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EDUCAÇÃO
Jovens que não são contemplados com FIES abandonam mais o ensino superior
Maíra Machado
Professora da rede estadual em Santo André, diretora da APEOESP pela oposição e militante do MRT

Reflexo da situação da educação no capitalismo. Sem dinheiro do FIES estudantes abandonam faculdades, o direito a educação é subtraído da juventude.

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Nesta segunda-feira (29), O Sindicato das Mantenedoras de Ensino Superior (Semesp) apresentou o Mapa do Ensino superior do Brasil. O mapa foi feito com base no Censo de 2014, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), e mostra dados da evasão universitária. De acordo com o estudo, no ano de 2014, a evasão de jovens que não foram contemplados com o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para cursar o primeiro ano em entidades privadas, foi 3,5 vezes maior do que a evasão daqueles que não foram contemplados.

Ainda segundo o estudo, a taxa de evasão é maior nas licenciaturas (27,9%) e engenharias (26,2%), enquanto nos cursos de odontologia (14,5%) e medicina (4,8%) as taxas são menores. Sobre a permanência, os dados revelam que os alunos de universidades públicas desistem menos do que os de entidades particulares.

De acordo com Rodrigo Capelato, diretor-executivo do Semesp, esse abandono é decorrente da instabilidade financeira para continuar no ensino superior. O diretor-executivo relata que a maioria das desistências ocorre no início da graduação.
Projetando os dados apresentados, é possível verificar uma queda de 3,6% no total de matrículas da rede privada em 2015. Para Capelato, a crise econômica e o enxugamento do Fies, além da redução de novos contratos assinados são as causas para essa expectativa.

Para o Ministério da Educação (MEC), o financiamento estudantil não é o único ponto para resolver o problema da evasão no ensino superior, já que este é um problema de alcance mundial e de natureza múltipla. Em outras palavras, para o governo interino golpista de Michel Temer, o abandono dos jovens do ensino superior deve ser encarado como uma questão ampla e nada se relaciona com a crise política e econômica que o país passa nestes anos, o que só reforça sua fala de “Não fale de crise, trabalhe!”. Isso porque os jovens, que são a maior parte dos desempregados, justamente por não terem formação e experiência profissional, devem engrossar o “caldo” dos desempregados, sem se preocupar com os estudos, para se submeterem aos trabalhos mais precarizados.

E sim, esta realidade se faz ainda mais presente nos jovens negros que vivem nas comunidades, pois estes já não têm o direito de estudar em escolas com qualidade, e mesmo quando conseguem se formar no ensino médio, não podem nem cursar um ensino superior, já que as universidades públicas são “bolhas” impenetráveis por estes jovens, e o acesso ao FIES, nas universidades particulares, tem sido dificultado pelo Governo Golpista.

Contudo, vale ressaltar que esses programas de financiamento público para universidades privadas também servem para afastar ainda mais os filhos da classe trabalhadora das ditas universidades com prestígio, mantendo-as com status elitista, enquanto enchem os bolsos das grandes corporações ligadas à educação, como apresentamos aqui. Mas, ao diminuir o FIES, os governos precarizam cada vez mais a educação pública, abrindo espaço para a privatização do ensino superior.

Em Santo André, vemos na Fundação (FSA) as enormes taxas de evasão e inadimplência; são quase 50% os estudantes que devem mensalidades e muitos que não conseguem se matricular. A FSA não oferece nenhum tipo de bolsa de estudo e não tem nenhuma política de permanência estudantil. A evasão na Fundação, que tem como carro chefe as licenciaturas, causa um impacto em toda a região do ABC que conta com enorme número de professores que se formaram ali.

Desta forma, devemos ressaltar a importância de políticas de assistência estudantil para os alunos das universidades particulares, pois esta política propicia aos jovens da classe trabalhadora a possibilidade de contato com várias áreas do conhecimento, das quais são privados desde o ensino básico. Mas devemos lutar por mais, por ensino público de qualidade para todos, em todas as fases de desenvolvimento, para termos cotas proporcionais à quantidade de negros na população estadual, pois é uma demanda urgente que torna possível o estudo de vários jovens.

Para que esta luta seja realmente levada a diante, a UNE e outras organizações estudantis devem sair do marasmo e tomarem a frente, em conjunto com a classe trabalhadora, para que estes e outros direitos sejam tomados e para que não paguemos esta crise.

 
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