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Trabalhadores na Karmann Ghia ocupam a fábrica para garantir direitos
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Na manhã de sexta-feira (13/05), cerca de 200 operários da Karmann Ghia - empresa é especializada em estamparia, ferramentaria e montagem de autopeças. -, em São Bernardo do Campo (SP) iniciaram um acampamento dentro da fábrica para garantir seus direitos. Segundo o site dos Metalurgicos do ABC, ligado a CUT, a decisão foi tomada a partir de parecer favorável obtido pela antiga diretoria da empresa na justiça. Os trabalhadores reivindicam o pagamento de salários e benefícios atrasados, além do pagamento das rescisões dos trabalhadores que foram demitidos, acampamento seguirá por tempo indeterminado até a solução das pendências para que possíveis interessados na compra da fábrica possam assumir.

Há cerca de um mês, os proprietários da empresa de autopeças iniciaram uma negociação com o grupo Gitan Incorporação e Construção para venda da fábrica. De acordo com Caramelo, diretor do sindicato, o grupo interessado já havia, inclusive, feito contato com o comitê sindical para discutir a formas de quitar o passivo com os trabalhadores, que inclui pagamento de salários e benefícios atrasados. No entanto, um impasse jurídico entre os atuais e os antigos proprietários colocou em suspenso a negociação.

A direção da Karmann Ghia irá recorrer na Justiça contra a sentença proferida na quinta-feira pelo juiz Rodrigo Faccio da Silveira, da 3ª Vara Cível de São Bernardo, que indeferiu o pedido de revisão do contrato de venda da empresa.

Histórico

A situação de crise na Karmann Ghia não é de hoje. Desde o início de 2014, a empresa demitiu e atrasou os pagamentos dos salários, benefícios e as rescisões dos trabalhadores. A crise foi desencadeada no fim de 2013, quando a Volkswagen, então responsável por grande parte do faturamento da Karmann Ghia, anunciou o fim das linhas da Kombi e do Gol G4. Foi então que em 26 de maio de 2015, a Karmann Ghia abriu falência na 8ª Vara de São Bernardo do Campo.

O sindicato, todavia, não preparou os trabalhadores para o embate contra o período difícil que se seguiria, nenhuma luta séria foi encaminhada pela direção do sindicato, que se limitou a fazer acordos pelo alto com as diretorias corruptas da empresa, e bloquear a insatisfação dos trabalhadores para confiar nesses acordos, que foram constantemente descumpridos pela patronal. A indignação dos trabalhadores com a situação chegou a tal ponto que no começo de 2015, os metalurgicos da Karmann Ghia protestaram na frente do sindicato exigindo que a entidade aparecesse na fábrica para defender os seus direitos.

Mesmo assim o remédio administrado pela direção do sindicato continuou o mesmo, defendendo acordos com a direção da empresa que nunca eram cumpridos, enquanto mais trabalhadores eram demitidos, e os que permaneciam sempre tinha a incerteza de que teriam seus salários pagos.

Até chegar a essa situação critica onde os trabalhadores ocupam a fabrica para garantir que a patronal não fuja com as maquinas da fabrica.

Ocupa Tudo

A crise econômica atingiu em cheio as grandes montadoras, mas de maneira ainda mais violenta as auto-peças. Somente no ano passado foram mais de 1 milhão de demitidos na industria em todo o pais, destes 14 mil só nas montadoras. Para responder a este cenário, a CUT junto ao governo do PT efetivaram o "Plano de Proteção ao Emprego", PPE, reduzindo o salários dos trabalhadores e a carga horária de trabalho com o objetivo dos grandes capitalistas seguirem lucrando, sem ter de demitir, enquanto os trabalhadores sofriam este arrocho salarial, pagando pela crise gerada pelos próprios capitalistas.

Frente a este cenário de demissões e fábricas fechando as portas, as saídas também encontraram a ocupação de fábrica como forma de impedir a retirada das maquinas e assim pela via da mobilização garantir os direitos dos operários. Além da Mardel no ABC Paulista, a MABE de Campinas e Hortolândia deram um grande exemplo de uma grande batalha contra os trabalhadores pagarem pela crise. Seguindo e apoiado pelos secundaristas que ocuparam as escolas no final do ano passado e novamente voltaram a ocupar suas escolas, agora não apenas em São Paulo, mas também Rio de Janeiro e Ceara, os operários resistiram, até que a Justiça e a polícia, como parte deste Estado, atuassem contra os trabalhadores forçando sua desocupação.

Maíra Machado, diretora da APEOESP e da CSP-Conlutas ABC vem participando ativamente das mobilizações operárias da região e levando apoio dos professores a luta dos metalurgicos contra as demissões. Também em entrevista para o Esquerda Diário comentou: "A ocupação da fabrica da Karmann Ghia é um exemplo que se as fabricas querem decretar falência, nós queremos a abertura dos livros de conta e saber o que houve exatamente. Quando é pra saber sobre a vida dos trabalhadores, os patrões querem saber de tudo, agora não nos deixam ver que é uma farsa essas falências, sendo que os ricos continuam na crise cada vez mais ricos".

Sobre o sindicato, a professora disse: "A CUT esperou até agora para não dar nenhuma luta séria contra a patronal. Ano passado os trabalhadores precisaram ir até o sindicato protestando para exigir qualquer ajuda. É a mesma CUT que não organizou nenhuma luta seria contra o golpe institucional que acabou de se concretizar no país, os trabalhadores não devem ter nenhuma ilusão nesta direção burocrática, mas acreditar que a força está na sua mobilização, que é capaz de colocar a direção da Karmann Ghia de joelhos e assim garantir seus direitos".

 
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