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ESTUPRO COLETIVO
Estupro coletivo em Araraquara: mídia e justiça são cúmplices
Beatriz Costa

No último sábado, 23 de julho, mais uma jovem entrou para as tenebrosas estatísticas de casos de violência sexual no Brasil. Não ao acaso, as mídias locais e a instituições que acompanham o caso (polícia militar e civil) atuam no sentido de criminalizar a vitima e abafar o estupro. A cultura do estupro e o feminicídio são o último elo de uma cadeia de agressões cotidianas que o conjunto das mulheres, e os setores historicamente oprimidos, são submetidos na miséria da sociedade capitalista.

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No ultimo sábado uma jovem de 19 anos, voltando de uma festa de família, foi abordada por um Honda Civic prata enquanto esperava um ônibus para voltar para a sua casa. Segundo relatos da vítima e de sua amiga que a socorreu, ela foi levada por alguns jovens até um canavial nos arredores da cidade onde foi brutalmente violentada por três deles. Esse caso soma-se a outros 14 casos só esse ano na pequena cidade de Araraquara. Levada ao hospital da cidade a jovem permaneceu internada e sedada até o domingo, onde o caso foi amplamente “divulgado” e descreditado pela rasteira mídia local em apoio com a polícia.

Até o momento nenhum dos estupradores foi identificado pela polícia. Sob o comando da delegacia de defesa da mulher, na figura da delegada Merilene de Castro, afirma-se que a vítima expõe pontos conflitantes em relação ao estupro sofrido, além de se negar a fazer exames médicos no IML, colocando assim o estupro ainda mais em descrédito, segundo as autoridades locais e sua mídia fajuta. Assim, as autoridades locais e sua polícia encobrem mais esse absurdo caso de agressão contra as mulheres de conjunto, demonstrando que a cultura do estupro é institucional e a polícia, a mídia e o estado também tem suas mãos sujas de sangue.

O que não se diz na mídia local, no entanto, é que não existem médicas mulheres no pronto atendimento do IML para atestar a agressão, impondo à vítima ter que se submeter a exames médicos com homens, o que intensifica ainda mais a condição de fragilidade e opressão a qual essa jovem está submetida. Somado a esse discurso de criminalização da vítima pesa ainda um suposto antecedente criminal da menina, que endossaria a tese de “argumentos conflitantes”, mais um claro artíficio que busca invisibilizar o dia a dia de opressões a qual estão submetidas a maioria das mulheres na sociedade capitalista.

Esse caso não é a expressão de um caso isolado, como as autoridades locais querem fazer parecer. A precarização do trabalho, o trabalho doméstico, o desnível educacional e salarial são expressões de toda uma cultura patriarcal que tem como reflexo mais agudo a violação do corpo da mulher e o feminicídio: a cada onze minutos uma mulher é vítima de estupro no Brasil e, só em 2013, foram 4.762 mulheres vítimas de feminicídio, ocupando o quinto lugar do mundo no ranking dos assassinatos de mulheres, totalizando a morte de uma mulher a cada 1h50.

É contra toda essa barbárie que nós, militantes do Pão e Rosas, da Faísca e do MRT de Araraquara chamamos a todas as mulheres e a juventude de conjunto a se levantarem contra mais essa barbárie em um grande ato contra a cultura do estupro e o cinismo da polícia e a mídia local que tentam nos silenciar mais uma vez, em nossa luta contra toda a miséria do sistema capitalista e a agressão patriarcal.

Segue manifesto da Frente Feminista de Araraquara:

 
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