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GUARABIRA (PB)
Conferência de Esquerda Diário: ’Crise brasileira a partir do marxismo: um olhar trotskista’
Shimenny Wanderley
Campina Grande
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Na sexta dia 29 de julho na Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) no Campus III em Guarabira(PB) foi realizada a palestra “Crise Brasileira a partir do Marxismo: Um olhar trotskista” com Gonzalo Adrián Rojas, Professor de Ciência Política da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) por Esquerda Diário, dentro do Projeto de Extensão “Espaço Social: Identidades, Memórias e Culturas” como anunciamos no calendário de atividades do Esquerda Diário Nordeste neste jornal. O evento com a presença de 150 pessoas, alunos e professores de diferentes cursos da UEPB.

Aproveitamos para disponibilizar o vídeo da palestra editado por Nivalter Aires membro do Práxis: Grupo de Estudos e Pesquisas sobre Estado e Luta de Classes na América Latina da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) e correspondente do Esquerda Diário.

Gonzalo Rojas iniciou sua fala se apresentando como parte da Rede Internacional de Jornais Esquerda Diário, que no Brasil é impulsionado pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores (MRT) e que inclui La Izquierda Diário (LID) da Argentina, México, Chile, Uruguai, Bolívia e Venezuela, IzquierdaDiariodo Estado Espanhol, Revolution Permanente da França, LeftVoice nos Estados Unidos e KlassegegenKlasse na Alemanha e sua importância política como instrumento de organização coletiva internacional.

Após, Gonzalo explica que estamos frente a uma crise orgânica do capitalismo, onde se articulam as crises econômica, política e social. Como a proposta da palestra foi fazer essa análise desde o marxismo, especificamente do trotskismo, se fez necessário realizar uma introdução sobre a trajetória política e sobre as principais teorias do revolucionário Trotsky.

Para isso, traçou alguns dos elementos mais importantes da biografia e das obras de Trotsky que foi Junto a Lenin, o mais importante teórico marxista do século XX, onde juntos foram os principais dirigentes da Revolução Russa de 1917, que com os trabalhadores se camponeses russos com as rédeas de seus destinos tendo à sua cabeça o Partido Bolchevique, foi a revolução mais importante da história da humanidade. Seu papel na organização do vitorioso exército vermelho quase a partir o nada, em luta contra os exércitos imperialistas e a oposição interna, permitindo a consolidação do Estado Operário soviético. Na Revolução Russa de 1905, Trotsky tornou-se presidente do primeiro soviet de São Petersburgo com apenas 26 anos.

Realizou inúmeros aportes teóricos ao marxismo e o leninismo, dentre os quais podemos destacar a Teoria da Revolução Permanente, mas também teorizou sobre outros grandes temas como: relações inter-imperialistas, sua relação com a economia e luta de classes, o surgimento do fascismo na Europa, a crítica implacável à política stalinista, crescimento desigual e combinado, os regimes bonapartistas “sui generis” nas semicolônias latino-americanas, revolução e contrarrevolução na URSS,redigiu com Lenin várias das principais resoluções da III Internacional e foi o fundador da Quarta Internacional, entre várias outras coisas. Banido e expulso da URSS por Stálin, se exilou na Turquia, França e México, onde em agosto de 1940, durante seu exílio no México, foi assassinato por um agente stalinista, o espanhol Ramon Mercader. Gonzalo aproveitou a oportunidade para recomendar a leitura do romance “O homem que amava os cachorros” do cubano Leonardo Padura como um convite para ler e apreender sobre Trotsky.

Diante do quadro político nacional e internacional, para Gonzalo, é central recuperar legado Trotsky, principalmente numa conjuntura mundial de aprofundamento da crise capitalista, fim de ciclo dos governos heterogêneos chamados ‘pós-neoliberais’ e giro a direita na superestrutura política latino-americana, e no Brasil especificamente. Recuperar Trotsky frente as saídas neoliberais, as tentativas de saídas pela ultradireita, neodesenvolvimentistas ou neokeynesianos que acreditam que é possível regular o capitalismo,ao se abrir um campo anticapitalista grande é esse o lugar de intervenção política do trotskismo e de recuperar a perspectiva do marxismo revolucionário e do comunismo (depois do afundamento do fenômeno desastroso do stalinismo) como possibilidade de superação do capitalismo e não sua reconstrução.

Dentro desse contexto e do ponto de vista da crise geral do capitalismo expressou que não estamos frente a uma crise cíclica “normal”, mas frente a uma crise orgânica do capitalismo mundial em termos gramscianos. Isto significa que não estamos numa situação “de ciclos normais” senão que é a crise iniciada no ano 2008 é muito mais profunda, já que se inicia nos Estados Unidos, a principal potência imperialista mundial e não em um país periférico, e logo se expande para a Europa, norte da África e depois de alguns anos chega com força na América Latina em geral e no Brasil em particular. Isto num contexto onde se articula de forma desigual e combinada crise econômica e crise política em ritmos diferentes por países segundo sua própria formação econômico-social. A crise no Brasil não foi apenas uma “marolinha” como afirmou Lula, seus desdobramentos geraram elementos de tsunami para o PT, que contribuíram decisivamente, articulados a crise política para afastar Dilma da Presidência com um golpe institucional.

Depois caracterizou ao impeachment, como um instrumento antidemocrático, bonapartista, que ficou na Constituição Brasileira como resquício de uma transição pactuada entre a ditadura militar e o novo regime político constitucional. Dessa forma o que aconteceu no Brasil é um golpe institucional. Onde a oposição de direita, o judiciário e a mídia golpista se articulam para impor com força um conjunto de reformas reacionárias contra a classe operária, para que sejam os trabalhadores paguem pela crise.

Importante sublinhar que uma questão central é se delimitar politicamente dos argumentos dos grupos ex-governistas e seus satélites quando falamos de golpe. Esclarecendo que foi o próprio PT que abriu caminho para o avanço da direita, ao governar com os mesmos métodos corruptos desta. Destacou também a criminosa passividade das burocracias sindicais como a CUT e CTB , que na verdade no lutaram contra o golpe senão que estão mais preocupadas em garantir seus espaços nos aparelhos que dirigem, do que em organizar a luta com os métodos da classe trabalhadora.

A posição de Lula e o PT, que propõe fazer uma “oposição responsável” “de não incendiar o país” contra o governo golpista de Temer, porque estão mais preocupados com suas possibilidades eleitorais no ano 2018, numa política clara de conchavos com a direita.

Nesse contexto foi importante na conferência se delimitar politicamente de outros grupos da esquerda, como por exemplo o PSTU, que não criticam e nem sequer reconhecem o golpe, ou o e MES/PSOL, que mesmo reorientando sua linha política às vésperas do golpe busca avidamente aliar-se com golpistas de direita, como o PPL e a Rede de Marina Silva, financiada pelo Itaú e tendo omo carro chefe de sua política a defesa de Eleições gerais já, o que significaria uma recomposição do regime político e a limpeza do golpe institucional.

Dessa forma,explicou porque desde Esquerda Diário defendemos claramente o Abaixo Temer Golpista! através de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana imposta pela mobilização das massas. Entendendo que a defesa dessa constituinte deve ter uma perspectiva anticapitalista e transicional, que supere de fato o regime político antidemocrático atual e não apenas o maquie.

A política do PT de conciliação de classe mostra mais uma vez seu fracasso e Gonzalo recuperou mais uma vez a Trotsky e Lenin para defender como necessária a independência política da classe trabalhadora, dos patrões, dos governos e do Estado. Ressaltando a importância de intervir com uma estratégia revolucionária na luta de classes.

Por fim, Gonzalo destacou uma mudança na situação política do pais e que influencia no governo golpista de Temer, que depois da eleição do presidente Câmara dos Deputados, ficou relativamente estável, frente ao quadro de instabilidade política com a renúncia de três ministros devido a denúncias. A renúncia de Eduardo Cunha acabou sendo um triunfo para Temer, ao afastar um aliado indesejado que já havia feito seu trabalho suxo. Nesse sentido, temos um quadro de fortalecimento do governo golpista de Temer, com uma relativa estabilização econômica, e o apoio patronal aos ajustes, às privatizações com o apoio do imperialismo, mas para isso é necessário passar os ajustes de forma rápida, este é o cenário que está posto pela classe dominante, nesse contexto o que é importante a classe trabalhadora nesse momento é fortalecer a luta contra este governo golpista para impedir a recomposição e fortalecimento do sistema político em crise, que será possível a partir de uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana fruto da mobilização das massas.

É importante sublinhar que a greve geral não pode ser apenas uma consigna, mas senão que deve ser de fato uma construção, tendo que exigir que as centrais sindicais CUT e CTB convoquem assembleias de base para fazer essa construção.
Ao abrir para o debate, Gonzalo pode se deter mais a temas que não foi possível se aprofundar mais na fala devido a limitação do tempo. Como por exemplo sobre a obra “Os Escritos Latino americanos” de Trotsky, o qual ressaltou a importância para a análise dos países semi-coloniais, a partir da categoria bonapartismo sui-generis contra outras categorias explicativas utilizadas de forma muito mecanicista até então para o subcontinente.

Ao ser questionado sobre o papel da CUT, falou sobre a burocratização das centrais sindicais, que com sua passividade freia a luta de classes ao invés de impulsioná-la e questionado sobre o caráter da crise reforçou que não estamos frente a uma crise orgânica do capitalismo mundial. Isto significa que não estamos numa situação “de ciclos normais” onde há um período de expansão, se sucede um período de retração para depois tomar novo impulso outro período de expansão, já que deste ponto de vista as perspectivas de crescimento da economia mundial são raquíticas até nos países capitalistas avançados, senão que é a crise iniciada no ano 2008 é muito mais profunda, já que teve seu início na principal potência imperialista mundial (Estados Unidos) e articula de forma desigual e combinada crises econômicas, políticas e sociais que se manifestam de forma particular em cada formação econômico-social, mas que chegou muito forte na América Latina.

Ao ser questionando sobre a Assembleia Constituinte, reforçou que é uma saída de fundo para a crise como uma resposta política fruto das mobilizações da massa e como medida transicional. Também teve a oportunidade de desenvolver mais sobre a nova fase do Esquerda Diário que busca ampliar a rede de correspondente como uma ferramenta e um espaço que dê voz as lutas cotidianas dos trabalhadores, da juventude, mulheres e LGBT, que estes tomem o jornal em suas mãos, se convertendo em lutas anticapitalistas a nível nacional e internacional.

Consideramos como mais uma excelente oportunidade para discutir e difundir o marxismo, em especial a teoria de Trotsky, bem como sua prática revolucionária. Aproveitando a oportunidade também para difundir as posições do Esquerda Diário, mais um espaço que se abre para deixarmos claro que a solução para crise e demais problemas do capitalismo só serão resolvidos com a intervenção direta na luta de classes a partir da independência política dos trabalhadores seguindo nas trilhas de Lenin e Trotsky.

 
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