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28 de ABRIL DIA MUNDIAL EM MEMÓRIA DAS VÍTIMAS DE ACIDENTES DE TRABALHO
Brasil é o 4º país no ranking mundial de mortes por acidentes no trabalho
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Neste artigo apresentamos um breve resumo sobre os dados mais recentes disponibilizados pelo governo sobre acidentes e doenças de trabalho.

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Antes é necessário ressaltar que estes dados devem ser avaliados sob uma visão crítica, pois há uma enorme incoerência dentro das próprias instituições governamentais sobre os números reais de acidentes de trabalho em nosso país. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística) chegou em uma pesquisa levantar números sete vezes maiores do que a Previdência Social, que é o órgão responsável oficialmente pelo registro de acidentes e doenças de trabalho e que possui a maior quantidade de informações. Enquanto a Previdência Social registrou em 2013 um total de 717.911 incidentes, o IBGE, em parceria com o MPS (Ministério Público de Saúde), chegaram a registrar 4.948.000 incidentes. Para entender esta diferença discrepante devido aos inúmeros de casos de acidentes que são jogados para de baixo do tapete, leia este artigo também escrito para esta edição especial do Esquerda Diário.

Outro problema que evidência a negligência das instituições governamentais sobre este tema, é o fato de que os dados mais recentes foram recolhidos em 2013. Entretanto, para tentarmos enxergar a realidade atual podemos partir da certeza de que os números apenas aumentaram, pois é esta a tendência desde o ano 2000. Tal fato pode ser analisado pela tabela abaixo, retirada da base de dados do site da Previdência Social. Segundo esta tabela houve um aumento de 43% na quantidade de acidentes de trabalho desde 2005 até 2013. Trata-se justamente do período em que governou o PT, o suposto partido dos trabalhadores, em um momento que o Brasil passava por um forte crescimento econômico.

Segundo a OIT (Organização Internacional do Trabalho), o Brasil é o 4º colocado no ranking mundial de mortes por acidentes de trabalho, ficando atrás somente da China, EUA e Rússia. Os 4.948.000 incidentes da pesquisa do IBGE significam 13.744 acidentes por dia, 572 acidentes por hora. A Previdência Social também afirma que morreram no Brasil em 2013 2.797 trabalhadores devido a ocorrências no trabalho. Estes números são maiores do que os de mortos pela polícia no mesmo ano, que chegam há 2.212 pessoas segundo a oitava edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Se já é reconhecido que o Brasil vive uma verdadeira guerra civil protagonizada pela polícia contra a população negra e pobre, as estatísticas de acidentes de trabalho revelam a mesma realidade no mundo do trabalho, vivemos uma “guerra civil” pela patronal contra a classe trabalhadora. Um massacre que nem mesmo o sensacionalismo da grande mídia oficial tem interesse em televisionar.

Nos dados da Previdência Social, que podem ser visualizados neste site, é possível ter uma boa ideia dos ramos econômicos que mais causaram acidentes de trabalho. Os dados refletem o trabalho concentrado nos grandes centros urbanos, sendo a esmagadora maioria dos acidentes concentrados na indústria de transformação e no setor de serviços. A princípio os dados demonstram uma grande superioridade de acidentes em serviços. Entretanto se considerarmos que a terceirização do trabalho, esta primeira impressão mostra-se equivocada. Dos acidentes ocasionados no setor de serviços, 48.856 estão relacionados a “serviços prestados para empresas”, e outros 56.851 estão relacionados a “transporte e armazenagem”, ou seja, logística.

Estes dois ramos atendem majoritariamente as indústrias, que terceirizam partes de seus processos secundários. Podemos assim comprovar que a terceirização colabora para que determinados tipos de trabalho permaneçam especialmente precarizados e conseqüentemente mais expostos a acidentes de trabalho. Outra evidência da relação entre precarização do trabalho e acidentes e doenças também esta evidenciado. Por um lado nos dados referentes a pequenos comércios de manutenção de veículos, que é responsável por expressivos 99.583 casos, onde praticamente não há investimento em prevenção de acidentes e há menor controle legal, característica comum de pequenas empresas, deixando os trabalhadores mais expostos. Por outro lado a indústria alimentícia, com 52.846 casos, setor industrial que sofreu maior nível de precarização do trabalho, com uma grande concentração de trabalhos manuais repetitivos e postos de trabalho rotativos. Outro que salta aos olhos é referente ao setor de serviços relacionados a saúdes, com 70.602 incidentes.

Utilizando também os dados do IBGE, é possível ver nitidamente a relação entre concentração urbana e industrial com os índices de acidentes. Na tabela abaixo que separa os incidentes por estado é possível ver a enorme disparidade de São Paulo em relação a todos os outros, seguido por Minas Gerais, Paraná, Bahia e Rio Grande do Sul, justamente aqueles onde há maior aglomeração urbana em volta dos grandes centros industriais.

Outra informação importante disponível pelos dados do IBGE é a relação entre faixa etária e acidentes de trabalho. Na tabela do IBGE abaixo a maior quantidade de acidentes ocorre entre os 18 aos 29 anos, evidenciando a exposição dos jovens nos postos de trabalho mais precários. A juventude é em sua maior parte recrutada para os trabalhos mais simples, que exigem menos experiência e conhecimento técnico, ou seja, são facilmente substituíveis. Pressionados pela rotatividade e o alto índice de desemprego na juventude, acabam se submetendo a condições mais degradantes do que os setores mais velhos que contam com maior estabilidade. Por isso também a juventude é selecionada para os trabalhos de ritmos mais intensos, onde há mais pressão para cumprir as metas impossíveis impostas pela gerência. Esta mesma constatação pode ser verificada ainda mais claramente na tabela oferecida pelo site da Previdência.

O último conjunto de dados organizados fornecidos pela Previdência Social, que expõe os tipos de acidentes, é ainda mais alarmante. Engana-se quem imagina que está entre a maior quantidade de incidentes apenas os casos de escoriações leves. Nesta outra tabela abaixo, é possível ver os tipos de acidentes com maiores índices. Fraturas, traumatismos e amputações são quase tão comuns quanto os ferimentos superficiais.

 
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