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CHILE
Qual "expropriação" teme José Piñera?
Pablo Torres

Ministro da ditadura, responsável pelos planos privados de pensão AFP e o Código Trabalhista, lança – como outro "salvador" para momentos de crise – uma "contra-ofensiva" para defender seus planos de pensão privados. Que "expropriação" ele teme?

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Quem falou em expropriação?

Por que José Piñera fala de defender o modelo das AFP da "expropriação" de 160.000 milhões de dólares? Quem e quando se falou da expropriação de 160.000 milhões de dólares que estão de fundo? Por que seria uma "bomba atômica" para o sistema?

Expropriação desse milionário fundo não foi mencionado nem pelo governo, nem pela Nova Maioria, nem pelo Partido Comunista, nem Jackson, nem Boric.

Assim como no debate sobre a nova constituição, nenhum deles questionou o "direito a propriedade", para que o hegemônico El Mercurio saisse em defesa deste sacrossanto direito burguês com editoriais e campanhas.

Um pilar do Chile capitalista

Por que ainda que pareça "ofensivo", está na defensiva, seu modelo está questionado, nas ruas, locais de trabalho, nas famílias trabalhadoras. E no domingo 24/07 se manifestou com a potência de quase um milhão de pessoas em todo o país, uma enorme força social que se coloca-se em movimento na classe trabalhadora, pode ser um grande golpe ao seu sistema social de conjunto.

Só uma grande luta que envolva ativamente o conjunto do povo trabalhador pode conseguir algo como a expropriação sem indenização desses 160.000 milhões de dólares, com os quais se pode aumentar amplamente as pensões dos aposentados.

José Piñera fala contra uma eventual "expropriação" porque sabe que tocar as AFP é tocar um dos pilares do sistema capitalista e suas contra-reformas impostas na ditadura. Dos 167.000 milhões de dólares que administram as AFP, 20 empresas levam 45.000 milhões de dólares, mais de 31.000 milhões de dólares estão investidos em 10 bancos; 14.500 milhões de dólares só a empresa dos grupos Luksic, Matte, Angellini, Paulman. E no ano passado mais de 20.00 milhões de pesos foram pagos só a 266 diretores e executivos, o equivalente a 130.000 pensões.

Expropriar esses fundos e colocados a serviço e sob administração do povo trabalhador e dos aposentados seria liquidar a riqueza e o poder de um punhado de grandes monopólios privados que roubam uma parte do salário do trabalhador, para seus investimentos em grupos econômicos estrangeiros e nacionais, que o utilizam como dinheiro fresco para seus negócios, utilidades e vidas milionárias.

Se tocarmos o "direito de propriedade" e se cortarem os milionários subsídios de empresários que usufruem do Estado, se colocarmos os recursos naturais sob controle e serviço do povo trabalhador, aumentariam os salários, se ampliariam os direitos sociais financiando a educação e a saúde gratuitas, moradias com plano de obras públicas gestionado por trabalhadores e moradores. E assim uma infinidade de coisas como o transporte. Uma luta que pode ser obra de um amplo movimento dos trabalhadores junto aos estudantes, residentes e mulheres.

Um grande movimento de trabalhadores contra os AFP. Avançar até uma greve geral

Na quarta-feira, 10 de agosto, está convocada uma jornada de agitação e difusão, em empresas, com protestos de repúdio a AFP e um panelaço. No domingo, 21, uma nova grande mobilização nacional, onde seremos milhões nas ruas.

Depois da educação se abriu um questionamento profundo a um novo pilar da ditadura, um nicho do pilar do capitalismo chileno.

Para terminar com os fundos privados de pensão AFP é necessário muito mais que mobilizações de pressão, que no parlamento não terminará em nada, como já vem sendo apresentado como "reformas". O fim dos fundos privados, só pode ser resultado de uma grande luta de toda a classe trabalhadora. É necessário articular um grande movimento nacional desde as empresas, minas, fábricas, indústrias, varejo, funcionários públicos, professores, trabalhadores da saúde, e muitos mais setores, com comitês de trabalhadores e aposentados, com coordenação desde a base com os sindicatos, estudantes, e o conjunto da população. Com assembleias nos locais de trabalho, escolas, hospitais, universidades. E preparar uma grande greve nacional com um plano de luta ascendente. Temos que exigir a CUT e a CONFECH e demais organizações que convoquem e apoiem essas organizações como ferramenta da mobilização.

Piñera vem para fazer uma campanha em defesa dos AFP frente a sua "expropriação", assim como El Mercurio em seu momento do seu "direito a propriedade".

O que se começa a sentir é o fantasma do questionamento violento de sua riqueza por parte dos explorados.

 
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