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GREVE UNICAMP
UNICAMP: Seguimos em greve contra as punições
Guilherme Zanni
Professor da rede municipal de Campinas.
Vitória Camargo

Após quase dois meses de ocupação da reitoria da UNICAMP, os estudantes desocuparam, sob ameaça de reintegração de posse e mediante os avanços acordados. Continuam em greve para que nenhum estudante seja punido e impulsionam uma campanha contra um processo de sindicância já em curso e outras ameaças de punições.

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Patrícia Domingos/Especial para AAN

A ocupação da reitoria vinha desde o dia 10 de Maio, com greve votada em 17 cursos, como a Engenharia Mecânica e a Medicina, e ocupação de escritório no campus de Limeira – uma mobilização histórica na universidade. A reitoria da UNICAMP adotou uma linha intransigente e chantagista, ameaçando reintegração de posse e a presença da polícia no campus, o que fere o acordo conquistado com luta em 2013 e é algo que não ocorreu nem durante a Ditadura Militar. Além disso, recusou-se a negociar a suspensão dos cortes ou mesmo que pudéssemos ter um amplo debate com a comunidade acadêmica sobre o orçamento da universidade, quando estão sendo cortados 10 milhões de reais do Hospital das Clínicas, além de se negar debater a questão das não punições aos estudantes em luta. Esta última reivindicação é o que segue sendo o principal ponto de unificação da greve estudantil.

No Brasil todo a juventude se levanta contra os ataques à educação e os governos que querem precarizar nossas vidas, tendo que se enfrentar com a repressão. O secretário de Segurança Pública do governo golpista do Temer, Alexandre de Moraes, fez escola com o Alckmin em São Paulo e demonstra a truculência do governo do estado – como vimos com os secundaristas no Centro Paula Souza. Com as reitorias, não é diferente. A repressão escandalosa no CRUSP se soma ao segundo mês consecutivo no qual os trabalhadores em greve da USP têm seus salários cortados. Tadeu na UNICAMP, junto às diretorias que afirmam a necessidade de punições exemplares e a sindicância contra um estudante negro em luta por cotas raciais, mostra ser mais uma cara da criminalização aos lutadores que se expressa em todo o país.

Uma coisa é certa: nossa mobilização incomoda. Enfrentar o elitismo e o racismo numa universidade como a UNICAMP, que, junto à USP, é um de seus bastiões, na última cidade a abolir a escravidão, não é uma tarefa fácil, ainda mais em um cenário em que, nesse último período, em meio à polarização nacional, a direita vem se fortalecendo. Ainda assim, desocupamos arrancando 600 vagas na moradia, audiências públicas sobre cotas étnico-raciais, a serem pautadas posteriormente no Conselho Universitário, aumento em 10% do número de bolsas auxílio-social etc. São conquistas importantíssimas relativas à permanência e ao debate de inclusão. Impusemos à reitoria a continuidade do projeto da moradia estudantil que foi arrancado a partir de uma ocupação de 2 anos pelo Movimento Taba, nos anos 80. Isso expressa a força da nossa mobilização.

Assim que desocupamos, saímos em ato às 5h30 da manhã, cantando que “não tem arrego, você pune o estudante e eu tiro o seu sossego”, para trancar o Instituto de Matemática e Estatística e Ciência Computacional (IMEEC). Para nós, o local é um símbolo dos assédios e das agressões contra o direito de greve dos estudantes, cuja diretoria é responsável pela sindicância aberta contra Guilherme Montenegro, membro do DCE. O trancaço durou o dia todo, com o espírito que demonstra que seguimos firmes na luta contra as punições.

Foi um momento importante logo após a desocupação. Agora nossos próximos desafios passam por cada vez mais expressarmos nossa greve para fora, com uma campanha ampla e democrática, que agregue, além dos funcionários e professores que já se solidarizam e nos apoiam, também intelectuais, artistas e movimentos sociais, para que nenhum estudante seja punido por defender a educação pública e lutar para que a juventude negra e pobre tenha acesso à universidade e nela possa permanecer. Precisamos dar continuidade aos exemplos da aula pública realizada por docentes e estudantes do Instituto de Economia e o de Artes no centro de Campinas, que permitiu um diálogo com a população da cidade sobre as nossas pautas e a necessidade da nossa luta, e das panfletagens, no HC e em terminais, que já realizamos. Para isso, também é necessário percebermos os limites da política levada a frente pela direção do DCE que se equivocou, desde o início do conflito, ao contrapor as nossas ações dentro da universidade à “colocarmos a greve na rua”, ao não ter tido esforços para se unificar com os trabalhadores e não ter dado peso devido às ações que permitiam dialogar com a população, ao não unificar com a USP e UNESP, não contribuiu com a disputa necessária da opinião pública e mudança na correlação de forças. A combinação da nossa atuação exemplar dentro da UNICAMP e a massividade impressionante que o movimento alcançou poderiam ser os maiores pontos de apoio para que, com o apoio da população, virássemos o jogo contra a intransigência da reitoria.

Nós, da Faísca – Juventude Anticapitalista e Revolucionária, expressamos na Assembleia essas ideias e a posição minoritária de que a ocupação ainda nos servia como uma ferramenta que, combinada a estratégia radicalizada de valorização da força do nosso movimento e a unificação, poderia colocar a reitoria contra a parede e, junto a uma ampla campanha democrática lhe arrancar a garantia de que a resposta a nossa luta não será qualquer punição. Também questionamos a proposta acordada de reconhecimento e participação na comissão de sindicância, contra isso propomos uma comissão independentes– algo que poderia contar com uma composição a partir das entidades dos estudantes e trabalhadores da universidade, como o DCE, STU e ADUNICAMP, pois não podemos legitimar instâncias que não fortalecem os lutadores, mas, pelo contrário, têm como objetivo consciente punir, com a discussão concentrada apenas no “como punir”.

Participe da campanha: “Quem luta por educação não merece punição! Pune um, pune todas e todos!”.

https://www.facebook.com/kinoandaluz.unichamps/videos/146385959117375/
Vídeo que os estudantes da UNICAMP fizeram contra as punições

 
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