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BRUTALIDADE POLICIAL
Um novo fracasso na impunidade: absolvem os policiais que assassinaram Freddie Gray
Gloria Grinberg

Na quarta-feira a justiça retirou todas as acusações contra três agentes policiais que estavam sendo julgados pela morte de Freddie Gray. Com isto, termina o julgamento de todos os envolvidos na morte do jovem afro-americano.

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Na quarta-feira a justiça retirou todas as acusações contra três agentes policiais que estavam sendo julgados pela morte de Freddie Gray. Com isto, termina o julgamento de todos os envolvidos na morte do jovem afro-americano. Freddie Gray foi brutalmente espancado durante sua detenção no ano de 2015, faleceu depois de passar uma semana no hospital e sua morte despertou mobilizações que levaram a dias de enfrentamento entre a polícia e os manifestantes.

Anteriormente, havia se iniciado julgamentos contra seis agentes policiais, que também acabaram em liberdade. A acusação não pronunciou nenhuma sentença durante os primeiros quatro julgamentos. O primeiro, contra o oficial William G. Porter, que começou em dezembro e terminou após dois meses com a anulação do julgamento. Depois, o oficial Edward M. Nero, que participou da detenção inicial, foi absolvido em maio. César R. Goodson Jr., o condutor do veículo em que Gray foi transportado, foi absolvido em junho. Ainda outro agente presente no princípio da detenção, o tenente Brian Rice, foi absolvido no início do mês de julho. A impunidade que se confirma com o caso de Freddie Gray ocorre nas semanas em que a tensão em torno da questão do racismo e da violência policial têm tomado protagonismo novamente, com dois homens afro-americanos vítimas do gatilho fácil e com os ataques contra os policiais de Dallas e de Baton Rouge, com a morte de um deles.

Ainda que os promotores se dispunham a seguir na quarta-feira pela manhã com as audiências contra Garret Miller, o primeiro oficial que deteve Gray em abril de 2015, o promotor adjunto Michael Schatzow anunciou que o Estado iria apresentar uma “suspensão do julgamento”. Se retiraram as acusações não apenas do agente Miller, mas de todos os agentes envolvidos com o caso de Gray, pondo um fim às audiências previstas para os três agentes restantes. A promotora do Estado da cidade de Baltimore, Marilyn Mosby, deu este anúncio e confirmou que deixará sem efeitos as acusações contra os últimos três oficiais da polícia que haviam sido acusados da morte de Freddie Gray, declarou: “Sem reformas substanciais do sistema penal atual, poderíamos julgar este caso cem vezes e obteríamos o mesmo resultado. Portanto, eu decidi não continuar com as acusações contra o oficial Garret e a sargenta Alicia White ou voltar a uma disputa no caso de William Porter. Como mãe, a decisão de não continuar com os julgamentos que faltam é angustiante. Mesmo assim, como promotora geral eleita pelos cidadãos de Baltimore, devo tomar em conta a escassa probabilidade de uma condenação a esta altura”. Mosby chamou uma reforma na justiça criminal e declarou seu desacordo com a decisão de retirar as acusações, além disso reconheceu a falta de um organismo independente de investigação para ajudar os promotores. Centenas de ativistas se expressaram nas mídias e nas redes sociais pessimistas com respeito às ações que ainda devem ser julgadas, têm perdido a crença de que se chegue em alguma condenação contra os policiais responsáveis. Para os ativistas contra a brutalidade policial e racista em Baltimore, Marilyn Mosby acusou inicialmente estes seis oficiais para conter o descontentamento e frear a onda de protestos e enfrentamentos que ocorreram nessa cidade um ano atrás, exigindo justiça pela morte de Gray.

Esse fracasso onde não se encontra nenhum culpado, se soma à larga lista de policiais que continuam impunes depois do assassinato de dezenas de cidadãos afro-americanos.

Para os ativistas do Black Lives Matter e do movimento contra a brutalidade policial, o resultado foi uma grande decepção, mesmo que talvez não tenha sido uma surpresa depois de uma sequência de policiais que continuam livres de acusações depois do assassinato de homens e mulheres afro-americanos. Este ciclo de derrotas onde “ninguém é culpado” e a favor da polícia responsável pela morte de homens e mulheres afro-americanos, acaba sendo algo previsível diante de cada caso. Entre outros funcionários e figuras públicas, um dos que sai publicamente para manifestar seu acordo e inclusive celebrar é o mesmo Trump. Depois que se conheceu este novo fracasso escandaloso, novas mobilizações percorreram as ruas de Baltimore, assim como as que se levaram a cabo nos arredores de onde se estava celebrando a convenção nacional do partido democrata.

Em Baltimore, uma cidade onde a maioria da população é afrodescendente, os principais postos governamentais, da polícia e da justiça estão nas mãos de afro-americanos. Como vemos, isso não os exime da impunidade que decretaram para os policiais, tanto brancos quanto negros, responsáveis por esta e outras mortes.

Como levanta Julia Wallace do Left Voice em Como combatemos o terror policial?: “A solução não é ter mais gente de cor em posições de poder. Elegemos prefeitos negros, governadores e até um presidente negro, mesmo assim o racismo, a brutalidade estatal e o encarceramento em massa só aumentou nos últimos 30 anos”.

Se demonstra diante cada acontecimento que por mais que os afro-americanos cheguem nos Estados Unidos à postos de poder, há uma continuidade do profundo racismo na sociedade e ainda não se vê uma mudança na situação da população negra em geral. Segue-se perpetuando um sistema onde a criminalização e os assassinatos contra os afro-americanos continuam.

 
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