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DESEMPREGO NA INDÚSTRIA
Demissões crescem na indústria e afetam emprego no país
Leo Andrade
Campinas
Rauni Dias

Os número do IBGE sobre o emprego no Brasil são taxativos, o desemprego aumentou 23% no último trimestre comparado ao anterior. Na indústria a situação é em particular perversa para os trabalhadores, e os números de emprego não param de retroceder desde abril de 2014 com recuo contínuo na produção. É preciso armar os trabalhadores pela defesa do emprego.

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“2015 será um ano difícil para a economia brasileira”. Esta afirmativa é onipresente nos artigos de análises econômicas de todo o mundo. A única polêmica que permanece, ainda que sutil entre as opiniões, é se 2015 será um ano ruim, muito ruim ou extremamente ruim. Para os trabalhadores brasileiros, não resta dúvidas, se 2014 já não foi um ano bom, 2015 será ainda pior, e sem perspectivas de melhoria para 2016.

Desde que 2014 se encerrou com um crescimento econômico nulo (0,1%), para usar termos categóricos, as previsões para 2015 já anunciavam um golpe maior da crise internacional no Brasil. Mesmo os mais otimistas, que não querem dar o braço a torcer, falando sobre um “respiro”, que antes viam um possível crescimento de 2% do PIB, nesta altura do campeonato, os economistas mais otimistas já assumem um crescimento que mal chegará a 1%, com inflação chegando na casa dos 8,2% segundo dados oficiais do próprio governo (projeto da Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016). Ou seja, o cenário é, no mínimo, de estagnação.

Neste contexto, um número em especial ilustra o que isto tudo significa para a classe trabalhadora. A taxa de desemprego do Brasil já ultrapassou média da taxa de desemprego da América Latina, que é de 6,8% (OIT, 19/01/2015), chegando a 7,9%, 7,934 milhões de pessoas (Pnad Contínua - IBGE, 7/5/2015), com tendências de agravamento em 2016. Estes dados corroboram com a tendência de congelamento na criação de novos postos de trabalho, com claro retrocesso no setor industrial, e com crescimento pífio de outros setores. Com essa tendência o desemprego tende ainda a crescer com a inserção das novas gerações de trabalhadores que entram no mercado de trabalho sem abertura de novos empregos.

A situação na indústria

Na indústria a situação é uma das mais graves, podendo chegar a um retrocesso de 4,5% este ano, que se confirmado, superaria os já fracos números de 2014. No primeiro trimestre a queda no emprego foi de 3,9% em comparação com o primeiro trimestre de 2014 e de 0,4% em comparação ao trimestre anterior, segundo dados divulgados pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) nesta semana. No setor automotivo, das grandes montadoras de automóveis, o número de empregados vem se demonstrando menor, mês após mês, se comparado com o mesmo período do ano anterior, desde abril de 2014. Em 2014, o setor automotivo recuou 16,8% e puxou o setor industrial em geral para baixo, que teve queda de 3,2% no acumulado daquele ano (site do Estadão, 19/01/2015).

Na verdade, não é preciso ser um grande gênio da economia para verificar essa tendência. Nos últimos 2 anos, as principais montadoras do Estado de São Paulo chantageiam os operário com férias coletivas e PDV (Plano de Demissão Voluntaria), ao mesmo tempo que ameaçam com demissões de centenas, ou até milhares. 2015 essa realidade se acentuou. De uma só vez a Volks anunciou férias coletivas de 13 mil funcionários na sua maior planta, de São Bernardo do Campo. Mês após mês as grandes montadoras, entre elas Volkswagen, Ford e GM, revezam o centro das atenções dos cadernos de economia, anunciando planos de férias coletivas, PDVs e demissões. Vale lembrar que cada demissão nas montadoras, ou uma mera sinalização de demissões, significa uma reação de proporções equivalentes, ou até maior, nas pequenas e médias fábricas que produzem para estas, que por sua vez não aparecem nos cadernos jornalísticos de economia.

Outros dados da queda no emprego

Outro número ilustrativo do nível de desemprego é referente a região metropolitana de São Paulo. Uma das regiões mais industrializadas do país e com maior concentração populacional, possui uma das taxas mais altas de desemprego, sendo a construção civil o setor que mais fechou vagas. Segundo uma pesquisa do Dieese, a região metropolitana de São Paulo chega a 10,5%, cerca de 1,138 milhões de desempregados, perdendo apenas para Recife (12,1%), Distrito Federal (12,3%) e Salvador (16,4%).

Para piorar, o comercio, que motorizava o consumo interno aliado com o crédito e endividamento fácil disponível para a população, está sofrendo uma freada brusca devido ao aumento da inflação e do dólar. Este fato por sua vez também irá repercutir na indústria que produz para o mercado interno. Outro fator que poderá acelerar o retrocesso econômico, e agravar o índice de desemprego e demissões, embora muitas pesquisas parecem ter voluntariamente esquecido, são as crises hídrica e energética que permanecem colocando em risco as necessidades mais básicas da população e da produção em geral.

Frente a este cenário, para tentar acariciar a ganancia dos grandes empresários da indústria, o governo Dilma, junto com sua base aliada e setores da direita, aprovam medidas que visam flexibilizar as leis trabalhistas, incentivar a rotatividade dos postos de trabalho e baratear a mão de obra. São o PL4330 (já aprovada na Câmara) e a MPs 664 e 665 (esta última já aprovada na Câmara por esforço direto do PT), ajustes e ataques que visam garantir bons negócios para os capitalistas, retirando o pouco que resta dos trabalhadores. Estas medidas sinalizam para os investidores e empresas internacionais que o governo brasileiro está disposto a tudo para mantê-los explorando a mão de obra barata em nosso país, e realmente estão. Entretanto essas medidas não irão desestimular as demissões e o desemprego, muito pelo contrário. Caso o PL da terceirização seja sancionado poderá significar uma onda de demissões na indústria para a contratação de mão de obra ainda mais precária.

A conclusão de todos esses números, previsões e estatísticas é que 2015 já é um ano ruim para economia brasileira e, se depender dos capitalistas e governantes, será implacável contra os trabalhadores. As demissões deixam os movimentos e as organizações operarias na defensiva, encurralados entres os ajustes e o desemprego. Mas nenhum cenário é imperativo e imutável, a chave permanece sendo a luta de classes, os trabalhadores terão que lutar por seus empregos e contra os ajustes, e os metalúrgicos das montadoras de veículos já vem dando exemplos de que existe um outro caminho para esta crise onde os trabalhadores não perdem seus empregos. A chave é: demitiu, parou!

 
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