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JUVENTUDE NO ESQUERDA DIÁRIO
Um diário para organizar milhares de jovens contra o capitalismo
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG
Tatiane Lopes

O Esquerda Diário acaba de atingir 100 mil curtidas em sua página no facebook, queremos agradecer e principalmente chamar a juventude a fazer política independente com esta ferramenta.

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Recentemente o Tribunal Superior Eleitoral divulgou alguns dados dos eleitores da próxima votação em outubro. Além do fato de que 52,21% dos eleitores serão mulheres, outro dado que chamou a atenção foi o de jovens eleitores. Segundo o TSE, 2,3 milhões de jovens de 16 e 17 anos irão votar nas próximas eleições, uma queda de 20,4% em comparação ao número de jovens votantes nas eleições de 2012. Diversos jornais divulgaram essa notícia como se o interesse dos jovens pela política tivesse caído. Mas cá entre nós, num país onde os jovens protagonizaram Junho de 2013 e as diversas ocupações de escolas contra a reorganização escolar, o combate ao roubo de merendas e toda precarização do ensino público, será mesmo que a juventude não tem interesse pela política? Ou será que esses jovens vêm descobrindo a política não é necessariamente aquele show de horrores do congresso, nem das falcatruas e dos esquemas de corrupção, e que é possível e necessário trazer fazer a política para a vida cotidiana, tirando-a das mãos dos de colarinho branco e as pondo nas mãos “dos de baixo” de outra forma?

A juventude que se levanta em meio à crise

Não é só no Brasil que a juventude vem se levantando, desde o início da crise capitalista em 2008 até o presente momento podemos ver diversas ações nas quais os jovens foram linha de frente da luta em diversos países do mundo. Seja nos levantes da Primavera Árabe, passando pelos Indignados no Estado Espanhol, pela juventude do Occupy Wall Street nos EUA, do movimento YoSoy132 no México, que marcaram uma primeira onda do levante de juventude. A mais recentemente, pela juventude francesa que começou as mobilizações contra a reforma da previdência de Hollande abrindo caminho para uma das maiores mobilizações da classe trabalhadora daquele país, nos últimos tempos. Esses fenômenos não só demonstram o interesse da juventude pela política e pela construção de outro futuro, como foram decisivos para reabrir um período de instabilidade política e questionamentos das massas aos seus governos e regimes ao redor do mundo.

A possibilidade de lutar e vencer, dá as bases para fazer uma política que é totalmente oposta a dos políticos burgueses, num momento onde os partidos da burguesia dos principais países do mundo estão passando por uma profunda crise de representatividade. Uma política que é construída nas ruas, nas ocupações, nos locais de trabalho e estudo, na disputa de ideias em todas as vias possíveis, que vai na contramão dos interesses dos grandes capitalistas e da burguesia.

O revolucionário italiano Antônio Gramsci teorizava nas primeiras décadas do século XX que o fracasso de um “grande empreendimento” da classe dominante poderia abrir um período de crise orgânica. O que ele denominava como crise orgânica era um período em que as contradições fundamentais desse sistema não conseguem ser mais mascaradas ou resolvidas pela política habitual. Se pararmos para analisar os fenômenos políticos que estão sendo desenvolvidos pela crise podemos observar que em alguns países centrais do capitalismo existem elementos de crise orgânica, como na saída do Reino Unido da União Europeia (Brexit) ou na crise do bipartidarismo nos Estados Unidos. Mas também aqui no Brasil com o golpe institucional dado por parte da burguesia e na crise do petismo.

Junho de 2013 abriu uma nova etapa no Brasil, constituiu uma nova forma de pensar e sentir nas massas que agora voltam a enxergar seu poder coletivo. Mesmo quando a crise econômica não atingia em cheio os brasileiros naquele ano, os milhões de jovens na rua, lutando e vencendo desataram o começo da crise nas alturas dos governos e instituições. De lá para cá os que com a ânsia típica da juventude achavam que o gigante tinha adormecido novamente puderam ver a continuidade de junho nas ocupações de escolas, protagonizadas pelos secundaristas, um novo fenômeno que hegemonizou massas em seu apoio e venceu. E em uma série de fenômenos políticos que não se traduzem em luta mas mostram o acionar de “novas formas de pensar”, como a politização em torno das questões de opressão as mulheres e aos negros, assim como os atos massivos contra o golpismo institucional, onde muitos foram por odiar essa direita, mas já não vendo no PT uma alternativa.

È próprio de uma época de politização e crises, que as ideias tomem carne e se polarizem. A direita também “aprendeu” a se manifestar, em meio aos escândalos de corrupção, desgaste e colaboração do petismo com os conservadores e a chegada mais contundente da crise econômica, com ajuda fundamental do imperialismo e seus agentes do judiciário no país, foi capaz de levar a cabo um golpe reacionário. Hoje, sob a interinidade golpista de Temer, seus ataques ferozes e a sede burguesa de descarregar a crise sobre os trabalhadores e jovens, mesmo que com o pais passando por um período de relativa estabilidade pré-eleições e Olímpiadas, não se fecha a crise de representação da política tradicional nem tão pouco a politização em torno da busca por alternativas políticas a crise. As cabeças de milhões continuam na política e procurando incansavelmente uma saída.

A crise dos partidos tradicionais e a volta da ideia de revolução

A crise do bipartidarismo nos Estados Unidos foi capaz de abrir espaço para que um candidato como Bernie Sanders pudesse emergir com força por meio de um discurso anti-Wall Street e contra o 1% mais rico. Com sua retórica autointitulada “socialista” e por mais limitadas que fossem as propostas de reforma com um viés socialdemocrata, ele conseguiu conquistar a simpatia e em alguns casos a confiança de grande parte da juventude num dos países onde a força ideológica do capitalismo é tão poderosa. E depois de terem sua confiança traídas quando Sanders declarou voto em Hillary Clinton, os diversos jovens que tinham sido atraídos para a candidatura dele, não aceitaram o apoio à candidata pró-establishment, abrindo uma fissura nesse partido.

O fenômeno da crise orgânica combina insatisfação social e política profundas com os efeitos da crise econômica e pode ou não estar combinado a fenômenos agudos da luta de classe. No Brasil, por exemplo, existem poucas lutas em curso na atual conjuntura, o que não significa passividade, mas sim que se abre um espaço de ideias enorme, tanto à esquerda, como à direita, como vemos na polarização social que se expressa hoje em menor proporção nas ruas, mas com muita força nos debates na internet e em cada lugar de trabalho e estudo.

Na esteira dessa grande insatisfação podem se observar fenômenos aparentes de não participação política como seria a queda de eleitores entre jovens, mas que no caso decorre legitimamente da crise de representatividade com os políticos de sempre, ricos, conservadores, corruptos, homens, brancos, defensores de tudo que trabalhadores e jovens não precisam. Esse espaço aberto para o debate político de grandes ideias faz com que seja fundamental a intervenção dos revolucionários em todos os campos de batalha, inclusive no terreno inimigo das eleições.

Não existe espaço vazio na política, essa máxima ilustra claramente a situação em que se encontra a juventude no país, milhões que rechaçaram o golpe reacionário e que também não confiam uma vírgula ao PT que veio nos atacando em todos esses anos de governo, esse espaço precisa ser apaixonadamente disputado. Unir a insatisfação e a combatividade dessa juventude com as ideias revolucionárias deve ser a ambição de uma esquerda que leve a sério a tarefa de construir um partido revolucionário no Brasil.

O organizador leninista na juventude

E como podemos dar voz para as ideias revolucionárias se as grandes mídias são controladas pelos burgueses e a cada dia a burguesia inventa um novo método de cercear a esquerda? Como se não bastasse o antidemocrático regime de legalização de partidos que impede que organizações operárias e de esquerda possam se legalizar, afinal só com muita grana é que a burguesia consegue as tão faladas 500 mil assinaturas em 20 estados, que até mesmo a Rede da Marina Silva, do Itaú e da Natura teve dificuldades para alcançar. Como se não bastasse isso os planos dos poderosos é restringir cada vez mais à esquerda por meio de uma reforma política, que entre outros ataques, retira o tempo de TV de partidos da ampla maioria dos partidos de esquerda como o PSOL, PSTU, PCB e PCO.

Com tudo isso a pergunta que fica é: junto das lutas, como a juventude pode expressar sua indignação com esse sistema? É aí que entra o papel da força das ideias, capazes de atrair e organizar pessoas. As ideias não só no sentido contemplativo, mas ganhando força real, e podendo atrair justamente todo um amplo setor que hoje está desiludido com o PT, e ao mesmo tempo odeia a direita. Que busca novas alternativas políticas a esquerda, que se atraem pelo sentido da revolução e do combate de todas as opressões. A proposta do portal do Esquerda Diário é justamente de organizar e entrar nos principais temas políticos nacionais e internacionais sob as ideias da esquerda anticapitalista e revolucionária.

Essas ideias têm força, e podem cumprir o papel de serem um organizador leninista. O que denominamos de “leninismo” é a nossa estratégia de construção de um partido de combate, estruturado na classe operária, centralizado democraticamente, para enfrentar os capitalistas e as burocracias sindicais e políticas, com um programa revolucionário pela conquista de um governo dos trabalhadores e pelo socialismo. Teoria que teve como fruto a maior experiência de organização de uma classe operária e “seu" partido, no processo que culminou na Revolução Russa de 1917, dirigido por Lênin.

De 1912 a 1914 os Bolcheviques possuíam um jornal denominado Pravda (A Verdade), que foi impulsionado por iniciativa de Lênin e era destinado a influenciar com ideias marxistas, a grande massa de operários e camponeses, que começavam a despertar sua consciência de classe. Os bolcheviques convidaram todos os trabalhadores e grupos de operários a escreverem nesse jornal e realizavam arrecadações para contribuir com o sustento do diário. Conforme relata Freddy Lazarrague, em seu texto O organizador coletivo de um partido: “Era um momento de uma grande ascensão operária, porém o diário era muitas vezes censurado, e por isso tinham que lançar edições clandestinas. Lênin sustentava, com base nas arrecadações e nas mais de 40 denúncias por dia que publicavam em suas páginas, que era o diário da classe operária que estava se constituindo como sujeito político. O Partido Bolchevique abria suas portas e considerava que todos que colaboravam com a Pravda eram também apoiadores do partido. Ainda que hoje a situação seja muito distinta queremos resgatar o método de Lênin”.

Foi com essa perspectiva que nos propomos desde o lançamento do portal a expressar e elaborar sobre os diversos temas que tocam a juventude, sobre as diversas lutas contra os ataques à educação, a dura realidade da precarização do trabalho e dos altos índices de desemprego e sua ligação com os distintos governos, afinal tanto o PT como os golpistas e demais partidos da ordem aplicaram esses ataques aos nossos direitos. A luta contra os projetos reacionários como da redução da maioridade penal, que visa criminalizar e punir a juventude que luta, sobretudo a juventude pobre e negra, o absurdo Escola sem Partido, apoiado pelas bancadas religiosas e mais conversadoras do congresso. Assim como a luta das mulheres, das LBGTs e do povo negro, sobre arte e cultura para toda juventude.

Agora chegamos a 100 mil curtidas em nossa página do facebook, e além de agradecer e comemorar, queremos que a cada novo dia mais pessoas possam ser parte da construção ativa do nosso diário. Queremos que a juventude que vem protagonizando diversas lutas possa ter um meio para expressar sua voz. Com a perspectiva de transformá-lo no diário da nossa classe, o diário da juventude forjada ao calor de Junho, da juventude que ocupa às ruas, as escolas e às universidades, mas que agora também vai ocupar às redes sociais e se dar o desafio apaixonante de espalhar ideias ganhando corações e mentes pela transformação revolucionária desse mundo, por meio de um jornal que possa ser expressão da nossa voz. Nos propomos a construir um portal que vá muito além de um portal de notícias, mas que seja um verdadeiro organizador coletivo para que os milhares de jovens em todos os cantos do país possam expressar suas lutas, seus anseios, seus sonhos e a nossa certeza de que o capitalismo não dá mais e que só ao lado da classe trabalhadora é que poderemos botar abaixo esse sistema e construir uma sociedade livre de toda opressão e exploração. Convidamos a todos os jovens a que tomem o Esquerda Diário para si e façam desse portal a expressão da nossa luta. Queremos que esse diário se transforme num grande organizador coletivo e leninista para dar voz a juventude anticapitalista.

 
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