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CRISE DO ESTADO - RJ
Residentes Multiprofissionais do HUPE voltam a ter atrasos no pagamento das bolsas
Desirée Carvalho
Valdemar Silva
Mestre em Serviço Social - UERJ
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O hospital universitário Pedro Ernesto amanheceu, no dia 19/04, ocupado pelos residentes multiprofissionais que são compostos pelas profissões: serviço social, psicologia, fisioterapia, nutrição, fonoaudiologia e enfermagem. A última bolsa paga foi referente ao mês de janeiro em Março. A novela do atraso nos pagamentos das bolsas não é uma novidade, os residentes vêm passando isso desde o ano passado. Que culminou em vários atos e ações em 2015. Contundo somente os residentes da medicina receberam.
A informação oficial é de que Residentes de primeiro ano só receberão em maio.
Diante desta informação os residentes multiprofissionais se organizaram e ocuparam o corredor do hospital buscando informações sobre o pagamento das bolsas. A resposta que obtiveram foi que houve um erro por conta da DAF (Diretoria de Administração Financeira) e por isso só a medicina recebeu. Após esse fato, os residentes que lá se encontravam resolveram desocupar o hospital e marcaram ato no Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro, com paralisação de 100% dos residentes, para o dia seguinte, 20/04, na parte de manhã.
O esquerda diário esteve presente e entrevistou algumas residentes multiprofissional.

ED: Juliana vocês estão em ato em frente ao Ministério Público, quais são as reinvindicações de vocês?

Juliana (Residente de Serviço Social): Na verdade estamos aqui buscando uma direção pro nosso movimento atual. Nós somos residentes multiprofissionais do Hospital Universitário Pedro Ernesto, aqui temos residentes de psicologia, enfermagem, serviço social, fonoaudiologia, nutrição, fisioterapia. E nós estamos há um ano mais ou menos nessa luta com constantes atrasos no nosso pagamento e com a precarização e sucateamento da saúde do nosso Estado que vem refletindo no hospital que a gente tá inserido atualmente. Chegamos agora num nível absurdo, nossas bolsas estavam constantemente atrasadas e agora a gente está chegando ao ponto de somente os residentes médicos terem recebido essa bolsa, continuando com um mês de atraso e nós estamos com 2 bolsas de atraso, mas eles receberam as bolsas referentes ao mês de fevereiro e restante todo não.
Com isso a gente veio aqui buscar no ministério público buscar um respaldo jurídico pra gente saber o que é possível no momento.

ED: O que foi repassado pra vocês com a durante a reunião com a assessora?

Amanda (Residente de Serviço Social): O que foi repassado pra gente é que o ministério público não teria como entrar com uma ação específica pros residentes do hospital devido a situação caótica do estado e eles já estavam se movimentando inclusive no dia de hoje estavam com uma ação, para que o dentro do orçamento do Estado 12 fosse retirado para a saúde já que só tem sido tirado 6, e ela disse que com isso melhoraria um pouco o quadro não totalmente. E que nisso nós poderíamos reivindicar junto a secretaria municipal de saúde esse repasse das bolsas. Mas enquanto instancia não poderia fazer nada especificadamente pelo coletivo dos residentes que vem lutando pelos seus pagamentos, pelos seus meios de sobrevivência.
Juliana (Residente de Psicologia): ela também nos indicou a procurar nossos sindicatos, mas nós já buscamos diversas formas de ajuda, de respaldo, mas algumas questões políticas sempre passam a frente ou econômicas, enfim, e como nós não somos, muitos de nós não somos filiados aos sindicatos fica difícil ter essa representação via sindicato. Então agora a gente vai buscar algum outro meio jurídico para que a gente possa continuar, né?! caminhando....

ED: Você pode falar um pouco sobre o movimento?

Gisele (Residente de Enfermagem): Então, esse movimento vem acontecendo desde outubro do ano passado quando ocorreu nossa primeira paralisação que foi por conta do atraso da nossa bolsa. Desde outubro do ano passado nos temos a promessa de ser regularizado. Nós exigimos uma data fixa de pagamento, nos deram essa data agora, nada documentado, somente algo verbal, e até então nada foi cumprido. Nós temos a promessa que seremos pagos juntos com os servidores no 10° dia útil só que isso não vem acontecendo. O que aconteceu neste mês de abril é que somente os residentes de medicina receberam e outras categorias não. E nos foi passado que foi um erro da UERJ, do DAF. Mas nós não engolimos isso e viemos buscar uma solução para esse problema, e até agora nada foi solucionado. O que nos passaram é que teria o dinheiro pra pagar todos os residentes, pagaram somente uma categoria, esse dinheiro foi utilizado por um outro benefício, não sei o que foi. E agora não tem dinheiro pra pagar. Claramente como uma maneira de desmobilizar o movimento.

ED: Agora o próximo passo é ir na defensoria pública? O que vocês esperam da ida à defensoria?

Juliana (Residente de Psicologia): A gente espera algum respaldo para que isso não continue se repetindo, como eu disse, a gente já está há 1 ano. Eu sou residente de segundo ano, as minhas residentes de segundo ano, que neste momento já saíram da residência já passaram por isso também. Teve momentos que a gente recebia dia 25 do mês, sabe, isso é um absurdo, e já ficamos 62 dias sem receber. Acho que é importante ressaltar também que essa bolsa que a gente recebe ela exige dedicação exclusiva, então assim as pessoas não tem como buscar uma outra fonte de renda nesse momento caótico. Nós entendemos que a especialização é um momento de estudo, de imersão mesmo, de se aprofundar nas áreas. Mas nesse momento crítico nós não podemos buscar um outro tipo de ajuda financeira. Tem pessoas que vem de outros estados e não tem como se sustentar infelizmente, e tá ocorrendo isso, muitas pessoas já estão saindo, pedindo desligamento do programa porque não tem como se sustentar.
Então o que a gente quer é isso, um apoio mesmo, uma direção, para que a gente possa tomar uma atitude, porque isso é um abuso, é um descaso absoluto com os profissionais da saúde. Que no momento nós somos, além de estudantes, nós atuamos na área então nós somos todos profissionais todos aqui.

Amanda (Residente de Serviço Social): Inclusive além dos R2 (Residentes de 2° ano), os R1(Residente de 1° ano) que entraram no 1° de março a perspectiva de pagamento é no meio de maio, sem uma data fechada, ou seja são 2 meses e meio sem receber. E isso tá sendo naturalizado como algo aceito pela crise do estado. E é impossível o residente trabalhar quase 3 meses sem receber, como ele sobrevive, ainda mais numa categoria que são dedicação exclusiva, não há outro vinculo, outra fonte de renda. Então a situação é caótica para todos os residentes do hospital, inclusive outros residentes de outros hospitais do Estado, cada mês é um coisa nova, e a situação só vem agravando, e não temos resposta, não temos respaldo legal, documentos que digam os dias, não temos clareza nesses fluxos burocráticos, por onde passa o dinheiro até chegar nas nossas contas. Nunca temos uma resposta fechada, temos várias respostas, mas em algum momento elas batem com outras, então não sabemos quem tá falando a verdade. É por isso que estamos aqui.

ED: Eu acompanhei uma parte da conversa de vocês com a acessória da promotoria do CAO SAÚDE, e pelo o que ela disse o estado só vai piorar, o Estado tá falido, e pelo o que ela tem ouvido aqui entre conversas com promotores e no meio jurídico em si, é que a situação do Estado só vai piorar então a gente tem que estar preparado pra lutar.

Amanda (Residente de Serviço Social): Com certeza, isso a gente sabe que piora sim, mas dentro desses quadros de retrocesso, a gente sabe que algumas categorias estão mais atingidas. Por mais que não tenha muito dinheiro, ele vai direcionado pra categorias especificas e isso é muito complicado, nós não defendemos que outras categorias parem de receber, mas que nós também recebamos. Não defendemos que haja uma escolha, mas que todos recebem porque é um direito.

O HUPE faz parte da UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) que se encontra em greve de professores, técnicos e estudantes desde Março, pela precarização da universidade e dos serviços de saúde que estão atrelados à ela que é o caso do HUPE e da PPC (Policlínica Piquet Carneiro), que além de serem instituições de referência na formação de centenas de profissionais da saúde atendem á população do Estado do Rio de Janeiro. A situação está tão grave que o HUPE corre risco de fechar as portas, pelo não repasse de verba pelo Governo do Estado, suficiente para o funcionamento do HU. Esta é uma clara amostra da importância dada pelo governo de Pezão (PMDB) aos serviços básicos prestados á população como a saúde e educação, que vem sofrendo com os cortes do Estado.
Diante de todo esse sucateamento, o Estado do Rio de Janeiro, tem protagonizado diversas lutas com a greve na UERJ e dos Profissionais da Educação, diversos atos puxados pelo funcionalismo público, e a ocupação das escolas pelos estudantes em apoio á greve dos professores, mas também por melhores condições estruturais e de ensino das escolas. É preciso unificar essas greves em curso, criando um grande movimento de trabalhadores e da juventude para barrar os cortes e privatização da saúde e da educação.

 
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