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ELEIÇÕES SP
Serra, Alckmin e Lula disputam seus projetos de 2018 nas eleições da capital paulista
Adriano Favarin
Membro do Conselho Diretor de Base do Sintusp

Nas eleições para a Prefeitura de São Paulo não se decidirá apenas quem irá assumir a maior economia do país. Em meio ao processo de golpe institucional que se desenvolve como parte da crise política, econômica e de regime no país, aquele que conquistar a vitória nas eleições da capital paulista terá em sua conta o capital político necessário para a disputa presidencial em 2018.

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PSDB: As disputas fratricidas no ninho tucano da frente golpista

O PSDB paulistano travou durante as prévias do partido uma luta fratricida entre os candidatos João Dória, apoiado pelo governador Geraldo Alckmin, e Andrea Matarazzo, apoiado por José Serra e Fernando Henrique Cardoso. A competição entre os dois, praticamente novatos na política, escondia a disputa entre os dois caciques do PSDB paulistano pelo controle da máquina partidária em São Paulo.

Após a morte de Mário Covas, Serra e Alckmin disputam a preferência da patronal industrial paulista. Essa batalha já é histórica, mas esse ano entra em jogo um novo elemento: o vencedor da disputa tende a ser o candidato a presidente pelo partido nas eleições de 2018. E em meio à crise política nacional e crise histórica do PT, nos últimos 16 anos nunca foi tão grande a chance dos tucanos voltarem ao Palácio da Alvorada.

Em 2008 Alckmin foi o candidato escolhido nas prévias do PSDB. Como protesto, parcela significativa do partido – influenciada por Serra – resolveu apoiar a candidatura de Gilberto Kassab (PSD). Dessa vez, após a derrota nas prévias tucanas, Matarazzo resolveu trocar de vez a legenda do PSDB pela do PSD.
O PSD, fundado em 2011 por Gilberto Kassab, atual Ministro de Ciência e Tecnologia do governo golpista de Michel Temer (PMDB), vem a ser uma ruptura do DEM (partido diretamente ligado ao antigo ARENA, partido da ditadura militar). O PSD foi base do governo Dilma Rousseff do PT, inclusive com Kassab sendo nomeado Ministro das Cidades do segundo mandato da petista.

Essa semana, com a chancela de José Serra e do presidente golpista Michel Temer, o PSD de Kassab decidiu lançar Matarazzo como vice-prefeito da chapa encabeçada por Marta Suplicy (PMDB).

PMDB/PSD: a cara deslavada do fisiologismo transformista da política brasileira
A candidata a prefeito Marta Suplicy (PMDB), era militante histórica do PT até o início da segunda gestão de Dilma Rousseff, quando decidiu sair do partido e flertar com o PSB golpista, do falecido Eduardo Campos e com o PMDB. Ao decidir pelo PMDB, desbancou Gabriel Chalita, que seria o provável candidato do partido a prefeito.
Mesmo assumindo uma posição escancaradamente golpista, Marta ainda é referência em vários bairros da periferia de São Paulo por projetos que realizou em seu mandato enquanto prefeita pelo PT de 2001 a 2004, como os Centros de Educação Unificados (CEUs). Marta mantém boa votação nos eleitores que Haddad, mesmo sendo do PT, não alcança.

Com as chances cada vez maiores da chapa encabeçada por Celso Russomano (PRB) – pastor candidato pelo partido da Igreja Universal – e Marco Feliciano (PSC) – pastor candidato pelo partido da Assembleia de Deus – ser embargada pela justiça eleitoral pelo envolvimento de Russomano em denúncias de corrupção, seu eleitorado deve migrar em boa parte para a chapa de Marta. Essa aliança, cacifada por Jose Serra e Michel Temer, também busca alcançar a parcela de votos dos setores da classe media, alta e conservadora descontentes com a candidatura de João Doria.

Após acusar a derrota nas prévias, José Serra voltou ao jogo pelos bastidores, na disputa pela indicação do PSDB de sua candidatura a presidência em 2018. Há poucas semanas Matarazzo havia dito que era mais fácil uma vaca voar do que ele ser vice de Marta. Porém, o tacão de Michel Temer falou mais alto (se depender dos políticos, as vacas no Brasil além de tossirem, voam!), e a dupla “Martarazzo” pretende ser um páreo duro para Alckmin, mesmo este contando com a máquina do governo estadual, a maior rede de alianças (12 partidos coligados) e o maior tempo de televisão.

PT: Entre a última esperança e a última pá de terra

O PT aposta sua sobrevida nas eleições para a capital paulista. A chapa encabeçada pelo atual prefeito Fernando Haddad incluiu como vice Gabriel Chalita (PDT) que, desbancado por Marta nas internas do PMDB para prefeito, resolveu romper com o partido e se filiar ao PDT, do presidente Carlos Lupi (ex-Ministro do Trabalho de Lula e Dilma, afastado em 2011 por denuncias de corrupção).

Ciente da dificuldade em chegar ao segundo turno, mas ainda mais consciente da necessidade de ter o apoio dos votantes de Marta e Erundina (PSOL) em um possível enfrentamento com João Dória, Lula aconselhou Haddad na convenção partidária a não criticar, nem “falar mal” de nenhuma das duas.

Os cenários, porem, estão mais difíceis de prever com o surgimento da aliança “Martarazzo”, sendo que um segundo turno entre Haddad e Marta não esta descartado. Iriam, os “alckminstas”, aceitar a derrota e chancelar Marta para a Prefeitura e Serra para 2018? Também sequer uma eventual ausência do PT no segundo turno e uma disputa entre João Dória e Marta pode ser descartada. Nesse caso o PT apoiaria a candidata chancelada por Serra e pelo governo golpista ou o candidato puro-sangue tucano? Todos esses três cenários, porém, só são concebíveis na perspectiva mais provável da atuação do partido judiciário contra a candidatura de Russomano, atual líder disparado nas pesquisas de opinião.

Não dá para prever o desfecho dessas eleições, sequer antecipar cenários mais prováveis. Porém, podemos dizer que em São Paulo se trava a mais decisiva batalha na reconfiguração de forças dos partidos burgueses pós-ditadura militar: PT, PSDB e PMDB. Resta ver como a esquerda se posiciona mantendo os princípios de independência de classe e aproveitarmos essa disputa fratricida burguesa para fortalecer um pólo de classe e dos trabalhadores alcançando nessa politização um amplo espectro da massa.

 
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