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UNIVERSIDADES PARTICULARES
Ensino privado: uma realidade de cortes e precarização
Alice Silva, estudante de nutrição da UNIP Campinas
Gabriele Palma, estudante de Artes Visuais da PUC Campinas

As universidades privadas têm apresentado um péssimo desempenho em relação ao ensino, que está cada vez mais precário mesmo com mensalidades tão altas. A maioria dos universitários tem empregos precários para pagar suas mensalidades e ainda assim não ter um ensino apropriado. Uma parte dos estudantes contam com a bolsa cedida pela universidade, por algum familiar trabalhar no local em serviços terceirizados (cozinha, serviços gerais e elevadores) ou pelo estudante trabalhar na instituição.

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As universidades privadas têm apresentado um péssimo desempenho em relação ao ensino, que está cada vez mais precário mesmo com mensalidades tão altas. Os livros didáticos disponíveis não complementam em grande parte os estudos e pesquisas dos estudantes. A maioria dos universitários tem empregos precários para pagar suas mensalidades e ainda assim não ter um ensino apropriado. Esses estudantes se encontram em alta desvantagem por não ter recursos, tempo e disposição para provas, estudos e trabalhos. Uma parte dos estudantes contam com a bolsa cedida pela universidade, por algum familiar trabalhar no local em serviços terceirizados (cozinha, serviços gerais e elevadores) ou pelo estudante trabalhar na instituição.

Além de exaustivos, os setores que deveriam auxiliar o estudante não apresentam boa qualidade. Tiramos como exemplo a própria secretaria e administração da instituição, onde por mais que se chegue cedo, o aluno não consegue resolver suas pendencias ou quando consegue é em um longo período de tempo.

A falta de acesso à cultura dos jovens e a falta de espaço para expressar suas posições e opiniões é grande, não se pode debater questões presentes no dia a dia, não se pode criar eventos, rodas de conversas e debates ou coisas do gênero, e principalmente os estudantes não tem o mínimo e necessário controle sobre seus horários e aulas. A questão de bolsas e programas do governo como FIES e PROUNI já são burocráticos por si só e não se tem uma certeza de permanência no ensino por conta destes.

O PROUNI é para muitas pessoas a única forma de acesso a universidade. Pessoas essas que vieram de um sistema de educação pública totalmente precarizado, que não conseguem passar pela peneira social que são os vestibulares das universidades públicas e nem tem condições de pagar uma faculdade particular.

O PROUNI é um dos pilares da política de expansão do ensino privado durante o governo Lula e Dilma. Essa política de investimento no setor privado ao invés da abertura dos portões das universidades públicas para todos, foi responsável por inserir uma parcela da juventude no ensino superior, mas também foi responsável por entregar a educação nas mãos dos empresários. Sob domínio de grandes monopólios como Kroton-Anhanguera, as universidades fornecem um conteúdo mínimo, um ensino sucateado e mercantilizado. Além disso, os estudantes que só conseguem entrar na universidade através do FIES e do PROUNI tem deixado de contar com esses programas (saiba mais aqui e aqui) devido aos cortes de mais de 10 bilhões na educação aplicados pelo governo Dilma.

Ao mesmo tempo, muitas universidades – principalmente as mais elitizadas – dificultam esse processo através de burocracias, que na maioria das vezes chegam a ser humilhantes. Listas infinitas de documentos – documentos esses que não constam nem na lista oficial do Prouni. É feita até a avaliação do valor da casa que o candidato mora – se for própria - e se passar do limite estipulado pela instituição, perde o direito a bolsa.

Se o estudante vence as barreiras burocráticas, ele se depara com mais um obstáculo: a permanência dentro do ambiente universitário.

Considerando que a renda estipulada pelo Prouni para concorrer a uma bolsa é de até um salário mínimo e meio per capta, como um trabalhador que paga aluguel e sustenta sua família vai arcar com os gastos de se manter na universidade?
Além das questões do transporte e dos materiais, em que o universitário não possui qualquer tipo de bolsa-auxilio, a maior parte das universidades privadas não oferecem nem uma alternativa acessível de alimentação como bandeijão.

O universitário trabalha 8, 9, 10 horas por dia, enfrenta um transporte público precário, pra chegar na universidade e não ter dinheiro para comer! – e é nesse ponto em que muitos estudantes trabalhadores trancam seus cursos, pois se desdobram em dupla, tripla jornada, e ainda é insuficiente para as demandas do mundo universitário.

Os programas de inserção de pessoas de baixa renda nas universidades são falhos, e não é por acaso. É interessante para as entidades por trás de tais programas passar essa imagem de inclusão social, mas não é de interesse da classe burguesa que o pobre, o trabalhador tenha acesso a uma educação de qualidade. Não é de interesse da burguesia que o proletariado tenha conhecimento da sua força de trabalho e da sua exploração.

É por isso que não podemos nos iludir com a educação entregue ao setor privado.

Os estudantes devem lutar por educação de qualidade, arrancar o mínimo para que possa permanecer na universidade como os bandejões e bolsa-auxílio, por um currículo que forneça uma formação de qualidade. Devem se inspirar nas lutas pela educação que acontecem nacionalmente, como no Rio de Janeiro, Pará e em São Paulo. Também sabemos que enquanto as universidades privadas continuarem nas mãos dos empresários continuarão como um outro filtro social, onde apenas uma pequena parcela pode ter direito a estudar e onde a periferia só encontra seu lugar na terceirização, na limpeza, no trabalho precário. Para que as universidades tenham suas portas abertas e à serviço da população, defendemos sua estatização e sob controle dos trabalhadores e estudantes!

É fundamental que a juventude não deixe passar os cortes pela educação lutando contra os ataques do governo do PT, mas também encare que a abertura do processo de impeachment no último domingo significa um avanço dos setores mais conservadores e reacionários e que com a grande possibilidade de se instaurar um governo de Michel Temer, o cenário de ataques se torna mais profundo.

Os estudantes das universidades privadas também devem se somar as lutas em curso e, em cada universidade, em cada curso, em cada centro acadêmico defender que lutemos contra o impeachment e os ataques dos governos, para uma saída independente da juventude aliada com os trabalhadores.

 
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