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DEBATE COM A ESQUERDA
Repressão no Paraná, greves na educação em todo país, quais as tarefas da esquerda?
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED
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A repressão aos trabalhadores da educação no Paraná foi algo brutal, revoltante. Manifestações de solidariedade e revolta contra a polícia do governador tucano Beto Richa tomam as redes sociais e ameaçam dar um tom mais combativo aos atos de primeiro de maio, mesmo que eles ainda sejam muito pequenos.

O impacto desta repressão é ainda maior porque há greves na educação em boa parte do país, desde aquelas que se enfrentam com o também tucano Alckmin em São Paulo a até mesmo uma greve contra um prefeito do PSOL, em Macapá, capital do Amapá. Este cenário permite e exige da esquerda uma atuação que cerque de solidariedade estas lutas e contribua para sua vitória.

A elite brasileira também está vendo esta situação e seus perigos e já há alas que discutem como amortecer os impactos mais frontais dos ajustes. Este debate está em curso desde as MPs de Dilma que tiraram direitos trabalhistas, ao ataque do PL 4330, mas agora ganharam este contorno “paranaense”. Trata-se de ver o saldo político e de feridos para aprovar os ajustes. O alto custo político para aprovar o ajuste naquele estado está acendendo luzes amarelas em setores da elite. Um destes chamados a atenção apareceu em editorial de colunista desta quinta-feira no importante jornal gaúcho Zero Hora. Nele argumenta-se a ideia de fazer naquele estado um ajuste mais devagar e dialogado que o paranaense.

Para não cairmos em armadilhas que fariam de ajustes “menos frontais” uma vitória, é preciso que a esquerda dê passos firmes de coordenação das lutas. Do contrário, os agentes do governo Dilma no movimento dos trabalhadores (como as direções de CUT e CTB) ou aqueles parceiros dos tucanos, como a direção da Força Sindical, nos venderão gato por lebre. Um exemplo deste perigo podemos ver no dramático aumento nas restrições das MPs 664 e 665, mas que se forem menores que o original a direção da CUT pode vender como vitória (da exigência de seis meses para ter acesso ao seguro desemprego passaríamos a um ano pelo acordo que CUT está costurando, menos que os 18 meses que Dilma decretou mas o dobro do que era o direito dos trabalhadores no país).

O primeiro passo é cercar de solidariedade a luta dos trabalhadores do Paraná e lutar pela revogação do decreto aprovado enquanto duas centenas de professores sofriam ferimentos ou eram hospitalizados. Para isto propomos que transformemos a indignação em coordenação e luta: que sejam convocadas imediatamente reuniões e coordenações regionais pela central antigovernista CSP-Conlutas que é dirigida pelo PSTU, mas onde também participamos nós do MRT, e setores da esquerda do PSOL tais como o MES de Luciana Genro e a LSR. A partir de ações conjuntas da esquerda a exigência as grandes centrais (como CUT, CTB, Força) alinhadas com o governo ou a oposição burguesa poderia ganhar força efetiva. Esta força é necessária para a vitória destas lutas.

Estas coordenações regionais poderiam organizar ações e assim contribuir para tirar cada uma destas lutas do isolamento, romper o cerco midiático que várias delas sofrem (como é o caso paulista) e contribuir para sua vitória forçando a frente única com setores das grandes centrais nem que fosse regionalmente. Frente única que envolvesse não só carros de som e dirigentes, mas a partir de força na base. Para exercer esta pressão é necessário que a esquerda se coordene e mostre força primeiro do contrário CUT e outras centrais seguirão declarando contrárias a tal ataque, a tal "ajuste", mas pouco fazendo.

O segundo passo nesta luta é saber quem são os aliados e os inimigos. Nesta luta da educação que vem ganhando crescentes contornos nacionais, inclusive com indicativo de greve nacional das universidades federais, a esquerda precisa saber como atuar frente ao governo do PT e seus dirigentes. Lula rapidamente se apressou a declarar à imprensa que considerou “bárbara” a repressão no Paraná. Isto mostra quão violenta foi a repressão, que até Lula teve que falar algo.

A CUT, no entanto, por mais que tenha, na figura de suas principais direções, declarado solidariedade aos professores paranaenses nada fez. O sindicato dos professores do Paraná, a APP-Sindicato, é filiado a CUT, e apesar dos protestos esta poderosa sindical ainda não se mexeu. Esta absurda inação mostra como preferem seguir os ditames de Dilma e Lula do que defender os trabalhadores e até mesmo um sindicato filiado!

Porém, apesar das declarações de indignação com a violência, o mesmo ex-presidente nunca falou nada sobre o também violento corte de 7 bilhões de reais do MEC que resultou em milhares de demissões de terceirizados de universidades em todo país. Para Lula também não foi violento o corte em bolsa do FIES que deixou estudantes de fora de universidades. A mídia petista não fez nenhum escândalo em 2012 quando o governo Dilma cortou salários de grevistas das universidades e outros setores do funcionalismo em greve. Aquela repressão, financeira, pode, só bala de borracha que não?

Estes questionamentos são ainda mais agudos se pensarmos que os cortes na educação promovidos por Dilma e continuados pelos governos estaduais de todos os matizes, inclusive do próprio PT, como em Minas Gerais, onde a lei nacional do piso dos professores não é cumprida, ocorrem no mesmo ano que Dilma declarou que o lema de seu governo seria “Pátria Educadora”. A não ser que consideremos a educação da terceirização, dos cortes de orçamento e da bala de borracha, há pouco que os diferentes partidos da ordem têm a nos oferecer, seja o PT, PSDB ou o PMDB.

Estamos nas ruas frequentemente junto a militantes de correntes da esquerda do PSOL em todas estas greves. Várias correntes também falam que a luta do Paraná deve virar o centro para a atuação de toda a esquerda. Concordamos, mas é preciso passar da palavra à ação. Construirmos ações comuns, como aquelas que propomos à CSP-Conlutas. Porém, a esquerda do PSOL tem outras responsabilidades nesta situação.

Em primeiro lugar é preciso exigir que os famosos parlamentares ditos independentes do PSOL, como Freixo e Wyllis, não só se pronunciem em favor destas greves, mas que coloquem a serviço da mobilização o vasto espaço midiático que possuem. Se Freixo e Jean Wyllis militassem para termos atos em defesa das greves de professores, poderíamos ganhar força nas ruas. Todos os parlamentares do PSOL, inclusive os de sua chamada “ala direita", como Ivan Valente, poderiam cumprir um papel para disseminar, massificar a luta em apoio aos professores. Ivan Valente é inclusive um parlamentar conhecido por sua ligação com a pauta da educação, que medidas concretas tomará frente a tamanho descalabro?

A esquerda do PSOL, no entanto, nunca faz chamados públicos às figuras ditas independentes ou exigências à ala "direita". Também não encontramos uma só critica pública a Clécio, prefeito de Macapá, da ala de Randolfe e Ivan Valente. Este prefeito está oferecendo aos professores um reajuste de 4%, algo abaixo da inflação oficial! Quando questionados muitos militantes do PSOL dizem que Clécio está saindo do PSOL, pois bem, porque em todos lugares ainda é identificado como "prefeito do PSOL". Se ele está de saída isto então daria ainda maior liberdade para publicamente ser criticado e realizarmos uma campanha em apoio aos trabalhadores da educação de Macapá. Por que o silêncio da esquerda do PSOL frente a tamanho ataque?

A esquerda com o peso parlamentar e superestrutural do PSOL, somada ao peso sindical do PSTU, poderia cumprir um papel muito superior nesta conjuntura, bastaria passar das palavras a ação e que deixasse de se calar sobre eventos como fazem as correntes do PSOL frente a Macapá. O Movimento Revolucionário de Trabalhadores coloca suas forças a serviço desta orientação para coordenar as lutas e para nos solidarizarmos com as greves em curso, e com este chamado buscamos ações comuns e urgentes para a vitória das lutas dos professores em todo o país.

 
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