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ELEIÇÕES CAMPINAS
O significado sensível de uma campanha anticapitalista
Vitória Camargo

Sobre o significado sensível de uma campanha anticapitalista que tem ganhado as ruas de Campinas.

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“Oi, moço(a), licença, posso deixar com você?”. Entrego o panfleto. “Uma campanha diferente, para que todo político receba o salário de um professor...”

Nos últimos dias, tenho visto tantos rostos diferentes e repetido essas frases tantas vezes. Andei pelo centro, andei pela periferia, pelas escolas e creches, pelos Correios, por cursinhos, por pontos de ônibus, e bati nas casas das pessoas.

Um sol de rachar. Uma moça nos convidou para entrar. Disse que a juventude tem que se interessar por política e se propor a um novo futuro, criticou os representantes sindicais que não estão de verdade ao lado dos trabalhadores e defendeu a privatização, disse que os serviços são melhores. Respondemos que, quando a gente olha pra qualidade dos serviços públicos que nos oferecem, é normal a gente sentir isso, mas é justo pagarmos pra estudar, pra ter uma saúde de qualidade? Defendemos que tinha que ser público e gratuito mesmo, mas sob controle dos trabalhadores. Quem manja melhor dos serviços que a população utiliza se não os próprios trabalhadores e usuários? Ela concordou. Disse que apoiaria o Magrão.

Em um point LGBT da cidade, debatemos o direito ao aborto. Algumas meninas disseram que eram contra, afinal, o bebê não tem culpa. Uma garota no canto expressou timidamente concordância comigo; como podemos fechar os olhos às estatísticas de mulheres que morrem todos os dias em abortos clandestinos? Elas têm o direito de escolher, sim. O debate se instalou.

Batemos por um acaso na casa de um demitido da Mabe. Aquela empresa que “faliu” (entre centenas de aspas anticapitalistas), em que o patrão deu calote, e os operários a ocuparam. Apresentamos a proposta de uma lei contra as demissões, para que famílias não sejam jogadas na rua, enquanto os patrões salvam seus lucros milionários acumulados durante anos.

Um pipoqueiro discutiu a ditadura com a gente. Como tinha visto seu amigo “revolucionário” (suas próprias palavras) desaparecer na época. Como achava que essa tal democracia também não tinha jeito, está faltando emprego, educação... Só lutando mesmo. "É isso, moço, não achamos que apenas entrando as coisas vão mudar, nós queremos é causar na política dos ricos e fortalecer a luta dos trabalhadores".

Me perguntam o quanto eu ganho para distribuir aqueles panfletos. Espantam-se quando digo que não ganho nada, que faço isso porque acredito na força dessas ideias e que, inclusive, nossa campanha é financiada com o nosso dinheiro.

Não existe espaço vazio. Construirmos uma candidatura anticapitalista significa ousarmos disputar com nossas ideias o espaço que é dos ricos e poderosos não para transformá-lo, mas para denunciarmos como os políticos são privilegiados, como querem que paguemos a conta da crise, como esse sistema não dá mais porque a maioria da população não tem acesso à educação, saúde e transporte de qualidade, como ele é responsável pela morte de milhares de mulheres todos os dias e um longo etc. Construirmos uma candidatura anticapitalista significa ousarmos chegar aos mais amplos setores para dizer que o capitalismo não dá mais e que os políticos privilegiados e corruptos que vemos na TV são parte desse sistema podre. Construirmos uma candidatura anticapitalista significa que, quando vier uma nova ocupação de fábrica, uma nova greve de professores, quando vierem novas ocupações de escolas, contra todos os ataques que os golpistas querem despejar sobre nossas costas, estaremos com nossas candidaturas a serviço dessas lutas, para fazer ressoar nossos conflitos de classe.

 
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