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ASSEMBLEIA GERAL NA UNICAMP
Estudantes estão contra o impeachment e os ataques dos governos à educação
Guilherme Zanni
Professor da rede municipal de Campinas.
Rebeca Moraes
Coordenadora do CACH - Unicamp

Em assembleia lotada, com mais de 400 estudantes que debateram o racismo na Universidade e a situação política nacional, o repúdio ao reacionarismo expresso na câmara dos deputados neste domingo com o avanço do golpe institucional e às pichações racistas na universidade ficaram marcados por uma posição contundente dos estudantes contra o impeachment, os ataques dos governos à educação, por cotas raciais e permanência de qualidade já.

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A assembleia geral dos estudantes da Unicamp, que infelizmente foi apenas a segunda no ano, e a primeira a tratar da crise política do país (depois da votação do impeachment na câmara), graças a pouca vontade política do Diretório Central dos Estudantes, atualmente dirigido pelo Domínio Público e Juntos (ambos coletivos do PSOL), expressou que ao contrário do que as velhas direções do movimento estudantil acham, a situação política nacional importa muito aos estudantes e se liga diretamente as questões específicas, como o racismo escandaloso expresso através de pichações no Instituto de Filosofia e Ciências Humanas.

O combate ao racismo cotidiano e institucional

O primeiro ponto da assembleia tratou do racismo na Universidade, que ganhou projeção por conta das pichações racistas feitas no IFCH, mas que existe e persiste nas relações sociais dentro e fora da Universidade, na institucionalização desse racismo quando a reitoria se nega a implementar cotas, investir em permanência estudantil ou mantém a terceirização do trabalho de centenas de mulheres negras que ocupam postos de limpeza e alimentação com salários e direitos humilhantes. O racismo que se expressa nas paredes pelo campus tem voz na câmara dos deputados na boca de reacionários como Bolsonaro e Feliciano e o combate a cada expressão racista, machista e LGBTfóbica cotidiana é parte de um mesmo combate à essa direita que não está contente com os anos de trabalho precário e ampliação da terceirização feitos pelo PT, que num momento de crise como esses querem arrancar de nós cada gota de suor e sangue para garantir seus ajustes e lucros. O combate a esse conteúdo e ações retrógradas, que significam uma violência e que legitimam o genocídio e todas as mazelas sociais impostas a juventude e população negra, está sendo construído e deve se ampliar na universidade, tomando como exemplo a organização dos estudantes negros da universidade que se articulam pelo Núcleo de Consciência Negra da Unicamp e já fizeram diversas ações e também estudantes do IFCH que organizaram um Dia de Combate ao Racismo e levar a cabo algumas resoluções tiradas em assembleia como a realização de pichações coletivas contra o racismo no muro do bandejão em frente ao DCE (Local onde foi apagado a pichação "Cadê o Amarildo?), elaboração de um formulário anônimo online para denuncias e relatos de racismo na Unicamp, com objetivo de organização de um dossiê que possa ser exposto visualmente no campus e a construção de um forte dia de Combate ao Racismo na Unicamp no dia 11 de maio, junto a deliberação do IFCH.

Luta para barrar o golpe institucional e os ataques dos governos

O segundo ponto de discussão sobre a situação nacional foi marcado pelo repúdio ao golpe institucional que concretizou seu passo mais importante ao passar pela câmara dos deputados um impeachment golpista e defendido pelos deputados de forma asquerosa em nome de suas famílias, da maçonaria, deus, a pátria, a polícia assassina e até torturadores da ditadura militar brasileira, como fez Jair Bolsonaro ao dedicar seu voto ao “Coronel Ustra, o terror de Dilma”. A maioria das intervenções na assembleia demonstrou que muitos estudantes não têm nenhuma confiança no PT, que mostrou como se aliar aos reacionários só pode levar a fortalecer a velha direita e os que querem atacar ainda mais os trabalhadores, jovens, mulheres, negros e LGBTs. Esse debate esteve evidente nas denuncias em relação às alianças firmadas com os conservadores, aos cortes que veio implementando contra a educação, saúde, aos ataques aos direitos dos trabalhadores como o PL4330 da terceirização ou o Acordo Coletivo Especial e até mesmo a lei antiterrorismo aprovada recentemente.

Não faltam motivos para combater esse golpe institucional e os ataques dos governos, sem depositar nenhuma confiança no PT e PCdoB, que demonstraram sua traição durante todos esses anos ao usar as centrais sindicais e estudantis como CUT, CTB e UNE para frear a luta dos trabalhadores e jovens contra os ataques de “seu governo”. Diferente do PT e seus aliados que buscou se preservar através de acordos com políticos como Maluf, deliberou-se ações reais para combater o golpe. Por isso o dia de paralisação e trancasso que foi aprovado na assembleia sob a bandeira “Contra o impeachment e os ataques dos governos à educação. Por cotas e permanência já!” é um primeiro passo na construção de um plano de lutas efetivo e independente contra o golpe e os ataques dos governos, e a partir dele queremos forçar essas organizações a sair do discurso e impulsionar esse plano, com ações na nossa universidade e em escala nacional, pois não ficaremos calados diante dos golpistas e levaremos nosso bloco pra rua com atos, paralisações, lambes, festivais, bloqueios de rodovias etc, fortalecendo nosso combate aos golpistas a partir dos nossos métodos de luta. Também estaremos ao lado dos secundaristas de Campinas que estão em luta denunciando a máfia das merendas do Alckmin e reivindicando condições decentes para estudar (salário dos professores e estrutura da escola). Eles farão seu terceiro ato na cidade e em seu apoio e repúdio à brutal repressão praticada pela polícia no último ato, estaremos em bloco dos estudantes da Unicamp.

As posições que se colam à direita como as do PSTU e Vamos a Luta! com seu “Fora todos!”, ou mesmo a proposta de “Eleições Gerais” levadas pelo PSTU, Juntos e Domínio Público foram claramente rejeitadas pela compreensão de seu conteúdo golpista, já que o único “Fora!” que existe na realidade é o “Fora Dilma!” que está na boca dos reacionários da câmara, coxinhas nas ruas, mídia golpista, partido judiciário, dos privilegiados e da FIESP, e que “Novas Eleições Gerais” serviria apenas para desviar a crise pela via institucional e legitimar um futuro governo ajustador, seja da velha direita ou mesmo um retorno do PT. Ao negarem se colocar contra o golpe institucional mostram a verdadeira cara de sua posição. A posição defendida pelos governistas do PT e PCdoB também foi derrotada, porque era notável sua defesa do governo com a bandeira de “Mudança na política econômica” como se o PT e Dilma não fossem sujeitos dos ataques que vieram aplicando e como se o combate ao golpismo institucional não pudesse construir uma via independente a partir dos estudantes junto aos trabalhadores e à população.

Ao final da assembleia três consignas foram propostas e votadas como eixos da paralização dessa quarta: “Contra o impeachment e os ataques dos governos à educação. Por cotas e permanência já!” com 70% da votação, “Contra o golpe e por uma nova política econômica” com cerca de 20% e “Contra a velha direita e os governos do PT, PSDB e PMDB” com menos de 10%, além das poucas abstenções.

Nosso trancasso, com paralização, será um primeiro passo contundente, que unificado com os estudantes do Instituto de Artes que foram ponta de lança na mobilização, e com todos os institutos da Unicamp que farão suas assembleias no começo da semana, é paramostrar que o golpe institucional e ataques à educação e as liberdades democráticas só serão derrotados se for pelos métodos de luta combativos e independentes dos trabalhadores e da juventude.

 
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