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GRECIA
Grécia a preço de liquidação: Tsipras privatiza os trens e o porto
Josefina L. Martínez
Madrid | @josefinamar14

Em uma semana o governo grego de Syriza concluiu a privatização da gestão do porto de Pireo e a empresa de trens públicos, cumprindo assim as exigências da UE

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O primeiro ministro grego Alexis Tsipras concluiu o processo de privatização das ferrovias gregas, a empresa Trainosé, por 45 milhões de euros, gerando uma grande polêmica por causa do baixo preço da operação.

“Trainosé é a única provedora de transporte ferroviário na Grécia, tanto de carga como de passageiros, e opera em rotas suburbanas, regionais e interurbanas. Para operar em algumas rotas que se consideram como serviços públicos (linhas de baixa rentabilidade) recebia até agora um subsídio de 50 milhões de euros, em base anual”, assinala a The Economist.

A concessão dos trens gregos termina assim em mãos da empresa de trens públicas italiana Ferrovia dello Sato Italiane SpA, a única que se apresentou como concorrente à última licitação.

A comissão europeia exigia que as ferrovias deviam ser privatizadas antes de terminar o ano de 2016. Segundo a The Economist: “No caso de que se mantivessem sob controle estatal até a expiração desse marco, exigiria a recuperação das ajudas irregulares de 750 milhões de euros, uma quantidade que para Trainosé é simplesmente astronômica. Quando a empresa se integrou em “Taiped”, o Fundo responsável pela realização das privatizações, a Comissão Europeia se comprometeu a eliminar essa quantidade”.

O preço de venda da empresa estatal de ferrovias provocou um problema político na Grécia, mesmo o conservador governo anterior havia estimado em 300 milhões de euros o preço da transição. Uma cifra que em 2013 havia sido questionado pelo atual ministro de Economia de Syriza, Yorgos Stazakis, que assegurava que esse preço era “provocativamente baixo”.

Há um mês, os trabalhadores da ferrovia levaram adiante várias jornadas de greve contra a privatização, que termina concretizando-se em pleno recesso de verão.

Além da entrega das ferrovias a preço promocional, a semana passada se encerrou o processo de privatização da gestão do porto de Pireo, com a concessão por 36 anos da gestão do porto a China, a partir da transferência da maioria das ações da empresa pública OLP a Cosco, firma com sede em Hong Kong.

A empresa chinesa permanece agora com 67% de OLP por um total de 368,5 milhões de euros em duas parcelas, uma que concluirá este mês, e uma segunda que se prevê para dentro de 5 anos. O porto de Pireo é o maior centro logístico de distribuição de mercadorias na Grécia e no Mediterrâneo Oriental. A partir dessa operação, a empresa chinesa passa a controlá-lo majoritariamente, porque já possuía a concessão de vários terminais.

O plano da UE para Grécia: privatizações e ajustes
O plano do Eurogrupo, que está sendo aplicado pelo governo de Tsipras, colocou centenas de ativos do estado em um fundo sob o controle estrito da ex Troika, com o objetivo de arrecadar até 50.000 milhões de euros em privatizações.

Basta entrar no site do “Fundo de desenvolvimento da República Helena”para poder percorrer com o olhar, como numa vitrine, todos os ativos à venda: terras, praias turísticas, edifícios públicos, as ferrovias, o porto, etc. Na mesma página se diferenciam os processos de privatização que estão pendentes, os que estão em curso e os concluídos.

O processo massivo de privatizações começou na Grécia há anos, sob pressão do FMI e da Troika, como parte dos compromissos impostos por dois memorandos anteriores que aceitaram os governos do PASOK e Nova Democracia.

Desde então, já foram postos à venda recursos tão valiosos como a empresa de agua Salonica, grandes extensões de terras, concessões de serviços turísticos nas ilhas gregas, 14 aeroportos, regionais, a empresa de trens grega, imóveis do Estado, concessões de autopistas, loterias, campos de golf, carreiras de cavalos, empresas de distribuição de gás, empresas de energia, portos regionais, marinas e o valioso porto de Pireo, um dos maiores de Mediterrâneo, localizado estrategicamente em uma das portas de entrada a Europa.

O governo de Syriza chegou pela primeira vez ao poder depois de ganhar as eleições de janeiro de 2015. Prometia acabar com o processo de privatizações, reverter as que estavam em curso, terminar com o prolongamento do pagamento da dívida, etc., para que o povo grego deixasse de pagar pela crise. Em julho desse mesmo ano capitulou completamente perante a Troika e aceitou o terceiro memorando, que implicava mais cortes e privatizações. Hoje o governo está avançando a passos acelerados na liquidação dos bens públicos, aplicando as medidas exigidas pela UE e o FMI. A Grécia é hoje a prova (trágica) da incapacidade do neorreformismo europeu de fazer frente à ofensiva neoliberal, muito menos para conseguir reformas progressivas e duradouras que possam reverter a profunda crise social.

 
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