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MILITARIZAÇÃO DAS ESCOLAS
O reacionário avanço das escolas militarizadas
Allan Costa
Militante do Grupo de Negros Quilombo Vermelho - Luta negra anticapitalista
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As demandas e lutas por educação tem sido um dos principais eixos que abalam o país desde junho de 2013, de lá pra cá a juventude se vê cada vez mais sem representatividade nos velhos partidos da ordem burguesa que dominam a política além de rechaçar que a educação seja foco constante dos cortes fomentados pelo golpista Michel Temer e que os governos estaduais empurram para o setor. Desde as ocupações de escolas que tomaram vários estados entre 2015 e este ano até as longas e duras greves de professores, a resposta dos representantes da velha ordem vigente é a mesma: repressão! A educação no Brasil virou mesmo caso de Polícia!

Num verdadeiro ascenso reacionário fortalecido pelo golpismo institucional onde ganha espaço aberrações como o projeto Escola sem Partido, outra bizarrice pedagógica em plena expansão pelo país é a onda de escolas militarizadas, ou seja, antigas escolas públicas que tiveram seus corpos gestores ( e às vezes docente ) integrados pela Polícia Militar de seus estados.

Só no estado de Goiás, no retorno do recesso escolar, são 8 novas unidades escolares entregues à corporação policial mais assassina do mundo, totalizando 26 escolas. Por todo o Brasil já são 93 unidades e até o final desde ano estima-se que sejam 109. Os estados do Pará, com 26, e Goiás, com 22 escolas militarizadas, estão no topo da lista dos que mais contém escolas deste tipo, não por coincidência são estados geridos pelo PSDB (que também governa no Amazonas, onde existem 3 escolas militarizadas) e que funcionam como vitrine do modo tucano de encarar a educação. Mas esse modelo educacional não é exclusividade do tucanato, outros partidos golpistas como o PP e o PMDB governam estados onde a experiência com a militarização é aplicada. Por outro lado, PT e PCdoB também estão à frente de estados como Bahia, Minas Gerais e Maranhão que permitem escolas deste tipo, evidenciando ainda mais que na contenção das lutas dos trabalhadores e pela manutenção de seus status quo, não se importam de lançar mão do uso das forças policiais.

O dia a dia nessas escolas beira a época de nossos avós e a ditadura militar. Coisas absolutamente comuns aos jovens em idade escolar e que desempenham um papel fundamental na suas formações, como a descoberta e desenvolvimento da sexualidade e da identidade são castradas por um método rígido que se vende através da conquista de resultados em exames e índices oficiais. O uso de cabelos diferentes do "padrão militar", roupas e hábitos característicos dos jovens e que qualquer professor real costuma compreender, são motivo para punições.

O foco nessas escolas é moldar um cidadão aos critérios de servir ao estado, como todo bom policial deve ser segundo a cartilha, o pensamento crítico e a liberdade dão espaço à resultados disciplinados aos moldes dos critérios do próprio governo. Uma verdadeira farsa educacional, ainda mais se levarmos em consideração que esses resultados são facilmente manipuláveis e, em se tratando da PM, forjar resultados e provas é algo simples que exercitam todos os dias quando exterminam a juventude negra, pobre e periférica e forjam as cenas de crime. O resultado é o ciclo perfeito, o Estado inventa medidores inadequados e através de um método nada pedagógico, a PM garanta que esse resultado seja atingido.

Também é interessante observar o modo como essas escolas lidam com problemas que fazem parte de todas as outras escolas "comuns", como a exclusão e evasão escolar. Onde a PM comanda, alunos que não atingem resultados são transferidos de escola, uma resposta simplista, meritocrática e que não faz com que essas gestões tenham que problematizar seus próprios métodos que se provam excludentes. Outros exemplos confirmam essa prática, como a condecoração de alunos que se destacam e as punições aos que ficam abaixo da média.

A expansão dessas escolas deve ser vista a partir da falência do ensino público no Brasil que, propositadamente, foi sucateado durante as últimas décadas. Sucateamento que serve, então, para legitimar medidas autoritárias e privatistas para a educação pública que chegam com ainda mais força num cenário de crise econômica onde os governos trabalham cortando verbas da educação para garantir que não sejam os ricos os responsáveis por pagar por ela.

Um caminho para barrar esse avanço neste momento, passa pelo enfrentamento direto ao governo golpista de Michel Temer. Se faz urgente que os sindicatos e centrais ligadas à educação, como a CNTE, levem consequentemente a construção da luta em cada escola, bairro ou comunidade para enfrentar projetos como o Escola sem Partido, a reorganização escolar, a privatização e a militarização de escolas, unindo a força dos estudantes que já mostraram que sabem lutar e vencer, com a força dos professores e trabalhadores da educação.

 
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