Segundo reportagem da Folha de São Paulo, José Serra (PSDB) demonstrou interesse no cargo de Ministro das Relações Exteriores e Temer pretende ceder a Secretaria de Direitos Humanos para a deputada federal Mara Gabrilli, também do PSDB. Além disso, Aécio também declarou que não viu divergências em negar a composição do governo de Temer em discussão dentro do próprio partido, uma vez que se reuniu com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
FHC afirmou que esse “governo de transição” não deve ter cara de partido e que é uma “emergência nacional” ajudar o Brasil, além de assegurar que o PSDB tem “responsabilidade política” com o país. Já Geraldo Alckmin vê uma participação no governo Temer a partir do apoio nas câmaras de senadores e deputados.
Aliás, o PMDB também pretende firmar acordos com o DEM, ao anunciar especulações de que o deputado Rodrigo Maia, do Rio de Janeiro, poderia ser líder do governo na Câmara de Deputados, numa política nítida de destacar os apoios de fora do partido para assegurar a governabilidade de Temer.
Interesses e responsabilidades do PSDB e do PT
O pano de fundo é de pressão das mídias burguesas, como o Estadão e a Folha de São Paulo, para o PSDB não apenas votar “sim” ao impeachment e bancar o papel de ser a oposição burguesa original ao PT, mas também "não fugir a suas responsabilidades" de participar do eventual governo golpista de Temer. Isso garantido por negociações como a não candidatura em 2018 de Temer, e o compromisso de assumirem ministérios mais afastados da esfera econômica, o que não comprometeria tanto os tucanos diante dos ataques de Temer.
No entanto, para além das pressões para que assuma o governo com o PMDB, o PSDB tem interesses nítidos em conseguir domar o governo Temer para já iniciar a implementação da agenda de ajustes numa possível vitória nas eleições para presidente em 2018. Além disso, se apropria desse papel mesmo diante do fracionamento do partido, entre a ala de Aécio Neves, Serra e a ala de Geraldo Alckmin, além das divisões entre paulistas e mineiros.
Dois blocos burgueses estão em disputa para conseguir agarrar o osso, que significa hoje dirigir a direita no Brasil, com projetos liberais e neoliberais. A discussão está na forma de como aplicar os ajustes. O PT abriu caminho a esta direita governando junto a ela e fortalecendo as premissas para a atual ofensiva da direita e da patronal rumo a ataques mais duros que os iniciados por Dilma. São incapazes de conter este avanço e buscam "aparentar resistência" silenciando sobre qualquer plano de luta real contra o golpe institucional e os ajustes.
Por essa razão, devemos combater o golpe reacionário de aplicação de ajustes mais duros, um retrocesso de consciência e repressão da classe trabalhadora, mas também o petismo. Foi o PT quem pactuou com a corrupção e fez acordões com o PMDB. Foi também quem atacou a classe trabalhadora e a juventude e, principalmente, conteve os avanços na luta e na consciência desses setores com burocracias, como a CUT, a CTB e a UNE. Por uma greve geral já contra o golpe e os ataques dos governos!
|