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ALEMANHA
Munique: pobreza em uma cidade rica
Timsel Somer

Munique é considerada uma cidade rica em que não há problemas. Mas um estudo demonstra o contrário: uma em cada cinco pessoas é pobre na capital bávara.

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Sede de automotivas como BMW e Man, de asseguradoras como Allianz e de várias empresas que contribuem com o índice das ações da DAX. Munique é considerada nacionalmente como “a cidade rica”. Relaxar no rio Isar, um litro de chope no Englischer Garten, áreas recreativas nos Alpes para praticar esqui e caminhadas, concertos de ópera e teatro do melhor nível e os Porsches pelas ruas. Estas são as postagens difundidas sobre o estilo de vida em Munique. “Quem vive ali deve ter muito dinheiro” é uma opinião generalizada. Mas isto não se aplica a todos, segundo um estudo recente do IW (Instituto alemão de Economia). O mesmo estudo mostra que um em cada cinco habitantes de Munique é pobre.

Mas o estudo mostra um resultado surpreendente? O trabalho de IW conta que a cada muniquense sabe ou experimenta diariamente: os preços são muito mais caros que em qualquer outro lugar da Alemanha. O estudo considerou a paridade do poder adquirido e o resultado é determinante, “quem não dispõe na sua conta de mais de 1106 euros por mês é pobre”. Isto se deve sobretudo ao alto preço dos aluguéis já que comprometem quase a metade dos investimentos. Uma casa para quem percebe a cobertura social básica custa 548 euros em média. Para Rolf Stürzer, presidente da Associação de Proprietários de Munique, parece diferente: “os aluguéis em Munique não são tão altos. Os preços devem ser medidos em relação ao poder de compra. Que os preços são uma loucura é uma afirmação dos inquilinos e da mídia”. Isto, que Stürzer não concorda, agora prova o estudo.

Qualidade de vida em Munique, para quem?

A cidade bávara às margens do Isar é, com seu um milhão e meio de habitantes, uma das regiões metropolitanas com mais rápido crescimento na Alemanha. No ranking da Mercedes que mede as cidades segundo sua qualidade de vida, Munique ocupa o quarto lugar entre as 50 grandes cidades do mundo. O boom do turismo, em grande medida pelas férias e o Oktoberfest, gera 40 milhões de patrocinadores anuais. Com 519 metros acima do nível do mar, Munique também se destaca geograficamente entre as grandes cidades. Nenhuma está localizada tão alto.

A “cidade com coração”, tradicional slogan do SPD (Socialdemocracia, governa há décadas a cidade), identifica Munique com o social. Mas a Agenda 2010 (pacote de reformas neoliberais), e com ela a febril precarização, conduziram sobre todos uma profunda divisão social. Enquanto muitos podem disfrutar de uma formidável vida em Munique, estas reformas geraram um sem-número precariado que parecem invisíveis no dia-a-dia. Esta precariedade é sofrida, segundo o estudo de IW, majoritariamente por mulheres, imigrantes e pessoas de idade avançada. Mais de 14 mil pessoas devem viver sua terceira idade com uma cobertura social básica, em lugar de receber sua aposentadoria. A conclusão de que os imigrantes são empurrados aos trabalhos mais mal pagos não é reconhecida comumente pelas autoridades alemãs. O mesmo estudo aponta o que as mulheres são empurradas aos trabalhos precários de meio período devido à falta de oferta de creches para as crianças.

Mas também os trabalhadores precários padecem na pobreza. Incluindo os “bem remunerados” aprendizes empregados na IG-Metal (União Industrial de Trabalhadores do Metal, é o sindicato mais poderoso do mundo por quantidade de filiados) são pobres em Munique, com seus 900 euros mensais.

É o governo de Munique quem confirma dezenas de milhares de refugiados em campos e os faz viver em péssimas condições. O drama dos “sem teto” em Munique veio à luz quando os trabalhadores de contratos diários oriundos da Bulgária, no início deste ano, manifestaram-se por casas e trabalho digno; no entanto a cidade negou casas adicionais. Os “sem-teto” são expulsos pelas autoridades dos espaços públicos e levados à invisibilidade. O governo da cidade segue sendo apreciado pelos de fora, mas as contradições crescem e elas trazem consigo conflitos sociais.

 
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