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PARANÁ
Do luto à luta: segue a greve dos professores do Paraná, e sai chefe da PM e o Secretário de Educação
Simone Ishibashi
Rio de Janeiro

A greve dos professores do Paraná, que entra em sua segunda semana, foi deflagrada contra a tentativa do governador tucano de atacar as aposentadorias. E escancara que a suposta “pátria educadora” é cada vez mais a pátria da precarização da Educação.

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A greve dos professores do Paraná, que entra em sua segunda semana, foi deflagrada contra a tentativa do governador tucano de atacar as aposentadorias. E escancara que a suposta “pátria educadora” é cada vez mais a pátria da precarização da Educação. Atualmente, existem greves de professores estaduais em quatro estados do país: São Paulo, Santa Catarina, Paraná e Pará. Além disso, há greves em municípios como Goiânia, contra a prefeitura do PT, e em Macapá, contra o governo de Clécio, do PSOL. Se a crise da Educação e a precarização dos professores são cada vez mais difíceis de esconder, foi com a repressão do Paraná que a percepção desse tema deu um salto de qualidade.

As cenas de selvageria protagonizadas a mando do governo de Beto Richa do PSDB contra os professores do Paraná no dia 29 de abril, responsável por mais de 200 feridos, suscitaram reações por todo o país, e até internacionalmente. Não contente com a brutal repressão contra os professores, o governo de Beto Richa ainda declarou a greve ilegal, e de maneira absolutamente arbitrária cortou o salário dos educadores em greve, tal como fez Geraldo Alckmin em São Paulo. Diretores e chefes de núcleos de educação foram orientados diretamente pelo governo do estado do Paraná a tratar como faltas injustificadas as ausências de professores devido à greve. Mas todas essas medidas foram incapazes de impor o retrocesso do movimento dos professores paranaenses. Pelo contrário. As manifestações de apoio se generalizaram.

No dia 4 de maio professores de vários estados, abarcando desde o ensino básico até o superior, trabalharam vestidos de preto simbolizando o luto contra a repressão no Paraná. Essa campanha divulgada pelas redes sociais teve eco nas mais diversas regiões do país, e colaborou ainda mais para o desgaste do governo de Beto Richa, cujo apoio caiu vertiginosamente após a repressão contra os professores, alcançado 76% de desaprovação. O rechaço a Beto Richa ganhou até mesmo os estádios de futebol. Na final do campeonato paranaense 25.000 torcedores gritaram “Fora Beto Richa”. Isso demonstra que os professores, ainda que sejam extremamente castigados pelos governos de vários partidos, contam com um apoio significativo, que só aumentou depois da repressão. Entre os professores de outras regiões do país a mobilização no Paraná que já era uma referência importante pela greve de fevereiro desse ano, tornou-se emblemática para todos como demonstração concreta de como os educadores são tratados pelos governos.

Foi tendo esse pano de fundo que ocorreu no dia 05 de maio pelas ruas de Curitiba o ato de professores em repúdio à repressão, que reuniu dezenas de milhares de pessoas, seguido pela assembleia. Nela os professores paranaenses decidiram pela continuidade da greve, por uma maioria quase unânime. A principal reivindicação é a anulação da sessão realizada na Assembleia Legislativa em que o pacote de medidas que ataca as aposentadorias foi votado, enquanto a repressão aos professores ocorria do lado de fora.

E se aprofunda ainda mais a crise política aberta para o governo de Beto Richa. Os professores também exigiram a queda do Secretário Estadual de Educação, Fernando Xavier Ferreira, e do comandante da PM, César Kogut. E conseguiram. No dia 05 de maio enquanto a assembleia ratificava a disposição em seguir em greve, Fernando Xavier apresentou seu pedido de saída do cargo, e será substituído por Ana Seres Tentro, que não por coincidência é professora, tendo ocupado antes o cargo de superintende da Secretaria da Educação. Isso se combina à tentativa de contornar a repercussão da repressão aos professores, com o secretário de Segurança Pública do Paraná, Fernando Franschini, declarando que “não haveria justificativa para as imagens terríveis”. Isso após o governo ter tentado justificar o injustificável afirmando que a repressão só teria ocorrido em resposta à “violência” dos manifestantes.

Entretanto, manobras desse tipo não parecem convencer a ninguém, e tampouco parecem capazes de desmobilizar os professores. A crise política no estado do Paraná está instaurada. A greve dos professores paranaenses que foi um exemplo pela unidade que demonstrou, tendo chegado a ter adesão total em fevereiro, e agora denunciando a selvagem repressão, não parece refluir facilmente. Dessa forma, a questão que se coloca agora é a necessidade de cercar de solidariedade a greve dos professores paranaenses, unificando-a com as demais paralisações existentes no país, de modo a coordenar as ações em defesa de uma Educação pública, gratuita e de qualidade para todos.

 
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