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FUNDAÇÃO SANTO ANDRÉ
Porque a privatização trouxe mais insegurança para os estudantes?
Virgínia Guitzel
Travesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC
Jenifer Tristan
Estudante da UFABC

Nesta segunda-feira (04), ocorreu a reunião entre representantes de estudantes da FAECO e da FAFIL, junto a Reitoria para conhecer o projeto de segurança que será apresentado via plebiscito em duas semanas para o conjunto da comunidade. Entre denúncias e relatos de roubos e abusos na universidade, a Reitoria de José Amilton propõem um projeto de universidade que reproduza entre as catracas a profunda desigualdade social, de quem pode ou não acessar os conhecimentos produzidos pela humanidade, guardados nas universidades.

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Um plebiscito que revela o projeto de universidade da Reitoria

A proposta do Plebiscito que pretende ser votado nas próximas duas semanas, que tenta dar o gosto e a ilusão de que "a maioria da universidade decide" seus rumos, como garantir a "segurança", tenta coroar a atual reitoria de José Amilton de democrática e dialogável. Mas rapidamente se desmancha no ar quando nos questionamos quem decidiu este novo projeto de "segurança", à serviço do que será implementado? Porque frente a crise financeira não se abriu os livros de contabilidade e os estudantes tiveram a chance de avaliar as melhores saídas? Que projeto de universidade está por trás desse plebiscito, então?

Muito além da pergunta tendenciosa de "Você é favorável à nova política de segurança da FSA?", como está formulada no plebiscito está contido uma "nova forma" de fazer o mesmo velho projeto privatizante que garante o controle do conhecimento e da luta por uma educação de qualidade à serviço dos trabalhadores.

A implementação de 196 câmeras, o ligamento das catracas e a autorização definitiva da Guarda Municipal na entrada da universidade e a Policia Militar só poderá isolar cada vez mais a universidade da população, restringindo os espaços de vivência, as ocupações artísticas, científicas e culturais.

Antes das últimas "medidas de segurança" dos reitores anteriores, eram livres os encontros esportivos que reuniam estudantes da FSA, jovens da região do ABC e moradores das comunidades do entorno na quadra que foi junto ao espaço onde é o atual estacionamento, retirada dos estudantes. Junto com os processos e expulsões aos que lutaram contra a presença ditatorial de um muro dentro do Diretório Acadêmico, aumentaram as mensalidades, levantaram muros e colocaram as catracas anunciando os próximos passos.

A insegurança vive na universidade de classe

Os problemas que enfrentamos na universidade, que afligem os estudantes, como roubos e abusos, são resultado da elitização da universidade e afastamento dela da sociedade. A Fundação Santo André cada dia mais se aproxima de um espaço-empresa com muros altos e sem vida social, que contribui para o esvaziamento dos locais de convívio.

Por isso, a redução radical das mensalidades para que as salas fiquem cheias, a anistia aos inadimplentes para que possam recomeçar seus estudos, retirada das catracas e das grades para que a universidade volte a ser aberta a ´população, assim como o incentivo de ocupações culturais, de espaços de vivência combinado com a iluminação do campus são medidas para romper o isolamento da universidade e colocá-la a serviço de responder a desigualdade social, na qual a Universidade esta completamente e tem o dever de produzir seu conhecimento à serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

Os estudantes da FSA se encontram hoje frente a tarefa de lutar por uma universidade aberta a comunidade com espaços de vivência e com seu conhecimento e acesso à serviço dos trabalhadores, contudo o DAGH (entidade representativa dos estudantes), fruto de anos de passividade, ataques e concessões da reitoria, carrega uma concepção de horizontalidade afastada da base, que na verdade acaba por desorganizar o movimento estudantil não armando este para dar uma saída para a crise, em combate a reitoria, ficando desta forma aquém da disposição dos estudantes e das tarefas colocada para hoje. O DAGH tem em suas mãos a chance de incentivar a formação de novos ativistas de cursos sem tradição de organização política, se transformar radicalmente sua postura cética, numa verdadeira organização política que consiga expressar as posições de maioria e minoria dos cursos, lutando para que os estudantes cada vez mais se vejam como sujeitos políticos e que organizados possam responder seus problemas ligados à universidade, mas também as grandes crises nacionais como a realidade do genocídio da população negra, a crise do governo e os ajustes e ataques aos trabalhadores e jovens.

O movimento estudantil que começa ressurgir precisa resgatar o trabalho de base para disputar a massas dos estudantes que hoje são hegemonizados pela ideologia transmitida pela reitoria. É preciso demonstrar que o movimento estudantil é mais consequente com as demandas dos estudantes, professores e trabalhadores não apenas por ser parte real da universidade, mas também porque somente um movimento verdadeiramente independente da reitoria e dos governos pode reivindicar uma educação de qualidade para todos, com projeto sociais como aulas de reforço, atendimento a comunidade dos estudantes de psicologia, etc.

Organizar nossos sonhos e lutas rumo ao III Congresso da ANEL

A luta cotidiana nas universidades para que seu conhecimento produzido esteja à serviço da população, assim como para que os negros entrem nas universidades para estarem nas salas de aulas, não nos postos terceirizados de limpeza, para impedir a privatização e a militarização dos campus, assim como para combater as opressões legitimadas pelas reitorias e reproduzidas por professores, trabalhadores e estudantes não pode ficar cada um no seu departamento. É preciso organizar nossos sonhos e lutas rumo ao III Congresso Nacional da Assembleia Nacional dos Estudantes Livre.

Não podemos desassociar a “Pátria educadora” de Dilma/PT que impediu metade dos alunos do FIES a seguirem seus cursos e acumularem dívidas hoje impagáveis com o corte de 7 bilhões para a educação, com o projeto de universidade do reitor José Amilton que precariza a qualidade do ensino com a redução da carga horária dos cursos da FAFIL e agora avança no seu projeto de segurança e privatização.

A Juventude ÀS RUAS, (coletivo político cujo militantes fazem parte da produção deste site) que constrói o III Congresso da ANEL, considera que a segurança que os estudantes precisam é de conseguirem pagar seus cursos, se formar, ter acesso a cultura e arte, coisas que não podem ser garantidas pela reitoria ou pelos patrões. Os massivos ataques que ocorrem hoje na VolksWagen, na Mercedes Benz, na Pirelli e na GM de São Caetano são expressões que o capitalismo gera insegurança. Somente a luta é capaz de garantir estas questões.

Por isso construirão um bloco neste III Congresso para lutar por um projeto de educação que questione o lucro dos tubarões de ensino exigindo a estatização, sem indenização, de todos os grupos educacionais. Por cotas proporcionais ao número de negros por Estado rumo ao fim do vestibular, que é o primeiro filtro social que impede a juventude negra e trans ao conhecimento. Por permanência estudantil para que todos possam concluir seus cursos. Por uma universidade controlada por quem realmente a produz: estudantes, trabalhadores e professores. Somente assim, é possível ter uma universidade à serviço dos trabalhadores e do povo pobre, para que seja esta um instrumento para a transformação radical da sociedade.

 
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