Ao grito de “greve geral, retirada total”, milhares de manifestantes se mobilizaram em Paris e outras 200 cidades do país contra a reforma trabalhista do governo de Hollande.
Os manifestantes marcharam da capital desde a Praça da República até a Praça da Nação pedindo a retirada total e definitiva da Lei de Trabalho. Apesar de ser uma mobilização que pareceu menor do que as anteriores, especialmente em comparação com a da jornada de greves do 31 de Março, o ânimo e a determinação dos manifestantes se encontram todavia intactos. A combatividade dos manifestantes se mantém frente à forte presença policial, que ameaçou com gás lacrimogêneo, armas de guerras, carros-pipa e helicópteros.
Nem sequer a provocação da polícia, que reprimiu até o final da mobilização na Praça da Nação, desanimou os manifestantes.
Os estudantes se reuniram de manhã na Praça da Nação para denunciar a brutal repressão e os presos da última semana, que passam de cem. Após, participaram das marchas junto aos trabalhadores e às centrais sindicais. Ali se encontravam os dirigentes Felipe Martínez (CGT), Jean-Claude Mailly (FO) e William Martinet (UNEF), Bernadette Groison (FSU), Eric Beynel (Solidaridad)
Os sindicatos marcharam à frente da manifestação, seguidos pelas inumeráveis e coloridas colunas de estudantes universitários e secundaristas. Os estudantes cantavam consignas contra a lei de trabalho e contra a repressão policial: “Nem carne para os patrões, nem carne para a repressão, os estudante contra-atacam”.
Os secundaristas, por sua vez, cantavam a favor da unidade das lutas: “Universitários, secundaristas, desempregados e ocupados [com ocupação]. Todos juntos temos de lutar, porque todos juntos vamos ganhar”. Dessa maneira, mostravam sua oposição à tentativa do governo de dividir os jovens dos trabalhadores, mediante negociações com o sindicato, para evitar a unidade de todos os setores nas ruas. Também cantaram contra a reforma trabalhista impulsionada pelo governo do Partido Socialista de Hollande: “quem não pula é do PS”.
Na coluna da CGT pode ser visto um contingente substancial e combativo com importante presença de delegados sindicais. Também estavam presentes os professores de escolas, os trabalhadores de hospitais e os trabalhadores do trem.
Na praça da Bastilha, a consigna mais destacada foi "greve geral, retirada total". Fez-se notar em meio à manifestação a combatividade da coluna da Assembleia Geral Interprofissional (estudantes e trabalhadores) de Saint-Denis, reforçando assim a similitude que muitos estabelecem com as marchas de 2010 (durante a luta contra a reforma das pensões com a unidade entre universitários, secundaristas e trabalhadores).
Para o final das mobilizações, o movimento "a noite de pé" (Nuit Debout em Francês) havia realizado um chamado para que as manifestações culminem na Praça da República, onde se reúnem há mais de uma semana.
A nova jornada de luta demonstrou que o estado de ânimo entre os secundaristas, universitários e trabalhadores segue intacto. Sua combatividade se demonstra na gana de seguir lutando até a retirada definitiva da lei. Contudo, o chamado a uma greve geral por parte da Intersindical para o próximo 28 de Abril parece demasiado distante para esse objetivo. Serão necessárias mais ações para fazer retroceder o governo e sua reforma trabalhista. Apenas é necessária uma faísca, algum setor chave da produção que entre em greve indefinida, para que se desencadeie a dinâmica mais temida pelo governo, a de uma greve geral que reúna todos os setores em luta.
Tradução: Vitória Camargo
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