter cerca de 200 pessoas, organizada por ativistas independentes, movimentos sociais e organizações políticas da esquerda, tomou as ruas do centro de São José dos Campos. O grito “Fora Temer” foi ouvido na cidade, na voz de jovens que defendem seu direito ao futuro e na voz de trabalhadores que defendem seus direitos conquistados por tantas lutas. Apesar de que no evento do facebook tenham sido listadas palavras de ordem em homenagem à Dilma, não se ouviu tais cantos durante a manifestação.

Após dialogar com a população nas principais ruas do comércio e no terminal de ônibus, a manifestação voltou para a Praça Afonso Pena, ponto de partida, onde os participantes fizeram um importante debate sobre qual resposta deve ser levantada junto ao “Fora Temer”, além de se decidirem pela organização de um novo ato, que ocorreu nesse 7 de setembro, com cerca de 80 manifestantes, remarcando a luta contra o golpe na cidade.

Um debate com a vanguarda

Desde o início desse ano, nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores (MRT), que impulsionamos o portal Esquerda Diário, estamos intervindo nas lutas e no ativismo político de SJC, junto a um importante setor de vanguarda de independentes, além das organizações da esquerda que atuam na cidade, como PSTU e recentemente o MAIS, além do PSOL em menor medida.

Com o novo cenário estratégico aberto no país após a consumação do golpe institucional, acreditamos que o debate ocorrido ao final do ato no dia 3 é muito importante e consideramos necessário que sigamos aprofundando a discussão para que esse movimento contra o governo golpista não seja canalizado pelo petismo e termine servindo apenas para a recomposição desse partido como instrumento interessante de dominação a serviço do capital - que é o que ele sempre foi e que Lula sempre faz questão de reafirmar, como disse esse ano na Av. Paulista, em ato após a sua condução coercitiva, que durante seu governo os bancos lucraram como nunca!

É preciso manter toda independência em relação ao PT

Consideramos bastante compreensível que amplos setores da população, ao se verem enojados com a cara e o discurso de Temer (para não dizer o método dele ascender ao poder e mais ainda seus planos de governo), logo pensem como medida imediata a realização de novas eleições presidenciais. Mesmo que sem grandes esperanças de que seja eleito um governo realmente transformador, essas pessoas sabem que mesmo assim já seria algo mais democrático do que esse golpista. E estão certas nisso.

O papel da esquerda, contudo, nesse caso consiste exatamente em debater com essa concepção, dizendo que não é por coincidência que setores como Marina Silva, que apoiou Aécio em 2014, já defendiam a realização antecipada de eleições presidenciais antes da consumação do impeachment. Assim como não é coincidência que após a consumação desse golpe a cúpula do PT tenha se reunido e tirado como linha política de agitação as “diretas já”. O que explica essa suposta coincidência é a percepção, por parte desses setores políticos, que são parte desse regime degradado, de que a via eleitoral ajudaria a restabelecer a legitimidade perdida pelo executivo - primeiro por Dilma e agora com Temer. A estratégia do PT nesse momento é agitar as “diretas já” como preparação para o “volta Lula”, que por sua vez nada mais é que uma proposta do PT para repactuar o regime com a direita - a especialidade desse partido, diga-se de passagem.

O problema das “eleições gerais”

Durante o debate na praça Afonso Pena alguns militantes do MAIS defenderam “eleições gerais” como fórmula alternativa ao “diretas já”, o que facilmente se comprova como limitado diante da disposição dos setores petistas em aderir a essa palavra de ordem, uma vez que de modo geral serviria para o desgaste do governo Temer, porém sem um questionamento mais amplo ao podre regime político, contribuindo, afinal, para o “Lula 2018”. Os companheiros acrescentam o complemento “com novas regras” como tentativa de levar à esquerda sua agitação, mas deixam intocada parte fundamental da articulação e operacionalização do golpe, qual seja, o poder judiciário, toca do Moro, do Gilmar Mendes, com seus salários de dezenas de milhares, cargos vitalícios e sem mandato popular!

"Fora Temer! Constituinte imposta pelas lutas para que os trabalhadores não paguem pela crise!”

A esquerda classista tem como tarefa nesse momento aprofundar o desgaste do regime político como um todo, suas diversas instituições e infinitos privilégios devem ser questionados. A profunda crise de legitimidade que afeta a política nacional tem que ser desenvolvida no sentido de uma ruptura pela esquerda. Essa política velha, feita por corruptos de todos os naipes, sempre servindo aos interesses de grandes empresários, não merece existir há tempos e somente a organização e luta dos trabalhadores, da juventude e dos setores oprimidos pode ser uma alternativa. Não é só o calendário eleitoral, o financiamento de campanhas ou o tempo de propaganda eleitoral na televisão que tem que ser questionados nesse momento. O questionamento ao conjunto do regime também se combina ao enfrentamento contra as medidas que esse regime se propõe aplicar, os mais graves ataques às condições de vida dos trabalhadores em décadas!

Por isso que nós do MRT defendemos que o complemento ao “Fora Temer” nesse momento deve ser uma “Assembleia Constituinte imposta pelas lutas!”, que ponha fim a tantos privilégios dos políticos, reduza seus salários ao proporcional de uma professora, revogabilidade, eleições também para o judiciário, além de medidas que garantam que não sejam os trabalhadores que continuem a pagar pela crise, proibindo demissões em massa, estabelecendo a escala móvel de horas de trabalho e reajuste automático de salários sempre que a inflação aumenta. Para isso é fundamental que a CUT e a CTB abandonem sua vergonhosa política de sempre seguir a linha do PT e construam a verdadeira luta contra os ataques, barrando a reforma da previdência, o desmonte da CLT e o avanço da terceirização.

*Fotos feitas por "Cobertura Mágica"

Confira mais aqui: Por que é um equívoco a esquerda defender "eleições gerais"?

Confira a declaração do MRT: PT quer transformar luta contra Temer e golpistas em "volta Lula" com "diretas já", não deixemos!

 
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